Todo discurso, sobre qualquer assunto, desmorona se não tem por base o
problema da verdade. A possibilidade da verdade é a possibilidade de se
afirmar ou negar qualquer coisa.
Quem diz: “A verdade é relativa”, está se contradizendo, porque está
fazendo uma afirmação. Qualquer afirmação só se sustenta se ela for
verdadeira.
O problema da verdade é de elevada importância principalmente para os
jovens. Quando crianças, são totalmente dependentes da tradição, isto é,
de tudo que lhes chega através de seus pais, formadores, do ambiente.
Não têm capacidade intelectual para duvidar ou criticar o que não for
absurdo absoluto. Quando já têm a possibilidade e um pouco de capacidade
intelectual, já podem emitir alguns juízos, alguns falsos, outros
verdadeiros. Certo é que a sede pela verdade acompanha quem tem vontade
de viver, isto é, a princípio, todos os seres humanos.
Na fase de transição entre a infância e a idade adulta (idade
intelectual, mais que física, apesar da dependência do intelecto das
estruturas físicas), o jovem percebe que muitas das suas crenças se
mostraram falsas. É levado às vezes, por desejo de verdade, a combater
os antigos erros.
Acontece que nessa fase de “rebeldia” ou “revolução” intelectual, o
jovem pode descartar, junto com as mentiras, algumas verdades, e em
certos casos, a própria possibilidade da verdade. Neste último caso,
temos um quadro de “relativismo”, que pode levar até a uma “depressão
intelectual”, causada pela perda do sentido da própria existência, já
que a existência é uma verdade. O relativismo é particularmente a doença
da época contemporânea.
Não nos cabe aqui discorrer sobre os diversos tipos de relativismo, sua
gênese e desenvolvimento. Mas é preciso dizer, como já insinuamos, que a
verdade existe e é possível e necessário conhecê-la.
A verdade é a adequação de nossa mente às coisas. A existência da
verdade como algo objetivo e universal, invariável e superior a qualquer
opinião é uma certeza do senso comum necessária. Se é verdade que a
verdade não existe, como querem os relativistas, então existe a verdade.
Se, também, se admite que existem várias verdades, mesmo que umas
contradigam as outras, isso nada mais é que falsidade, mera opinião,
obstinação no erro.
Só a partir do princípio fundamental e inegável da possibilidade da
verdade é que poderemos obter a paz de espírito, tão desejada por todos.
A instabilidade gerada pela negação da verdade é a razão para a negação
do próprio homem, da moralidade, da bondade, da beleza, do bem. A busca
pela verdade total é a própria felicidade, um caminho a percorrer, não
um objetivo distante a que posso descuidar.
Admitida a possibilidade da verdade, abre-se portas para a descoberta
das "outras verdades" negadas ou roubadas, a saber, sobre Deus, sobre a
existência, sobre o homem, sobre a religião, sobre a natureza, sobre a
vida humana e a história.
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