quarta-feira, 17 de julho de 2019


Acompanhe os argumentos seguintes. É necessário esclarecer várias coisas diferentes para explicar a questão aparentemente simples.

1. O sacramento do matrimônio cristão significa, no casal, a união para toda vida, indissolúvel, por decisão de ambos e de Deus ("O que Deus uniu, o homem não separe"), realizando a união misteriosa entre Deus e seu povo, entre Cristo e a Igreja (Ef 5,32). Por isso, não existe divórcio para o cristão. Assim como a palavra de Deus é irrevogável, assim deve ser a nossa em matéria tão importante e santa como o casamento.
A separação às vezes é justa (como no caso de violência), mas o vínculo permanece até a morte: foi o que os dois prometeram e consentiram na celebração do casamento. É questão de coerência, de honra à palavra dada e de respeito ao menos a Deus que o casamento assumido não seja desfeito.

2. Ora, um novo casamento, existindo ainda o primeiro (e único) vínculo, é objetivamente um pecado, tecnicamente, de adultério. "Eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério." (Mt 19,9)

3. A comunhão com o Corpo e Sangue do Senhor na Eucaristia exige de todos o estado de graça, isto é, ausência de pecado mortal (pecado mortal é o pecado cometido com consciência e liberdade em matéria grave) que rompe com a graça divina. Ou seja, ninguém deve comungar com algum pecado não devidamente confessado (os pecados veniais podem ser perdoados com o sincero arrependimento no ato penitencial da Missa e nas boas obras).
4. Uma pessoa que tenha se separado e unido a outra em um "segundo" casamento está em pecado, como dito no item 2 acima, mas não pode confessar esse pecado enquanto não se emendar, ou seja, enquanto não desfizer essa união ilegítima. Estaria tentando profanar o sacramento da confissão ao querer o perdão de algo pelo qual não se arrepende e não quer (ou não pode) mudar de vida. Não pode comungar enquanto está em pecado e não pode se confessar porque não quer consertar o erro.
4.1 Pode acontecer que alguém diga que "não sabia" que não podia casar novamente após um divórcio. Não vamos julgar a ignorância das pessoas, mas não deixa de ser pecado por isso. Se se arrependeu depois, pode desfazer o segundo vínculo e voltar à comunhão com a Igreja através do sincero arrependimento e mudança de vida.
4.2 Acontece também que muitos "descobrem" seu erro quando descobrem que não podem mais participar dos sacramentos e isso passa a incomodar, mas não podem mais se separar por causa do filhos do novo casamento. Neste caso, se for sincero o arrependimento e desejo de mudança de vida, basta que passem a viver "como irmãos", isto é, sem contato sexual próprio do matrimônio. Isto será o compromisso deles com o confessor, que recomendará também o modo de participarem da Igreja, para não gerar nenhum escândalo.

5. Fica claro, portanto, que o fato de que os recasados não possam comungar não é um castigo imposto pela Igreja, mas uma proteção contra um novo e mais grave pecado. Ninguém que está em pecado mortal deve comungar, mas alguns pecados são visíveis a todos (pecados públicos). Nada além da consciência impede que os recasados entrem numa fila de comunhão onde não são conhecidos, mas “todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor (...) [pois] aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação.” (1Co 11,27-29)

Eis as razões por que não estão em comunhão sacramental com a Igreja os recasados, mas podem e devem levar uma vida o mais possível santa, alimentando-se da Palavra e da comunhão espiritual com Deus na vida pessoal e comunitária.


O Sacramento do Matrimônio: sinal da união entre Cristo e a Igreja

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3 comentários :

  1. Condenados por homicídio, estupro, latrocinadores recebem eucaristia nas penitenciárias. O descansado não. Estranho isto, porém sei que vocês têm uma explicação. Os donos da verdade sempre tem

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    1. A explicação está no texto. A Igreja, Jesus Cristo, não condena ninguém, mas pede mudança de vida.
      Quem pode verificar o arrependimento de cada pessoa é só o confessor, mas mesmo os crimes (pecados) mais hediondos têm perdão, desde que o sujeito esteja arrependido e não queira voltar a cometer o mesmo erro.
      Jesus diz "Eu não te condeno; vá em não peques mais".

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    2. Paulo,leia com bastante atenção o texto, que sua dúvida lá está respondida.

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