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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

 Recebi de um amigo o livro em questão, talvez na tentativa de diminuir meu "preconceito" para com a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, ou para justificar a paixão de tantos por essa instituição, ao passo que com mesma paixão atacam outras. 


O livro, de 270 páginas, lançado pela Editora Gratia em julho de 2024, é apresentado assim, na sinopse da capa:

Em FSSPX: A Defesa, Kennedy Hall oferece uma das mais brilhantes e
abrangentes defesas acerca da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X
(FSSPX), que fora publicada até o momento. Sem deixar pedra sobre pedra,
Hall aborda todas e quaisquer objeções levantadas contra a FSSPX,
incluindo ataques recentes de vários críticos da Fraternidade. Leitores
com pouco conhecimento da FSSPX ou leitores com amplo conhecimento, sem
dúvida, acharão este livro tão útil como uma espécie de “loja de
conveniência”, para os assuntos ligados à FSSPX.
[...]
Esta Apologia analisa as considerações teológicas, canônicas e
históricas para a fundação da FSSPX. No final, todas as considerações se
resumem a Salus Animarum Suprema Lex. [...].

O livro realmente descontrói vários desentendidos do público menos especializado, mas é bastante pretencioso dizer que "sem deixar pedra sobre pedra, Hall aborda todas e quaisquer objeções levantadas contra a FSSPX". Na verdade, deixa muitas pedras no caminho, bastante empilhadas. É uma defesa apaixonada, sem dúvida, que afaga os simpatizantes, mas não convence os críticos, porque não aborda os principais problemas (que é a negação, por parte deles, da Missa Nova e do Concílio Vaticano II); ao invés, repete exaustivamente a ideia de "estado de necessidade" e do suposto direito de agirem assim, porque Lefebvre quis assim e tinha direito de agir assim.

O fato crucial que desmonta a tese do "estado de necessidade" não é sequer mencionado pelo autor, mas o prefaciador, Padre Charles Murr, o mencionou, quando conta os fatos que precederam as consagrações episcopais sem mandato, que resultaram em excomunhão automática dos envolvidos: 

"[...] o novo pontífice, o Papa João Paulo II, queria uma convergência de ideias com o Arcebispo Lefebvre. Ele queria uma reconciliação. [...] 

[O Cardeal Gagnon] chegou a Écône em onze de novembro de 1987, e permaneceu lá até nove de dezembro. Embora ele não tenha conseguido convencer Lefebvre a aceitar a proposta da Santa Sé -- ou seja, principalmente, que Lefebvre consagrasse apenas um novo bispo para garantir a sobrevivência da FSSPX, e não quatro) -- ele (Gagnon) não considerou a missão um fracasso completo. [...]

Francamente, achei a opinião do Cardeal sobre o Arcebispo Marcel Lefebvre, surpreendente. 'Ele [Lefebvre] não confia no Vaticano. E quem ode culpá-lo por isso? Você pode? Durante anos, ele tentou lidar com o [Secretário de Estado] Villot e o [Prefeito de Universidades e Seminários Católicos] Garrone. E durante anos, tudo o que fizeram foi bloquear seus esforços para falar e argumentar diretamente com o Santo Padre. Você também desconfiaria do Vaticano. Embora eu não possa tolerar o que ele fez (consagrando quatro bispos em vez de um), posso entender por que ele fez isso [...]'".

O livro não trata do assunto, como já disse, e talvez o leitor que desconheça os fatos não tenha percebido o que ocorreu. Resumo assim:

  • A FSSPX existia, funcionava e crescia normalmente, mas precisava de um bispo para dar continuidade;
  • O Vaticano sabia disso, mas o mandato para ordenar um bispo era sempre adiado, e o acesso de Lefebvre ao Papa Paulo VI era dificultado por alguns prelados de Roma, segundo o relato;
  • Com João Paulo II a situou mudou: o próprio Cardeal Ratzinger, segundo o relato, foi responsável pela intercessão ao Papa, que encarregou o Cardeal Gagnon de uma visita;
  • A visita foi positiva, e o Cardeal levou a Roma ótimas impressões da Fraternidade, mas Lefebvre não aceitou a proposta de ordenar um bispo, pois queria quatro! (o relato menciona isso duas vezes, uma vez pelo Padre Murr e outra na citação do Cardeal).

Veja, se Roma concedeu a ordenação de um bispo, não havia "estado de necessidade", mas apenas uma grande desconfiança. Se tivesse aceitado ordenar um bispo, manteria a ordenação dos padres, a Fraternidade estaria canonicamente reconhecida e a história seria outra. 

Só Deus sabe qual seria o futuro. Lefebvre quis julgar o rumo da Igreja de acordo com sua percepção subjetiva. Aliás, quase toda a argumentação de "defesa" de Lefebvre e da FSSPX é subjetiva. 

Continuemos com o livro.

Na Apresentação, o autor já começa a expor um pouco dessas avaliações subjetivas. Diz ele, quando apresenta a questão da liturgia: "podemos usar nosso senso Católico e avaliar o que é condizente com a Majestade Divina e o que não é." (p. 22). Aqui ele tem em mente o julgamento que fazem da reforma litúrgica do Vaticano II. Segundo esse pensamento, eu posso julgar, com meu senso católico, que uma reforma litúrgica é ruim e não aceitá-la. Ora, nada mais contrário ao senso católico insurgir-se contra a legítima autoridade da Igreja de determinar os ritos. Só o Magistério da Igreja pode avaliar de forma autorizada o que é ou não é condizente com a Majestade Divina, não o "nosso" senso católico, que é bastante subjetivo se não é unânime.

Aqui poderíamos abrir um parêntesis para refutar uma tréplica que o autor (e quem concorda com ele) poderia fazer: o mundo católico estranhou, de fato, a reforma litúrgica, tal como aconteceu. Como aconteceu? Em muitos lugares, talvez na maioria, foi de improviso, com abusos e desobediência. Tal era a situação do clero, formado antes do Vaticano II, obviamente. Isso marcou profundamente o "senso católico", de modo que até hoje poucas pessoas têm acesso a uma missa conforme o missal. Não se pode, por isso, acusar a Igreja pelos frutos podres, pelo joio em meio ao trigo. O senso católica manda presumir que a reforma é boa, lícita, católica. Basta implementá-la corretamente. E se, futuramente, houver outra reforma, igualmente.

Continuando na Apresentação, o autor reconhece que os fiéis não têm o direito de escolher um rito simplesmente pelo gosto pessoal, mas têm o direto à Tradição. Isso ele o faz tendo em vista dizer, adiante, que se a reforma litúrgica foge à Tradição, os fiéis têm o dever de desobedecer a autoridade humana que promulgou o rito. Ora, mas quem diz o que é ou não é pertencente à Tradição? Quem julga a autoridade máxima da Igreja capaz de alterar os ritos? Certamente não é o "senso católico" de alguns padres e seus simpatizantes.

O autor acredita que práticas e hábitos são parte da Tradição, como transmissão do depósito de fé, da Revelação. Assim, práticas que não persistiram no tempo não fazem parte da Tradição, como por exemplo, cita a Comunhão na mão (p. 25). Ora, práticas, hábitos, disciplinas, mesmo o aspecto cerimonial da liturgia, não são parte do depósito de fé, logo podem desaparecer, ressurgir, se adaptar etc., se a autoridade disciplinar da Igreja o quiser.

O capítulo 1, intitulado "A Fumaça de Satanás", começa com uma citação descontextualizada de Paulo VI, onde ele dizia a frase-título:

"A Igreja não é mais confiável. Confiamos no primeiro profeta profano que vem nos falar em algum jornal..."

O autor coloca a situação como se fosse uma confissão de culpa. Isso é comum, infelizmente, e muitos interpretam - erroneamente, às vezes desonestamente - que o Papa se referia ao próprio Concílio Vaticano II ou à Missa Nova, mas na própria continuação da homilia ele faz a importante distinção entre o Concílio em si e a sua equivocada interpretação e aplicação. Pelo contrário, o papa atribui a ação de Satanás como uma tentativa de sufocar os frutos do Concílio.

No papel de representante dos defensores da FSSPX, o autor acredita piamente que Lefebvre "salvou" a Igreja (p. 33) por meio de um ato concreto heroico, para o qual "ninguém pode fornecer uma explicação teológica completamente satisfatória".

Em uma analogia da Igreja com um navio cujo "capitão fosse negligente em seu dever", diz que confia que o navio não vai afundar, mas que um tripulante heroico precisa salvar os passageiros. Essa é a "crise" - um navio que não pode afundar - que justifica um ato "heroico" de falta de fé, presunção, soberba e insubordinação de um tripulante: confortar a aflição de alguns passageiros com as ondas.

A linguagem dúbia do autor, em afirmar não afirmando que a Igreja fora da FSSPX professa e vive heresias, é evidente em vários pontos:

"Este autor afirma que há uma grave crise na Igreja e que ela é universal, o que significa que toca todas as particularidades da Igreja. Isso não significa que todo católico seja um herege, ou que todo sacerdote seja um modernista. Significa, no entanto, que a heresia e outros males são, infelizmente, normas".

Mas não aponta nada de concreto, em todo o livro.

No capítulo 2, "Quem é Marcel Lefebvre e o que é a FSSPX", ele afirma que Lefebvre "concordou com os documentos do Concílio". Fato é que apresentou reservas, como era normal nas discussões do Concílio, mas que os documentos finais foram aceitos e assinados em sua redação final. 

Imediatamente, o autor não vê a incoerência em afirmar que o problema é o Concílio, quando, na verdade, o problema veio não dos textos do Concílio, mas do pós-Concílio, da confusão generalizada feita por muitos padres que se aproveitaram dos rumores de mudanças para já aplicá-las, à revelia dos textos e ordens autênticas.

Curioso é que em nenhum lugar do livro se diz a data de fundação da FSSPX: 01/11/1970, 5 anos depois de encerrado o Concílio Vaticano II. Ou seja, o problema que levantam hoje (o Concílio) não era problema. A fundação é posterior à promulgação do novo Missal.

Nesse capítulo que pretendia ser histórico, omitiu totalmente e propositalmente o mandato de ordenar um bispo, que já mencionamos, pois demonstra conhecer essa objeção, e começa a justificar o ato de insubordinação como resistência à heresia, ao comparar a crise do Vaticano II com a crise ariana.

O capítulo 3 pretende responder à acusação de que a FSSPX estaria em cisma. Aqui não precisaríamos nos demorar, visto que eles afirmam, oficialmente, reconhecer o Sumo Pontífice atual e demais bispos. Então, juridicamente, não estão em cisma. 

Mas, na prática, há uma dubiedade. Afirmam que Lefebvre nunca estabeleceu uma Igreja ou hierarquia separada. Porém, no mesmo sermão das Consagrações episcopais que resultaram em excomunhão, Lefebvre cria estar aderindo a uma "Roma eterna" em que o papa e o episcopado de então estavam afastados. 

Na prática, criou uma igreja e uma hierarquia paralela. 

Na prática, ainda hoje, seus sacerdotes não se subordinam a ninguém que não seja da própria FSSPX.

Na prática, "um grupo cismático estabelece ou adere às suas próprias autoridades, negando a jurisdição eclesial e até mesmo o direito canônico da Igreja Católica" (p. 55), ainda que rezem, da boca pra fora, pelo Papa e pelo bispo local na liturgia.

Por várias vezes, o autor vai acusar o Papa João Paulo II de erro ou ignorância, porque na Carta Apostólica Ecclesia Dei classifica o ato de Lefebvre como cismático. Distorce desonestamente vários trechos da Carta, como quando tenta estabelecer uma excomunhão a todos os fiéis "ligados ao movimento de Lefebvre". Em vez disso, o que o papa faz é um apelo a não apoiar a FSSPX. 

Para apelar ao subjetivo e à desobediência, o autor exagera o teor do Motu proprio papal, dizendo que seria uma declaração supostamente vinculativa, mas que por conter erros é "legalmente insuficiente". Como se eles ligassem muito para as leis da Igreja...

No breve capítulo 4, o autor vai responder se, embora não em cisma, eles poderiam ser "cismáticos". Ele toma as duas palavras como sinônimas, então a resposta é óbvia: não estão em cisma e não são cismáticos. Mas poderíamos parafrasear uma de suas acusações sobre a Missa nova ("herética e heretizante"): podem não ser cismáticos, mas são "cismatizantes". Veremos.

O capítulo 5 continua a discussão sobre cisma/cismático. Uma frase me chama a atenção por sua dissimulada ignorância:

"Eles rejeitam a autoridade do Papa ou negam a autoridade do bispo em sua diocese? Ainda não encontrei um único sacerdote da FSSPX que tenha essa visão. Certamente não é a posição oficial da instituição." (p. 69)

É impressionante como conhecem a verdade mas a dissimulam para benefício próprio: 

"Se alguém declarar publicamente que um grupo é culpado de cisma, só deve fazê-lo depois que a autoridade apropriada da Igreja já tiver dada essa declaração". (p. 70)

Ora, foi o que o Papa fez, ao alertar sobre o "ato cismático", mas eles solenemente ignoram e sofisticamente manipulam.

O capítulo 6 tem por título: "A FSSPX está em comunhão com Roma". Parece irônico, mas na verdade aplicam o termo "estar em comunhão" simplesmente com o fato de não estarem excomungados, como se comunhão fosse um termo binário, que só comporta sim e não. 

O autor mesmo dá um exemplo de como se pode não estar em plena comunhão: "Usando essa lógica, diríamos que os grupos ortodoxos não estão em 'plena comunhão' ou que os protestantes estão em 'comunhão parcial' com os católicos". Só que não aceita essa lógica, tão simples para o senso católico e à eclesiologia. Com comparações exageradas e citações descontextualizadas, o autor preenche o livro com argumentos de cunho aparentemente jurídico, coisa que deplora quando vem dos "acusadores da FSSPX".

Ele usa da tolerância da Igreja para com a FSSPX como se fosse argumento da "plena comunhão". Além disso, comete várias imprecisões, que sinceramente já não sabemos se é proposital ou por ignorância. Por vezes até pensei que poderia haver problemas de tradução do livro (o original é em inglês), tamanha a confusão de alguns textos. Fica a dúvida, pois não tenho acesso ao original.

Por exemplo, ele afirma que "as excomunhões foram oficialmente reconhecidas como levantadas em 2009", podendo dar a entender que elas foram nulas desde o começo. Mas o que o papa fez em 2009 foi levantar, naquele ato, em 2009, as excomunhões. Lembremo-nos que excomunhão é uma pena. Levantar a excomunhão significa suspender as penas, não declará-las nulas.

Confusão (ou distorção proposital) fazem até com os textos dos santos. Citam São Roberto Belarmino assim: "só existe uma Igreja, não duas [... na mesma] profissão da verdadeira fé, a comunhão sacramental e a submissão ao legítimo pastor, o Romano Pontífice". Ao comentar esse mesmo claríssimo trecho, porém, dizem: "Há uma unidade interior e uma unidade exterior... Não é o corpo que une a alma, mas a alma que une o corpo; assim, desses dois níveis, a unidade interior da Igreja é, sem dúvida, o mais importante e a causa do outro". Tentam assim justificar sua absurda tese de que há duas Igreja, uma "Roma eterna" (eles) e uma outra Roma (o Papa com seus bispos), ao mesmo tempo que, se levarmos a analogia do corpo e alma ao seu extremo, estão afirmando que vivem com a alma fora do corpo. Ora, alma separada do corpo indica morte.

O capítulo 7 fala do "Status canônico irregular". O autor sabe e até o menciona, mas faz de conta que não, que "a FSSPX não tem uma situação 'normal'.". É só isso que se refere a situação "irregular": anormal, fora das regras. Ponto. Não precisava gastar páginas atacando o uso da expressão. Reconhecem que "a reconciliação precisa acontecer", mas "cabe a Roma reconciliar-se com a Tradição"(!!!) "Talvez possamos deixar de lados nossos [sic] Códigos de Direito Canônico e pensar com nosso [sic] senso católico sobre como nada disso faz sentido." (!!!) O autor espera que Roma defina o que significa o termo "irregular"!

Os últimos papas sofreram com essa birra. Todas as vezes que estenderam a mão, em gesto de misericórdia, estima e liberalidade, para conceder algum reconhecimento à FSSPX e a seus atos, tiveram seus gestos catalogados no rol do "reconhecimento", como cita exaustivamente esse capítulo. Quando, porém, aponta-se as irregularidades, acusam Roma de incompreensão, erro ou injustiça.

Nesse capítulo, o autor faz uma interpretação do cânone 76 totalmente confusa e non sequitur: "Isso sugere que os sacerdotes da FSSPX sejam pessoas jurídicas". Várias vezes confunde indivíduo com instituição. Ainda bem que ele admite logo em seguida (nunca sei se por ignorância ou malícia): "A situação é, como dissemos, totalmente confusa". (p. 95)

É curioso também como exigem clareza, uso de termos adequados, apesar da "situação anormal", mas todas as vezes que a Igreja o faz, e se o fizer futuramente com ainda mais clareza e rigor, infelizmente temos a impressão de que ignorarão solenemente.

O capítulo 8 continua o tema, agora falando do problema da incardinação e existência jurídica da FSSPX. Como já adiantamos, citam todos os privilégios e permissões que receberam, até declarações orais (como a permissão de ordenar sacerdotes), e tratam isso como se fosse o privilégio canônico (c. 76). Citam novamente a permissão do Papa Francisco para ouvirem confissões e assistirem matrimônios (neste caso se houver acordo local), mas agora acusam o mesmo Papa de estar "intencionalmente confundindo os fiéis, assim como um fariseu tentando pegar Cristo em um enigma jurídico", é claro, jogando essa acusação na boca dos críticos. (p. 98). 

Na falta de bons argumentos e documentos sobre o tema, o restante do capítulo é um tanto confuso, polemista e subjetivista. Usa de um legalismo extremo para não aceitar as decisões desfavoráveis à FSSPX. Às vezes o autor e seus citados cometem alguns atos falhos: "Um dia, a Providência permitirá sua reabilitação oficial" (palavras de Lefebvre que significam que a FSSPX não estava habilitada, regularizada, como permanece até a presente data). 

Para tentar mostrar como a Igreja é injusta com a FSSPX, o autor lembra que em 1975 a Santa Sé ordenou a supressão da Fraternidade, por conta das declarações de Lefebvre. Então pergunta: "O que aconteceria com os seminaristas que deveriam ser ordenados?". A resposta é simples: procurariam outro bispo, outro seminário, outra ordem religiosa. Mas não: para eles, o que deveria acontecer é a desobediência pura e simples, e afirma que "não havia um seminário tradicional funcionando virtualmente [sic] em nenhum lugar do mundo". De fato, a ordem superior foi solenemente ignorada. Diz ainda que essa decisão é apoiada pelo senso comum (p. 114). Fica cada vez mais difícil entender que senso comum é esse.

Ainda não é o capítulo adequado, mas agora o autor menciona o motivo da revolta de Lefebvre: a Missa nova. 

"Pouco antes das suspensões iniciais serem anunciadas, Dom Marcel Lefebvre foi visitado por um embaixador de Roma, que lhe teria dito que se ele rezasse apenas uma Missa Nova, tudo ficaria bem. É claro que o Arcebispo Lefebvre recusou, e ele se baseou no princípio de que a Missa Tradicional nunca foi revogada e que não era obrigatório celebrar a Missa Nova." (p. 116)

Ele estava certo de que a Missa tradicional nunca foi revogada, mas não quanto a não ser obrigatória a Missa Nova. Bastaria recorrer a todos os decretos de aprovação do novo Missal, que se tornou a forma ordinária do rito romano, gostemos ou não. Isso é bem básico, mas o autor insiste no ponto contrário, de que a Missa nunca foi revogada, como se esse fosse o ponto de discussão. Ora, existem outros institutos e até uma administração apostólica que celebram com o Missal anterior, porém a diferença é que não negam a Missa nova.

O autor conclui, teimosamente, que a FSSPX foi suprimida (sim, em 1975) por conta da insistência em rezar a Missa tradicional, o que é falso. Tentando levar seu argumento para o nível moral, o autor cita Santo Agostinho para dizer que não se deve obedecer a uma ordem perniciosa. Neste caso, ele considera perniciosa a Missa celebrada sob o novo missal, o que é um completo absurdo, segundo o senso comum que tanto evoca.

Se antes o argumento para a desobediência era o "fato" de não haver outros bispos e sacerdotes para atender os seminaristas de Lefebvre, agora o autor admite, não sei se em um exagero romântico ou cômico:

"[...] havia outros bispos que poderiam ter formado sacerdotes e outros sacerdotes que poderiam ter servido almas. Sim, havia outros bispos e outros sacerdotes, mas por algum motivo - talvez devido ao ataque de heresia e sacrilégio que tomou conta da Igreja em todo o mundo - dezenas de milhares de pessoas, talvez mais, estavam pedindo ao Arcebispo Lefebvre que fizesse algo para ajudá-los."

Como dissemos no início, é uma defesa tão apaixonada que chega a obscurecer as poucas razões que se poderiam encontrar. 

Neste ponto já quase poderíamos desistir do livro, mas não chegamos nem na metade! Aqui o autor começa a divagar sobre "a maior crise da história da Igreja", acusa mais uma vez os críticos de tecnicismo legais enquanto usa do mesmo artifício, antecipando os capítulos 9 e 10, que continuam falando de jurisdição nesses mesmos termos. 

Segue-se o exagero da "defesa", das analogias e das generalizações: 

"os fiéis que seguiram as novas fórmulas [do Concílio] descobriram que o coração deles não se enchiam [sic] com a caridade divina, nem com o resultado daquele 'reavivamento', mas sim, tiveram uma miocardite espiritual, que ameaçou a vida eterna de todos". (p. 135)

Esse capítulo visa demonstrar o "estado de necessidade" aludido pelo Mons. Lefebvre (que já está claro que não existiu), mas o autor vai desviando o foco para uma suposta necessidade eterna (porque não aceitam o Novus Ordo), com os costumeiros exageros. Diz que aqueles seminaristas corriam "sério risco de serem privados de conhecimento e de saúde espiritual" (p. 143); diz que atualmente "todos já participaram de alguma missa com palhaços" (p. 144); que "pode ser moralmente impossível que alguém participe do Novus Ordo como tal" (p. 144) ao mesmo tempo que comete mais um ato falho ao citar o anátema do Concílio de Trento aos que desprezam os ritos aprovados pela Igreja.

O desprezo pela Missa Nova chega ao nível da ameaça: "corre o risco de absorver uma teologia protestante para você e seus filhos. Se a Missa Nova não te preocupa, então talvez o espírito herético inerente ao protestantismo já tenha sido absorvido por você".

Lamento que o autor, aparentemente, nunca tenha assistido uma Missa Nova rezada segundo o missal. 

O capítulo 11 vai tratar de "Erro comum e Jurisdição de Suplência", questão de direito principalmente sacramental, que nem precisaria ser discutida, já que a Igreja reconhece os sacramentos realizados pelos padres da FSSPX. O problema é que o autor insiste nisso no capítulo 12 ao defender os Tribunais da FSSPX.

Em resumo, é o seguinte: a FSSPX não aceita os tribunais da Igreja católica, então criaram os próprios. Pior: o motivo parece ser a ignorância do que são os processos e declarações de nulidade matrimonial, que o autor chama, sem exceção, de "anulações", dezenas de vezes. E não, ele não está se referindo assim somente ao que ocorre nos tribunais diocesanos, mas até ao que os tribunais da FSSPX faz: 

"O leitor não deve ter a impressão de que a FSSPX rejeita de fato qualquer decisão tomada por um tribunal diocesano por ser diocesano, mas sim que os sacerdotes da FSSPX se importam tanto com as almas, que simplesmente querem garantir que anulações tenham sido obtidas validamente para ministrar às almas corretamente".

Não bastasse esse ato grave de ignorância do direito canônico, o autor se mete a comentar e criticar cada um dos cânones que tratam das falhas de consentimento que poderiam tornar o matrimônio nulo (nunca é anulado, mas declarado nulo porque falhou no seu ato constitutivo; nunca existiu). Além disso, demonstra ignorância quanto ao sacramento do matrimônio, cujos ministros são os nubentes, não a testemunha da Igreja. Assim, justificam que um casal "deve" procurar um sacerdote da FSSPX para se casar validamente "em caso de necessidade"! (p. 153). O gosto pessoal do casal pela FSSPX ou a falta de tempo para a catequese matrimonial é um "caso de necessidade"!

E nesse nível, ainda tem a coragem de defender a existência dos "tribunais da FSSPX" "considerando a grave necessidade que recai sobre as almas que não são capazes de se aproximarem dos tribunais normais devido a um grave defeito nas posições teológicas dos próprios tribunais etc."! (p. 157)

Com essas desculpas esfarrapadas, rejeitam também o Código de Direito Canônico de 1983 (p. 167) e julgam eles mesmos questões de ordens sacras e vida religiosa. (cap. 12)

No capítulo 13 inicia-se um preâmbulo sobre as Consagrações e nomeações episcopais (cap. 14), no intuito de justificar a desobediência ocorrida. O aludido estado de necessidade pode ser alegado por qualquer um, sob qualquer pretexto. Fica claro no próprio texto que Lefebvre sabia das penas, sabia que não havia necessidade, mas insistiu em desafiar o Papa. Foi um ato premeditado de rebeldia.

A lista de comparações descabidas chega ao Papa João Paulo II, que "ficou feliz em desobedecer quando lhe convinha", no caso das ordenações sacerdotais (não episcopais; o autor não tem senso de proporções) ocorridas na Checoslováquia em um contexto de uma ditadura comunista. Dedica o capítulo 15 inteiro a essa comparação absurda.

Para poupar a paciência do leitor, saltamos para o capítulo 17 para mostrar mais um ato falho: "em uma carta [Lefebvre] propôs uma solução razoável para a irregularidade canônica da FSSPX". Na mesma p. 200, o nível de paixão da defesa chega a um nível perigoso: "Lefebvre está em uma posição única [...], parecia ser o instrumento da Providência". Para ser justo, essa prepotência deriva do próprio Lefebvre, que disse no sermão da fatídica ordenação: "a obra que o Bom Deus colocou em nossas mãos é tal, que diante desta escuridão de Roma, desta teimosia das autoridades romanas no seu erro, desta recusa em regressar à Verdade e à Tradição, parece-me que o Bom Deus pede que a Igreja continue."

Ele já se considerava "a última bolacha do pacote".

Na p. 204 é mencionado o acordo feito entre Ratzinger, através de uma Comissão, e Lefebvre, em abril e maio de 1988, mas omite o teor (já o mencionamos). Mas ele não confiou, não honrou a palavra, e o autor ainda sugere que ele agiu inspirado por Nossa Senhora, apesar de dizer que não está sugerindo (p. 206), tamanha a audácia de tal ideia.

O capítulo 18 é uma tentativa de resumir as "razões" para as consagrações, começando, obviamente, pelo "estado duradouro de necessidade". Acrescenta-se o evento inter-religioso de Assis, uma resposta "dubia" de Roma "que afirmava uma orientação herética", os documentos do Vaticano II e "uma aparente heresia no Código de Direito Canônico". Não toca mais no verdadeiro motivo, que é simplesmente o novo Missal, como demonstrado, e prossegue em uma defesa confusa dos pontos citados. A conclusão que chegamos com esse capítulo é que "fora da FSSPX não há salvação".

O capítulo 19 pretende discutir a Carta Ecclesia Dei adflicta, que é o Motu proprio pelo qual o Papa João Paulo II declarou a excomunhão, prevista latae sententiae, em que incorreram o ordenante e os 4 ordenados sem mandato pontifício, ato que se deu em 30/06/1988. Nenhum novo argumento é apresentado, tanto que, ao invés de comentar a Carta, retoma outros temas, como a ideia de cisma, de estado de necessidade, de culpa, de confundir sujeito com instituição, e termina o capítulo citando um louvor do recém excomungado Arcebispo Viganó a Lefebvre. Tudo bem que o livro foi escrito um pouco antes disso, mas no caso de citar Bento XVI como simpático à FSSPX não se justifica, (cap. 23) tendo em vista que em "O último testamento" o memorável papa já havia demonstrado arrependimento em ter levantado aquelas excomunhões na inocente esperança de aproximação.

Falando em levantar excomunhão, no mesmo capítulo o autor tentar rebater a acusação de que Lefebvre "ainda" é excomungado. De fato, não é mais, porque morreu, e excomunhão é uma pena dos vivos (é uma pena medicinal, que visa remediar a situação; não é uma condenação ao inferno, coisa que a Igreja não faz). Morreu excomungado, sim, infelizmente.

O livro termina com um artigo do autor sobre a Missa, também criticável, mas paramos por aqui. Se o objetivo era defender a FSSPX, falhou miseravelmente, bem como só fez aumentar a convicção dos críticos de que a situação desse grupo não é nem um pouco defensável.

 



quinta-feira, 29 de outubro de 2020

2 Investimentos que toda Paróquia deveria fazer (e que não custam nada)*:


1. Professor de música - órgão e canto.

Esqueçam os violões e os cantores solo com seus microfones. Canto na Igreja é coral. E o professor deve saber disso.

2. Curso sistemático de Teologia.

Se, e somente se, houver um professor qualificado disponível. Um padre professor ou leigo com notório saber, que sejam fiéis ao Magistério da Igreja.
Nada de seguir roteiros suspeitos. Magistério da Igreja. E cursinho temáticos e isolados não são produtivos. Começar do fundamental e passar todos os tratados. Dá pra fazer em um ano, uma vez por semana.


* Não custam (quase) nada para a paróquia porque os beneficiados DEVEM contribuir para arcar com o pagamento dos professores. De graça não é valorizado e não vai durar. O investimento do aluno gera um comprometimento.


Formação Católica Online - www.cursoscatolicos.com.br - Cursos Teológicos

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

No mundo inteiro a fé cristã - sobretudo a Igreja Católica - sofre ataques diariamente; seja por meio de opiniões, meios de comunicação, diretamente no dia a dia dos fiéis, por meio de leis contra a moral, por meio de discriminação em seus variados tipos (ridicularização, bullying, etc.) e, infelizmente, por meio de violência: nos países em que o cristianismo é minoria, principalmente, mas já chegou à Europa e Américas.

Como prevenir que esses ataques cheguem até nossa nação?

De certa forma, já chegou. Nossa leis e a "opinião pública" é cada vez mais hostil à Igreja. 

Mas podemos fazer algo para o futuro, retardar seu avanço e impedir que sua forma violenta chegue às nossas Igrejas e comunidades:


São três passos:

1. Santidade


- Comece por você. Seja um cristão melhor. Fuja das ocasiões de pecado. Elimine todo o perigo de sua casa e seu entorno.

Não daremos munição ao inimigo. Em muitos países em que a situação é mais críticas, no Ocidente, muitos notam um crescente aumento no descrédito da Igreja por causa do pecado de seus filhos: escândalos, forma de vida, maus exemplos.

Se cada um buscar a santidade para si e sua família, não será sem recompensa.

2. Testemunho de fé viva, consciente e madura.

- Comece por aqueles que o indagam. Na verdade, pode ser que ninguém lhe indague sobre questões de fé, mas seu modo de vida é visível. O testemunho pode ser mudo.

Mas esteja preparado. Faça a sua parte, conheça sua fé, pratique, tenha vida de oração e sacramentos; se necessário usar palavras, "o Espírito Santo lhes inspirará o que falar".

3. Apoie as boas iniciativas católicas

Se sozinho é difícil, juntos somos invencíveis.
Ajude sua paróquia e todas as boas obras, caritativas, missionárias e educativas.



quarta-feira, 22 de julho de 2020

Os pecados da Igreja

Por Alice von Hildebrand
Afinal, como a Igreja pode ser santa se a história está manchado pelos muitos pecados dos católicos? Ora, essa dúvida só aparece quando não se sabe exatamente o que Cristo quis dizer com as palavras As portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16, 18). Este artigo é uma adaptação de The Church Ask for Forgiveness, publicado pela autora em 2000.
Conta-se que Napoleão, o vencedor de tantas batalhas, após ter mantido o Papa Pio VII prisioneiro em Fontainebleau por longo tempo, queria tomar a Igreja Católica sob a sua tutela para assim alcançar a hegemonia total na Europa. Com isso em mente, redigiu uma Concordata que entregou ao Secretário de Estado, o cardeal Consalvi. O imperador disse ao cardeal que voltaria no dia seguinte e que queria o documento assinado.
Depois de ler a Concordata, Consalvi informou Sua Santidade de que assinar o documento equivaleria a vender a Igreja ao Imperador da França e, por conseguinte, implorou-lhe que não o assinasse. Quando Napoleão voltou, o cardeal informou-o de que o documento não havia sido assinado. O imperador começou então a usar um dos seus conhecidos estratagemas: a intimidação. Teve uma explosão de raiva e gritou: “Se este documento não for assinado, eu destruirei a Igreja Católica Romana”. Ao que Consalvi calmamente replicou: “Majestade, se os papas, cardeais, bispos e padres não conseguiram destruir a Igreja em dezenove séculos, como Vossa Alteza espera consegui-lo durante os anos da sua vida?”
Tenho um motivo concreto para relatar esse episódio. Consalvi deixa claro que embora existam inumeráveis pecadores no seu seio, também em posições de governo, a Igreja conseguiu subsistir por ser a Esposa Imaculada de Cristo, santa e protegida pelo Espírito Santo. Como disse certa vez Hilaire Belloc, se a Igreja fosse uma instituição puramente humana, não teria sobrevivido aos muitos prelados idiotas e incompetentes que já a lideraram. Por que a Igreja sobrevive e continuará a sobreviver? A resposta é simples. Cristo nunca disse que daria líderes perfeitos à Igreja. Nunca disse que todos os membros da Igreja seriam santos. Judas era um dos Apóstolos, e todos aqueles que traem o Magistério da Esposa de Cristo tornam-se Judas. O que Nosso Senhor disse foi: As portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16, 18).
A palavra “Igreja” tem dois sentidos: um sobrenatural e outro sociológico. Para todos os não-católicos e, infelizmente, também para muitos católicos de hoje, a Igreja é uma instituição meramente humana, constituída por pecadores, uma instituição cuja história está carregada de crimes. É preocupante o fato de que o significado sobrenatural da palavra “Igreja” – a saber, a santa e imaculada Esposa de Cristo – seja totalmente desconhecido da esmagadora maioria das pessoas, e até de um alto percentual de católicos cuja formação religiosa foi negligenciada desde o Vaticano II. Por isso, quando o Papa ou algum membro da hierarquia pede perdão pelos pecados dos cristãos no passado, muitas pessoas acabam pensando que a Igreja – a instituição religiosa mais poderosa da terra – está finalmente a admitir as suas culpas e que a sua própria existência foi prejudicial à humanidade.
Na realidade, a Esposa de Cristo é a maior vítima dos pecados dos seus filhos; no entanto, é ela que implora a Deus que perdoe os pecados daqueles que pertencem ao seu corpo. É a Santa Igreja que implora a Deus que cure as feridas que esses filhos pecadores infligiram a outros, muitas vezes em nome da mesma Igreja que traíram.
Somente Deus pode perdoar os pecados; é por isso que a liturgia católica é rica em orações que invocam o perdão de Deus. As vítimas dos pecados podem (e devem) perdoar o mal que sofreram, mas não podem de forma alguma perdoar o mal moral em si, e, caso se recusem a perdoar, movidas pelo rancor e pelo ódio, Deus, que é infinitamente misericordioso, nunca nega o seu perdão àqueles que o procuram de coração contrito.
A Santa Igreja Católica não pode pecar; mas muitas vezes é a mãe dolorosa de filhos díscolos e desobedientes. Ela dá-lhes os meios de salvação, dá-lhes o pão puro da Verdade. Mas não pode forçá-los a viver os seus santos ensinamentos. Isto aplica-se tanto a papas e bispos como aos demais membros da Igreja. Cristo foi traído por um dos seus Apóstolos e negado por outro. O primeiro enforcou-se; o segundo arrependeu-se e chorou amargamente.
A distinção entre os sentidos sobrenatural e sociológico da Igreja deve ser continuamente enfatizada, pois fatalmente causa confusão quando não é explicitada com clareza.
Assim como os judeus que aderem ao ateísmo traem tragicamente o seu título de honra – serem parte do povo escolhido de Deus –, assim os católicos romanos que pisoteiam o ponto central da moralidade – amar a Deus e, por Ele, o próximo –, traem um princípio sagrado da sua fé.
Por outro lado, em nome da justiça e da verdade, é imperioso mencionar que os católicos verdadeiros (aqueles que vivem a fé e enxergam a Santa Igreja com os olhos da fé) sempre ergueram a voz contra os pecados cometidos pelos membros da Igreja. São Bernardo de Claraval condenou em termos duríssimos as perseguições que os judeus sofreram na Alemanha do século XII (cf. Ratisbonne, Vida de São Bernardo). Os missionários católicos no México e no Peru protestavam constantemente contra a brutalidade dos conquistadores, geralmente movidos pela ganância. A Igreja deve ser julgada com base naqueles que vivem os seus ensinamentos, não naqueles que os traem. Recordo-me das palavras com que um amigo meu, judeu muito ortodoxo, lamentava o fato de muitos judeus se tornarem ateus: “Se somente um judeu permanecer fiel, esse judeu é Israel”. O mesmo pode ser dito com relação à Igreja Católica; apenas as pessoas fiéis ao ensinamento de Cristo podem falar em seu nome. Ela deve ser julgada de acordo com a santidade que alguns dos seus membros alcançam, não de acordo com os pecados e crimes de inúmeros cristãos que julgam os seus ensinamentos difíceis de praticar e que por isso traem a Deus na sua vida cotidiana.
Os pecadores, aliás, estão igualmente distribuídos pelo mundo e não são uma triste prerrogativa da religião católica. Se fosse assim, estaria justificada a afirmação de um dos meus alunos judeus em Hunter, feita diante de uma sala lotada: “Teria sido melhor para o mundo que o cristianismo nunca tivesse existido”. A história julgará se o conflito atual entre judeus e muçulmanos é moralmente justificável.
Este modesto comentário foi motivado pelo que disse um rabino à televisão, um dia após o pronunciamento histórico de João Paulo II na Basílica de São Pedro, a 12 de março de 2000, quando o Santo Padre pediu perdão pelos pecados dos cristãos no passado 1. O rabino não apenas achou o pedido de desculpas de Sua Santidade “incompleto” por não mencionar explicitamente o Holocausto (esquecendo-se de mencionar que os católicos eram e são minoria na Alemanha, país basicamente protestante), como também disse que os pecados cometidos pela Igreja foram freqüentemente endossados pelos seus líderes, dando a entender que o anti-semitismo faria parte da própria natureza da Igreja.
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(1) É digno de nota que somente o Papa tenha pedido desculpas pelos pecados cometidos pelos membros da Igreja. Não deveriam fazer o mesmo os hindus, por terem praticamente erradicado o budismo da Índia e forçado os seus membros a fugir para o Tibet, a China e o Japão? Não deveriam os anglicanos pedir desculpas por terem assassinado São Thomas More, São John Fisher e São Edmund Campion, para mencionar apenas três nomes? E quanto ao extermínio de um milhão de armênios pelos turcos em 1914? Ninguém fala a respeito desse “holocausto”; ninguém parece saber dele. E o extermínio de cristãos que acontece agora no Sudão?
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Tal afirmação deixa claro que o rabino não fazia a menor idéia daquilo que os católicos entendem por Esposa Imaculada de Cristo – uma realidade que não pode ser percebida ou compreendida por aqueles que usam os óculos do secularismo. Pergunto-me quando o “mundo” considerará que a Igreja já pediu desculpas suficientes. Por séculos a Igreja tem sido o bode expiatório ideal. O que os seus acusadores fariam se ela deixasse de existir?
Aqueles que a acusam de “silêncio” não estão apenas mal informados, mas pressupõem que eles próprios seriam heróicos se estivessem na mesma situação. Como o Papa Pio XII disse a meu marido numa entrevista privada, quando ainda era Secretário de Estado: “Não se obriga ninguém a ser mártir”. Quantas pessoas se julgam heróicas sem nunca terem sido realmente testadas! Quantos judeus arriscariam a vida para salvar católicos perseguidos? Por que esquecem que milhões de católicos também pereceram nos campos de concentração? Se a Gestapo tivesse apanhado o meu marido, considerado o inimigo número um de Hitler em Viena, tê-lo-ia feito em pedaços. Ele lutava contra o nazismo em nome da Igreja e perdeu tudo porque odiava a iniqüidade. Quantas pessoas fariam o mesmo – não na sua imaginação, mas na realidade?
Também não devemos esquecer que inúmeros católicos foram (e são) perseguidos por causa da sua fé. Mas um verdadeiro católico não espera desculpas dos seus perseguidores. Perdoa os seus perseguidores, quer eles lhe peçam desculpas, quer não. Reza por eles, ama-os em nome dAquele que padeceu e morreu pelos pecados de todos. É sempre lamentável ouvir um católico dizer: “Fulano e beltrano devem-me desculpas”.
Somente a pessoa que enxerga a Santa Igreja Católica (chamada santa cada vez que o Credo é recitado) com os olhos da fé, só essa pessoa compreende com imensa gratidão que a Igreja é a Santa Esposa de Cristo, sem ruga nem mácula, por causa da santidade do seu ensinamento, porque aponta o caminho para a Vida Eterna e porque dispensa os meios da graça, ou seja, os sacramentos.
O pecado é uma realidade medonha e que os pecados cometidos por aqueles que se dizem servos de Deus são especialmente repulsivos. Nunca serão excessivamente lamentados, mas devemos ter presente que, apesar de muitos membros da Igreja serem – infelizmente – cidadãos da Cidade dos Homens e não da Cidade de Deus, a Igreja permanece santa.
Tradução: Quadrante

quarta-feira, 3 de abril de 2019


catolicosregresen.org | Traduzido por Márcio Carvalho



Não importa há quanto tempo você esteja longe da Igreja Católica, você sempre pode voltar para casa. Você pode começar indo à missa novamente e se tornar um membro de uma comunidade paroquial que está pronta para recebê-lo de braços abertos. Deus convida você a decidir aprofundar sua fé como nunca fez antes.
Talvez você sinta um estranho impulso dentro de você que te faz reconsiderar a Igreja. Esse anseio espiritual que sente é Deus que está te chamando. Deus nunca te obriga, ele só te convida. Ele deixa a decisão de retornar à Igreja Católica em suas mãos.
Há muitas razões para retornar à Igreja Católica. Embora Cristo seja a principal razão entre muitos outras para retornar à Igreja, a experiência pessoal de retorno é única, dependendo do que cada coração ouve dentro de si.
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Aqui estão as dez razões que influenciaram a decisão de muitas pessoas de retornar à prática da religião católica:

• Número 10: porque queremos dar sentido à nossa vida.

No burburinho da vida agitada de hoje, de repente muitos de nós nos damos conta de que nossas vidas perderam seu significado ou propósito. Começamos a nos perguntar, qual é o significado da minha vida? Por que eu faço o que faço? Existe uma confusão generalizada em nossa cultura em relação à moralidade e verdade. A Igreja Católica se oferece como um farol de luz que dá sentido à nossa existência e nos conduz à vida eterna, se perseverarmos nela.

• Número 9: Porque as memórias de nossa infância retornam à memória.

Algumas pessoas dizem que as memórias da infância quando se tinha um relacionamento com Deus reaparecem mais tarde na vida. Começamos a nos perguntar: É possível recuperar a simplicidade da fé? Posso realmente acreditar que Deus está cuidando de mim? A secularização em nossa sociedade desconecta as pessoas de sua própria dimensão espiritual. A Igreja Católica oferece tanto experiências religiosas como místicas que alimentam o coração, a mente, corpo e alma, bem como uma variedade de ministérios leigos ativos que estão interligados e se relacionam com a sociedade de hoje fazendo desta uma sociedade mais santa para viver.

• Número 8: Porque todos cometemos erros.

Há alguns entre nós que se sentem oprimidos pelo peso do pecado que vai se acumulando dentro de nós. Queremos nos livrar da culpa de ter machucado os outros. Começamos a pensar, Deus me perdoará? Existe alguma maneira de começar de novo? Você pode dizer a Deus que se arrepende, mas é através do sacramento da reconciliação que você terá a certeza do perdão de Deus. Além disso, você não apenas se reconciliará com Deus, mas também com todos os outros membros da Igreja, o Corpo de Cristo (CIC 1440), e você receberá a graça necessária para empreender um começo totalmente novo.

• Número 7: Porque precisamos perdoar os outros.

Às vezes guardamos rancores e ressentimentos contra pessoas que nos magoaram profundamente. Talvez fosse um membro da família ou um amigo. Talvez tenha sido outra pessoa (uma freira ou um padre), ou talvez algo tenha acontecido na igreja. Deus me perdoará? Nossa cultura moderna aprova e encoraja a raiva e a vingança. Mas ódio e amargura são como cânceres espirituais que devoram nossos corações. A Igreja Católica oferece a oportunidade de buscar a ajuda de Deus para perdoar os outros, mesmo quando a outra pessoa não pede desculpas ou merece perdão. A capacidade de perdoar é um dom que amplia o coração de uma pessoa para receber o amor e a paz de Deus.

• Número 6: Porque queremos ser curados.

Há alguns entre nós levando feridas espirituais profundas. Sentimos raiva de Deus quando lutamos contra as coisas negativas que acontecem conosco – uma doença incurável, uma lesão que nos enfraquece, um relacionamento rompido, problemas mentais ou emocionais, um ato de violência contra uma pessoa inocente, um acidente inexplicável, desastres naturais, morte de um ente querido ou qualquer outra decepção. A Igreja Católica não pode mudar essas situações ou explicar por que elas aconteceram. Mas há pessoas na Igreja que podem ajudá-lo no processo de cura espiritual para que você possa continuar com sua vida.

• Número 5: Porque a Igreja Católica possui a totalidade da verdade e da graça.

Muitos de nós que nos afastamos da Igreja Católica participamos por algum tempo das bênçãos do culto de diferentes denominações cristãs. Mas alguns retornam quando percebem que o catolicismo possui a totalidade da verdade e da graça. A Igreja Católica não foi fundada por uma única pessoa em busca de reforma ou movimento histórico isolado. Não é fragmentado por interpretações individuais das Escrituras. Existem milhares de denominações cristãs, mas apenas uma Igreja Católica. Esta igreja foi sendo guiado pelo Espírito e protegida do erro em matéria de fé e moral de geração em geração por cerca de dois mil anos, tal como prometido por nosso Senhor Jesus Cristo (profetizado em Isaías 22, 15-25) Mateus 16,13-20; Mateus 18, 15-18 (neste verso a palavra é igreja, não comunidade); 1 Tim 3,15.

• Número 4: Porque queremos que nossas crianças tenham os fundamentos da fé.

Alguns de nós retornamos à Igreja Católica porque reconhecemos que criar filhos em uma cultura que promova "fazer o que quiser" produziria resultados desastrosos. As crianças precisam experimentar a dimensão espiritual em suas vidas. Eles precisam de um sistema de crenças estruturado e de uma sólida formação moral que vá além da lógica e do raciocínio humanos. Voltamos porque queremos que nossos filhos sejam capazes de construir suas vidas em uma base sólida.

• Número 3: Porque queremos fazer parte de nossa comunidade de fé.

Muitos de nós procuramos sentir que pertencemos a algo. No entanto, nossa comunidade é mais do que apenas pessoas amigáveis, sermões inspirados e atividades interessantes. Uma comunidade cristã católica é um grupo de pessoas que se reúne em torno da pessoa de Jesus Cristo para adorar a Deus e viver à luz do Espírito Santo. Os católicos se reúnem na missa, nos sacramentos e nas atividades paroquiais para orar, celebrar as alegrias, lamentar as perdas, servir aos outros, dar apoio e receber força para a vida diária. Uma paróquia católica oferece isso - e muito mais - para pessoas que reconhecem a importância de andar com os outros em direção à união com Deus.

• Número 2: Porque queremos ajudar outras pessoas.

Há muitas oportunidades no mundo secular para ser voluntário. O que falta é a dimensão espiritual que esse tipo de serviço oferece dentro da Igreja Católica. É mais do que uma atividade para "sentir-se bem". É parte do "grande mandamento" (Marcos 12,28) de amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Ao chegar aos outros, os voluntários católicos se tornam instrumentos do amor de Deus. A Igreja Católica oferece oportunidades para impactar a vida das pessoas aqui e no resto do mundo.

• Número 1: Porque estamos com fome da Eucaristia.

[A Eucaristia é a razão mais importante pela qual as pessoas retornam à Igreja]
Muitas pessoas retornam à Igreja Católica porque sentem grande desejo pela Eucaristia. Às vezes acontece durante um casamento, um funeral, um batismo, uma primeira Comunhão ou uma Crisma. Às vezes acontece quando as pessoas estão sozinhas ou enfrentando dificuldades em suas vidas. As pessoas descrevem isso como um profundo desejo de apaziguar a fome pelo alimento espiritual que é receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Jesus Cristo. A fome da Eucaristia origina o reconhecimento da presença de Cristo nos outros sacramentos, o que os aproxima ainda mais da prática de sua fé. É, sem dúvida, a principal razão pela qual as pessoas retornam à Igreja Católica.



A maioria das pessoas descobre que o retorno à Igreja não é um evento isolado, mas sim um processo que envolve um pouco de dor e riso, alguma reflexão, oração, discernimento e muito abandono. "Meu verdadeiro retorno à plena participação na paróquia aconteceu há três anos, depois de sentir saudade pela primeira vez", admitiu uma pessoa.

E o que recebemos em troca? A Igreja Católica nos oferece união com Jesus Cristo:
  • · Nas Sagradas Escrituras
  • · Na oração
  • · Na participação da comunidade com os outros
  • · Na Eucaristia
  • · E nos outros sacramentos.
Ela nos oferece suporte espiritual nos bons e maus momentos também. Dá-nos a sabedoria divina de milhares de anos de pessoas como você que viveram em todos e cada um dos séculos de história cristã: 33d.C., 100 d.C., 800 d.C., 1000 d.C., 1300 d.C., 1964 d.C., e 2005 d.C. Oferece-nos significado e propósito nesta vida e a promessa de vida eterna com Ele depois da morte para aqueles que perseveram até o fim.
Você sabe que está em casa quando começa a sentir uma profunda sensação de paz.


Uma nota pessoal: Para aqueles (famílias, maridos, esposas, etc.) que deixaram a Igreja Católica ou que não são cristãos católicos e que tenham descartado a possibilidade de sê-lo por causa dos recentes problemas na Igreja, eu gostaria de compartilhar o seguinte.

Temos problemas, mas usar a crise na Igreja como uma desculpa para não ser católico, ou para um cristão não católico não se tornar católico não é desculpa. Somos e sempre seremos uma Igreja de santos e pecadores. Através da Eucaristia, onde REALMENTE participamos da Natureza Divina, Nosso Senhor nos molda em direção à maturidade e, se necessário, leva os ressentimentos que fomos mantendo em nossos corações por muitos anos em nossa alma. Devemos cooperar com Ele, com nossas orações, e não fugir.
Vamos esperar e rezar para que nos próximos anos os líderes da Igreja, escolhidos por decreto divino, levem a sério a tarefa de examinar [e tomar medidas sérias do caso] a situação espiritual e o ambiente de muitos seminários católicos, para avaliar e examinar professores de seminários, diretores vocacionais e religiosos.
Embora os meios de comunicação tendam a pintar os problemas em nossa Igreja com um pincel largo e nunca em uma luz positiva, lembre-se que há muitos santos sacerdotes que realizam a sua vocação silenciosamente e são realmente santos testemunhas de Jesus. (Estes são os padres que nunca estarão no noticiário da noite.) Tanto como Jesus foi rejeitado pelo mundo, assim a Igreja que Ele fundou e os verdadeiros seguidores desta Igreja serão rejeitados.
Um exemplo: Nos últimos anos, foram feitos estudos sobre o abuso sexual dentro de igrejas. O estudo foi baseado na correspondência entre o incidente e a população da igreja.
Adivinhem que igreja teve o menor nível de incidência de abuso sexual? Adivinhou corretamente: a Igreja Católica.
Será que vamos ouvir isso em nossas notícias locais?




sexta-feira, 30 de novembro de 2018

A Igreja é o Corpo de Cristo, e este é Cabeça por ser o primeiro ressuscitado e o princípio de salvação.

Cl 1, 18 E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. 24 Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja;

A participação no mistério de Cristo se dá pelo batismo

Cl 2, 12 Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.

A Igreja é universal [1]

Cl 3, 11 Onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos.

A vinculação a esse Corpo é motivo de paz

Cl 3, 15 E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos.

Os que pregam doutrinas estranhas estão fora da Igreja, da comunhão com a Cabeça

Cl 2, 18 Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, 19 E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.
Representação do Cristo Total - Igreja-Corpo/Cristo-Cabeça (curoscatolicos.com.br)

Nesta Igreja, a verdadeira ascese consiste em evitar os vícios e a praticar as virtudes

evitar Cl 3, 5 Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra, a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; 8 Mas agora, despojai-vos também de tudo, da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca.
fazer Cl 3, 12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade;13 Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. 14 E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.

O verdadeiro culto consiste em fazer tudo em nome do Senhor Jesus, pela palavra, louvor e obras

Cl 3, 16 A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração. 17 E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.

A oração seja universal, por todos e para todos

Cl 4, 3 Orando também juntamente (unânimes) por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso;

A Igreja se manifesta nas relações domésticas e cotidianas

Cl 3, 23 E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, 24 Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.
Cl 4, 15 Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia e a Ninfa e à igreja que está em sua casa.


[1] As assembleias locais formam uma grande comunidade de culto. Não só como esperança de uma reunião futura, mas uma realidade já presente.
Enquanto o vocábulo hebraico traduzido por sinagogé significa “assembleia reunida”, o vocábulo traduzido por ekklesía significa “tropa mobilizada”, no sentido de uma reunião supralocal e apolítica, tendo como modelo a assembleia do Sinai, no deserto, antes da constituição da nação. Por isso, a comunidade de culto é também atemporal.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Em "comemoração" aos 500 anos da "Reforma" de Lutero, vamos compartilhar este áudio:
POR QUE NÃO SOU PROTESTANTE?
 
 
Texto disponível em pdf na nossa seção de folhetos
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Que todos sejam Um
Pequenas e grandes diferenças entre as duas religiões são debatidas e o autor, com habilidade, conhe..

terça-feira, 5 de setembro de 2017

É pensamento comum que a Igreja é "Santa porque é fundada em Cristo,  e pecadora porque é formada por homens".
Contudo, diz o Catecismo:
 "827. A Igreja «é santa, não obstante compreender no seu seio pecadores, porque ela não possui em si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtraindo-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que impedem a irradiação da sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por estas faltas, tendo o poder de curar delas os seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo»".
 Mas a Igreja não é o Corpo de Cristo? Nós não somos membros desse Corpo?
Sim e sim.

Nós, membros da Igreja, não somos pecadores? Então a Igreja não é pecadora?
Sim e não!

O pecado dos membros não atinge a alma da Igreja, que é Cristo. Um membro defeituoso não torna a pessoa inteira defeituosa.
Ademais, a Igreja não é formada por homens. É o Corpo místico de Cristo.
Uma pessoa que perca todos os seus membros, deixa de ser pessoa? Não! A pessoa é mais que membros. Por isso dizemos que um embrião, ou um zigoto humano, de uma só célula, já é pessoa, pois já possui alma.
Não são as pessoas que fazem a Igreja, mas é Cristo. As pessoas juntam-se ao Corpo de Cristo, que já está lá, perfeito e imaculado. Se as pessoas não se incorporam à Igreja, ou se ela resta apenas com uma pessoa, ou mesmo nenhuma, nesta terra, ainda é a Igreja, e ainda é toda santa.
O pecado dos homens não afeta a santidade da Igreja, apenas a encobre aos olhos do mundo.
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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

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“SALVE ROMA! A Igreja que Deus fundou” - belo título escolhido por Paulo Leitão, convertido do protestantismo, hoje católico, catequista e apologista, empenhado na defesa bíblica da Fé católica!       
Como estamos no tempo do diálogo e do ecumenismo, Paulo Leitão nos adverte para não confundi-los com sincretismo, citando oportunamente o Concílio Vaticano II (Decreto Unitatis redintegratio, 19-20).
“SALVE ROMA! A Igreja que Deus fundou” se constitui em um verdadeiro tratado popular de apologética. Apologética cristã é a defesa da nossa Fé e a explanação das razões da nossa posição católica, com a devida resposta aos ataques dos hereges. São Pedro apóstolo justifica a apologética com a exortação: “Estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir” (1Pd 3, 15).
Assim como escreveu a apologia bíblica de Nossa Senhora – “Um filho em defesa da Mãe” – Paulo Leitão escreve agora esse seu livro “SALVE ROMA” em defesa da Santa Madre Igreja, nossa Mãe e Mestra da Verdade. (Prefácio de Dom Fernando Arêas Rifan).

Sumário:
Prefácio de Dom Fernando Arêas Rifan
Introdução
I.     A única Igreja que Deus autorizou é Católica Apostólica e Romana
A verdadeira religião e suas obras
II.    As fundações dos homens não são maiores que a de Deus
A Igreja Universal (Católica) na Bíblia
III.   Terminou a Sião judaica dando lugar à Nova Sião (Igreja Católica)
A vinda de Jesus foi o fim de Israel
O Arco de Tito
Uma só Igreja em vários lugares
IV.   A Igreja e o único Evangelho
O Espírito Santo é a alma da Igreja Católica
V.    Jesus elegeu Roma como Sede da Igreja e do Reino de Deus
Por que Roma ministra a Nova Aliança?
O monopólio do Reino foi entregue especificamente a uma nação
O Obelisco: uma prova factual de que a Sede de Deus está em Roma
VI.   Extra Ecclesiam Nulas Salus
VII.      O primado de São Pedro
A lei da primeira menção
Pedro, a Rocha
A barca de Pedro, figura da Igreja
A predileção da anciandade para o pastoreio universal
VIII.    O Papado
Pastor eterno
Só pode haver um Porta-voz de Deus na Terra
A Igreja Católica é a Igreja primitiva, por isso mantém o mesmo formato hierárquico
Símbolos e vestes pontificais
IX.   Mentiras usadas para negar o Papado
Manobras e adulterações protestantes
X.    Sucessão Apostólica
O sentido das Colunas
XI.   Manobras protestantes para se autodenominarem Igreja
XII.      Conclusão

Adquira aqui o seu exemplar: “SALVE ROMA! A Igreja que Deus fundou”

sábado, 11 de outubro de 2014

1.            OBJETIVO GERAL
Despertar em cada cristão o sentido de pertença à Igreja e a vivência sacramental

2.            OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·                    Valorizar a vivência sacramental
·                    Fortalecer o vínculo dos batizados com a comunidade paroquial
·                    Descobrir e formar lideranças cristãs

3.            ETAPAS
a.            Planejamento e  organização
Uma equipe organizadora planeja as etapas seguintes com o pároco. O tempo previsto para o projeto é de um ano intensivo, a terminar com a celebração da Páscoa. Prever pessoal apto e material para a fase de levantamento de dados e catequese. Prever tempo de divulgação e esclarecimento do projeto antes da fase de execução.
b.           Levantamento de dados
Consiste em pesquisa para levantamento de dados de todas as pessoas residentes na paróquia. Será feito por meio de questionário objetivo a ser entregue em cada residência, onde constará dados pessoais e de contato básicos de cada pessoa e sua situação sacramental, se católico (se recebeu o batismo, eucaristia, crisma, matrimônio). Deixar claro o tempo de resposta e o modo de recolhimento.
Com base nos dados recolhidos, planejar com os catequistas missionários o contato com as pessoas nas diferentes situações encontradas (pessoas não batizadas, que não receberam a Eucaristia, a Crisma, não são casadas na Igreja, etc.).
c.            Catequese
A partir do contato e, se possível, visitas, organizar grupos de catequese adaptadas às situações, aos públicos, aos horários disponíveis. Prever catequistas preparados e, se necessário, pedir ajuda de pessoal em outras paróquias. Esforçar para atender a todas as pessoas que demonstraram interesse e abertura, mesmo que individualmente.
Durante as catequeses, os missionários observem aqueles que demonstram interesse e participação na vida paroquial para futura formação de lideranças.
d.           Celebração sacramental
Após o período de catequese, planejar e organizar as celebrações sacramentais comunitárias, aproveitando o período quaresmal para preparação intensiva principalmente dos catecúmenos. Marcar as celebrações preferencialmente para o período pascal. Prever celebração comunitária do matrimônio para os que desejarem.
e.            Formação continuada de lideranças
Engajar os novos crismados nas atividades da Igreja e formar líderes e missionários.
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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Nosso alerta sobre um abaixo-assinado político que ocorre nas igrejas, no postNão assine o Projeto de ‘Reforma Política’ apoiado pela CNBB!”, causou reações desfavoráveis de alguns poucos leitores. A mais contundente, que resume as demais, foi: “Se estão contra a CNBB estão contra a Igreja!”
Fato é que essas pessoas julgaram pelo título. Não leram o problema em questão.
Não somos contra a CNBB, mas contra algumas de suas ações. E isso é perfeitamente possível e CATÓLICO. Vejamos:

A missão das conferências episcopais é dar suporte aos Bispos. Ela não toma o lugar do Bispo e nem está acima dele, tendo em vista que este é de instituição divina, enquanto a conferência episcopal não. O então Cardeal Ratzinger, em seu livro "A Fé em Crise?", esclarece:
"não devemos nos esquecer que as conferências episcopais não possuem base teológica e não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo, têm somente uma função prática e concreta".
A nota explicativa prévia da Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, explica:
"1° Colégio não se entende em sentido jurídico estrito, ou seja, de um grupo de iguais, que delegam o seu poder ao que preside; mas no sentido de um grupo estável, cuja estrutura e autoridade se devem deduzir da Revelação. Por isso, na resposta ao Modo 12, se diz expressamente, acerca dos Doze, que o Senhor constituiu-os em Colégio ou grupo estável. Cfr. também o Modo 53, c. - Pelo mesmo motivo, ao tratar-se do Colégio dos Bispos, são também empregados a cada passo os termos Ordem ou Corpo. O paralelismo entre Pedro e os restantes Apóstolos por um lado, e o Sumo Pontífice e os Bispos pelo outro, não implica a transmissão do poder extraordinário dos Apóstolos aos seus sucessores, nem, como é evidente, a igualdade entre a Cabeça e os membros do Colégio, mas apenas uma proporcionalidade entre a primeira relação (Pedro-Apóstolos) e a segunda (Papa-Bispos). Daí ter a Comissão resolvido escrever no inicio do n.° 22 «pari ratione» e não « eadem ratione»."
Isto é, o Papa é a cabeça do colégio e só há verdadeiro ato colegial quando o Papa intervém. As conferências episcopais podem legislar e mandar algo nos Bispos e nas dioceses somente quando recebem um mandado do Papa.
"As conferências episcopais não constituem um intermediário entre o Bispo e a Sé de Pedro" (João Paulo II, Carta Apostólica "Apostolos suos" - 21 de Maio de 1998).
Deste modo, um documento emitido por uma conferência episcopal tem valor jurídico somente quando recebe a autoridade do bispo diocesano ou se o documento foi aprovado pela Santa Sé (pelo Papa). Neste caso o documento é válido para todas as dioceses, uma vez que trata-se de um ato colegial, pois nele está o sucessor de Pedro.
Outros documentos, comunicados, artigos, relatórios e opiniões dos membros ou comissões da CNBB têm caráter de consultoria. É aí que está sua importância. Cada bispo decide o que fazer sobre determinada questão, pois o poder de governo é do bispo.
Esclarece o Código de Direito Canônico:
"Cân. 455 § 1. A Conferência dos Bispos pode baixar decretos gerais somente nas questões em que o direito universal o prescrever, ou que um mandato especial da Sé Apostólica o estabelecer por própria iniciativa ou a pedido da Conferência mesma.
§ 2. A fim de que os decretos mencionados no § 1 possam ser baixados validamente na assembléia geral, devem ser aprovados ao menos por dois terços dos membros da Conferência que tenham voto deliberativo e só obrigam se, revisados pela Sé Apostólica, tiverem sido legitimamente promulgados.
(...)
§ 4. Nos casos em que nem o direito universal nem mandato especial da Sé Apostólica concederam à Conferência dos Bispos o poder mencionado § 1, permanece inteira a competência de cada Bispo diocesano; e a Conferência, ou o seu presidente não podem agir em nome de todos os Bispos, a não ser que todos e cada um deles tenham dado o seu consentimento."
Voltando ao assunto que deu margem a essa questão, temos que definir também onde reside e a que se limita o Magistério da Igreja. Está claro que goza de infalibilidade somente as afirmações do mesmo Magistério (o Papa e os bispos em comunhão com ele) que versam sobre fé e moral. O Papa João Paulo II, em seu motu proprio Apostulos Suos, delimita muito bem o Magistério Autêntico que pode ser emanado pelas conferências, somente na seguinte situação:
"Se as declarações doutrinais das Conferências Episcopais são aprovadas por unanimidade, podem, sem dúvida, ser publicadas em nome mesmo da Conferência, e os fiéis são obrigados a aderir com religioso obséquio de espírito àquele magistério autêntico dos seus próprios Bispos. Porém, se faltar tal unanimidade, a maioria apenas dos Bispos duma Conferência não pode publicar uma eventual declaração como magistério autêntico desta, a que todos os fiéis do território devem aderir, a não ser que obtenham a revisão (recognitio) da Sé Apostólica, que não a dará se tal maioria não for qualificada".
A questão política levantada, é claro, não é questão doutrinal. Mesmo assim, nem como opinião conseguiu o apoio da maioria dos bispos. É uma ação de uma de suas comissões. Por isso, na ação de coleta de assinaturas para o tal projeto de reforma política, dioceses inteiras, muitas, sequer ouviram falar do assunto (porque o bispo não estava de acordo).
“A hierarquia da Igreja, ou os clérigos (diáconos, sacerdotes e bispos), não deve se envolver em política partidária (das partes) que divide opiniões e a comunidade.
Aos clérigos cabe, pois, a missão de orientar o povo sobre princípios, chamar a atenção das ciladas malignas e ajudar a refletir sobre o atual momento da sociedade.” (Cardeal Orani João Tempesta http://www.cnbb.org.br/outros/dom-orani-joao-tempesta/14670-hierarquia-da-igreja-e-politica)

O Concílio Vaticano II reafirmou solenemente: «No terreno que lhe é próprio, a comunidade política e a Igreja são independentes e autônomas» (Gaudium et spes, 76
A Igreja, por outro lado, não tem um campo de competência específica no que respeita à estrutura da comunidade política: «A Igreja respeita a legítima autonomia da ordem democrática, mas não é sua atribuição manifestar preferência por uma ou outra solução institucional ou constitucional» e tampouco é tarefa da Igreja entrar no mérito dos programas políticos, a não ser por eventuais conseqüências religiosas ou morais. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja 424)
A própria CNBB já admitiu o direito dos bispos em se manifestar contrariamente às suas orientações políticas (ver o caso do bispo de Guarulhos, que fez campanha contrária ao voto no PT, entre tantos outros).
Enfim, poderia escrever mais, mas as pessoas que precisariam ler estes esclarecimentos não lerão. Não leram os textos indicados no artigo anterior e muitos se descadastraram da nossa lista. “Lamentável”.


Referências

  1. A Hierarquia da Igreja e a política (Card. Dom Orani Tempesta - CNBB)
  2. Constituição Lumen Gentium
  3. Constituição Gaudium et Spes
  4. Compêndio da Doutrina Social da Igreja
  5. https://padrepauloricardo.org/episodios/para-que-existem-as-conferencias-episcopais
  6. Discurso do Papa Bento XVI aos bispos do Regional Centro Oeste da CNBB - 15 de Novembro de 2010
  7. Constituição Dogmática Lumen Gentium - sobre a Igreja
  8. João Paulo II, Carta Apostólica "Apostolos suos" - 21 de Maio de 1998
  9. Código de Direito Canônico
  10. J. Ratzinger - V. Messori, A Fé em Crise? O Cardeal Ratzinger se interroga. EPU, São Paulo, 1985, p.40-41.
  11. http://www.veritatis.com.br/inicio/espaco-leitor/5892-leitor-pergunta-sobre-a-autoridade-dos-documentos-da-cnbb
  12. http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/10/para-presidente-da-cnbb-bispo-de-guarulhos-agiu-dentro-da-normalidade.html

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