quinta-feira, 24 de julho de 2014

103. A análise articulada e aprofundada das «res novæ» [coisas novas, os novos tempos a que se referia Leão XIII na Rerum novarum], e especialmente a grande guinada de 1989, com a derrocada do sistema soviético, contém um apreço pela democracia e pela economia livre, no quadro de uma indispensável solidariedade.
312. A globalização da economia, com a liberalização dos mercados, o acentuar-se da concorrência, o aumento de empresas especializadas no fornecimento de produtos e serviços, requer maior flexibilidade no mercado do trabalho e na organização e na gestão dos processos produtivos. No juízo sobre esta delicada matéria, parece oportuno reservar uma maior atenção moral, cultural e no âmbito dos projetos, ao orientar o agir social e político sobre as temáticas ligadas à identidade e aos conteúdos do novo trabalho, num mercado e numa economia que também são novos. As modificações do mercado do trabalho, não raro, são um efeito da modificação do trabalho mesmo e não a sua causa.
335. Na perspectiva do desenvolvimento integral e solidário, pode-se dar uma justa apreciação à avaliação moral que a doutrina social oferece sobre a economia de mercado ou, simplesmente, economia livre: «Se por “capitalismo” se indica um sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada e da consequente responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade humana no sector da economia, a resposta é certamente positiva, embora talvez fosse mais apropriado falar de “economia de empresa”, ou de “economia de mercado”, ou simplesmente de “economia livre”. Mas se por “capitalismo” se entende um sistema onde a liberdade no setor da economia não está enquadrada num sólido contexto jurídico que a coloque ao serviço da liberdade humana integral e a considere como uma particular dimensão desta liberdade, cujo centro seja ético ereligioso, então a resposta é sem dúvida negativa»[Centesimus annus, 42]. Assim se define a perspectiva cristã acerca das condições sociais e políticas da atividade econômica: não só as suas regras, mas a sua qualidade moral e o seu significado.
336. A doutrina social da Igreja considera a liberdade da pessoa em campo econômico um valor fundamental e um direito inalienável a ser promovido e tutelado [...]
Então a Igreja aprova o contrário, o capitalismo? Não, há restrições a fazer, e não é uma escolha excelente. A Igreja faz sempre críticas também ao capitalismo.
Coloca-se um dilema — inexistente — entre socialismo e capitalismo, como se tivéssemos que escolher entre esses dois, considerando um bom e o outro ruim. A verdade é que o capitalismo é ruim, mas o socialismo é pior.
O principal ponto negativo do Capitalismo, condenado pela Igreja, é a separação entre Economia e Moral, que foi uma consequência da separação entre Igreja e Estado.
Um segundo ponto negativo do Capitalismo — também condenado — foi a livre concorrência absoluta na Economia. A livre concorrência absoluta favorece, por exemplo, o produto que dá mais lucro, geralmente o de pior qualidade, entre outras consequências.

Logo, temos pelo menos dois pontos negativos do capitalismo: 1) a separação entre Economia e Moral e 2) a Livre Concorrência Absoluta.
Se o Capitalismo tem esses dois pontos negativos, ele manteve, entretanto, dois pontos positivos:
1) continuou a admitir o direito de propriedade particular, que é um direito natural, direito que a Igreja sempre defendeu;
2) o capitalismo permite a livre iniciativa. Cada um pode trabalhar do modo que melhor lhe aprazer.
O Socialismo, ao contrário:
1) combate o direito de propriedade particular; por isso é um sistema anti-natural, essencialmente mau;
2) combate a livre iniciativa, pois o Estado é o controlador da economia, e o trabalhador é apenas uma peça do sistema econômico.
Não se trata de escolher entre Capitalismo e Socialismo ou entre Liberalismo e Comunismo. Entre dois males, se não houver outra via, deve-se escolher o mal menor, o mal que permite ainda a existência de uma certa ordem e de um certo bem.
Assim, entre Socialismo e Capitalismo, é preferível o Capitalismo, pois permite a propriedade particular e a liberdade econômica.
Frisando: no capitalismo, está de acordo com a Igreja o reconhecimento do direito natural a ter propriedade particular, assim como o direito de livre iniciativa, contra o coletivismo e o dirigismo socialista. Entretanto, a Igreja condena, e sempre condenou, no capitalismo, a separação entre economia e moral, típico princípio liberal, como condena também a livre concorrência absoluta e sem freio, que, de fato, acaba com a própria concorrência.
Portanto, a Igreja não apoia o capitalismo sem nenhuma restrição, mas também não o condena em absoluto, como fez com o socialismo.

sábado, 19 de julho de 2014


Depois de nossas Orientações para as Eleições segundo os critérios da Doutrina Social da Igreja (DSI), cumprimos o prometido e oferecemos um comparativo e análise das propostas de 6 candidatos à Presidência da República nas eleições de 2014.


 Observações preliminares:

  1. Essa análise foi feita por leigos católicos, por livre iniciativa, sem qualquer vínculo com partidos ou organizações políticas.
  2. Não representa uma opinião oficial da Igreja Católica e não foi por Ela encomendada. A Doutrina Social da Igreja não apresenta programas de governo e não tem candidatos oficiais, e os clérigos estão proibidos pelo Direito Canônico de tomar parte ativa na política partidária (c. 287 §2). Por isto, nós leigos tomamos a peito fazer este trabalho.
  3. Os dados das propostas foram todos tirados de fontes oficiais e verificáveis pelos links indicados.
  4. As avaliações das propostas segundo os critérios da DSI são todas coerentes com as já referidas Orientações e com o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, salvo qualquer equívoco nosso na análise dos dados, cuja indicação de correção será bem-vinda.

Análise das propostas


Fizemos a listagem das propostas concretas apresentados pelos candidatos, de acordo com o divulgado oficialmente pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Como cada candidato/partido formatou suas propostas de maneiras diferentes, tentamos agrupar as propostas segundo temas: Diretrizes gerais, Assistência e políticas sociais, Noções de direitos humanos, Noções de Governo, Estado e democracia, Saúde, Cultura, Segurança, Infraestrutura, Educação, Meio ambiente e Economia. Na tabela comparativa mantivemos essa estrutura, mas nas análises individuais das propostas agrupamos os temas tentando conciliar o formato apresentado pelo candidato.
Nossa avaliação está indicada por um sistema de cores: em vermelho o que é contra a DSI e em verde o que está de acordo com a DSI. Em amarelo, pontos que merecem atenção. O que não está marcado são questões discutíveis ou técnicas, propostas genéricas, óbvias ou que não cabe esta avaliação.
O que estiver em itálico é comentário nosso, bem como as notas no rodapé. O restante é das fontes citadas no documento.

Índice DSI


Criamos um índice ou sistema de notas para atribuir uma nota geral ao candidato comparando e confrontando suas propostas à Doutrina Social da Igreja. As notas atribuídas levam em conta nossa percepção sobre as propostas de acordo com as fontes citadas e não pretendem ter rigor científico.
Foram atribuídas notas -1 (ruim), 0 (neutro/regular) ou +1 (bom) a cada um dos itens de avaliação (histórico, defesa da vida e da pessoa, defesa família, liberdade educação, solidariedade/social, descentralização, livre iniciativa, liberdade expressão, liberdade religiosa, propriedade privada, opção pelos pobres, noções de direitos humanos). O partido também recebe avaliação, que ao final compõe a nota final pela soma entre a nota do candidato e a do partido. Os detalhes da composição das notas obtidas estão nos documentos a seguir.

Os candidatos

Analisamos as propostas de 6 candidatos: 
  • os 3 apresentados pelas pesquisas com maior intenção de votos: Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB),
  • mais outros 3 que tem propostas mais coerentes com a Doutrina Social da Igreja: Everaldo Pereira (PSC), José Maria Eymael (PSDC) e Levy Fidélix (PRTB).
Não incluímos as propostas dos candidatos do PV, PSTU, PSOL e PCB porque apresentam grande divergência com a Doutrina Social da Igreja (os motivos são os mesmos apresentados na análises dos três primeiros candidatos), além de terem intenção de voto irrisória (o que nos poupa o trabalho).

Comparativo e análises

Os arquivos estão em formato pdf. Clique para visualizar ou baixar.

Análises individuais completas: 

Clique no link para visualizar ou baixar.



 Notas (índice DSI):

Para detalhes, não deixe de ver os documentos acima.
Candidato / Vice / Coligação
Link p/ análise da proposta
Nota (índice DSI) do Candidato
Nota (índice DSI) do Partido
Nota final:
Dilma Rouseff – PT
Michel Temer – PMDB
PT, PMDB, PDT, PCdoB, PP, PR, PSD, PROS, PRB
-21
-10
-31
Aécio Neves – PSDB
Aloysio Nunes – PSDB
PMN, SD, DEM, PEN, PTN, PTB, PTC, PTdoB
3
-2
1
Eduardo Campos – PSB
Marina Silva – PSB
PHS, PRP, PPS, PPL, PSB, PSL
-12
-22
-34
Everaldo – PSC
Leonardo Gadelha - PSC
51
38
89
José Maria Eymael – PSDC
Belsasar Roberto Lopes – PSDC
48
34
82
Levy Fidélix – PRTB
José Alves de Oliveira - PRTB
57
18
75
  

Atualização (21/08/2014):
  1. Com a morte do candidato Eduardo Campos, julgamos a análise continua a mesma com a candidata Marina Silva, pois o programa não mudou.
  2. Para orientar a decisão de voto, leia também:

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Estamos inscrevendo para a 11ª turma do Curso de Iniciação Teológica.
O curso inicia em 1º de agosto e é possível se inscrever até 7 de agosto.

Mais detalhes e inscrição aqui: http://www.cursoscatolicos.com.br/2011/12/curso-de-iniciacao-teologica.html

sábado, 12 de julho de 2014

Desejamos oferecer aos nossos leitores uma série de critérios que orientem uma boa escolha entre os candidatos aos diversos cargos políticos.
http://www.cursoscatolicos.com.br/2014/08/curso-de-doutrina-social-da-igreja.html
Conheça o Curso online de Doutrina Social da Igreja

Ainda que os critérios sejam baseados na Doutrina Social da Igreja Católica, "é proposto também aos irmãos de outras Igrejas e Comunidades Eclesiais, aos sequazes de outras religiões, bem como a quantos, homens e mulheres de boa vontade, se empenham em servir o bem comum: queiram-no acolher como o fruto de uma experiência humana universal" (DSI, 12). Em geral, os crentes de todas as denominações cristãs acolhem e encontram na DSI um guia seguro para questões sociais, pois não trata de doutrinas religiosas.

Depois de ler estas orientações, acompanhe também (links no fim do texto) o comparativo que fizemos das propostas de governo dos candidatos à Presidência da República para as eleições de 2014 e 2018.

Apresentamos aqui as orientações de forma sintética, quase totalmente cópia dos seguintes sites. O leitor interessado poderá se aprofundar nas fontes que utilizamos:
  • http://www.presbiteros.com.br/site/orientacoes-sobre-politica-e-eleicoes-d-fernando-rifan/
  • http://www.catolicismoverdade.com.br/2010/09/orientacoes-e-criterios-para-as.html
  • http://portalcatolico.org.br/portal/eleicoes-2006-orientacoes-da-cnbb/
  • http://diocesedeguarulhos.org.br/site/index.php/criterioseleicoes/
  • http://www.arquidiocesejuizdefora.org.br/downloads/documentos/1/mensagem_eleicoes_2012.pdf
Contribuições serão bem-vindas, através dos comentários do blog ou pelo email: contato@martyria.com.br.

Orientações básicas iniciais


  1. Ninguém deve anular o voto ou votar em branco. Nesse caso, poderá estar favorecendo a quem não é digno. 
  2. Se o melhor candidato não é o melhor nas pesquisas, não importa; desperdício é votar em quem não quer para não "perder o voto". Eleição não é bolão. Se todos parecem ruins, vote no menos ruim. Porém, é válido o voto estratégico em um candidato que não é o melhor de todos, mas o melhor para o momento (para evitar um segundo turno ruim, para não diluir os votos entre candidatos inexpressivos, etc.)
  3. Nunca se deve aceitar doações em dinheiro, ou em bens materiais, ou qualquer outro benefício de candidatos em troca do voto. Quem vende seu voto, vende sua dignidade.
  4. O candidato deve defender a dignidade da pessoa humana em primeiro lugar. Esse é o primeiro princípio da DSI, que informa toda a ação política e social. Informe‐se a respeito da postura do candidato, se vai defender a vida humana desde a concepção (fecundação) até o seu fim natural, mesmo que não esteja em seu programa. Um governo que não respeita esse critério básico tem uma noção invertida da realidade.
  5. Informe‐se a respeito do desempenho político do candidato e se ele tem ficha limpa. Não vote em candidato que tenha histórico de corrupção. Avalie a postura ética e as realizações feitas pelo candidato em ocasiões antecedentes. Se ele foi inoperante ou oportunista, se ele não tem projetos realizáveis, não deve confiar‐lhe o voto.
  6. Acompanhe a propaganda eleitoral, os debates, as entrevistas, porém saiba que podem utilizar da mentira, da simulação e de estratégias de marketing e convencimento. Estude sobre política e sobre a Doutrina Social da Igreja. 
  7. Avalie o Partido do candidato. No atual regime de governo e eleitoral, o partido pode mandar mais que o candidato eleito. O político é fiel às diretrizes do Partido. 

Critérios práticos para avaliação

(DOS BISPOS DO ESTADO DO RIO DO REGIONAL LESTE 1 DA CNBB)

  1. O primeiro critério para votar em um candidato é a defesa da dignidade da Pessoa Humana e da Vida em todas as suas manifestações, desde a sua concepção até o seu fim natural com a morte. Rejeitamos veementemente toda forma de violência, bem como qualquer tipo de aborto, de exploração e mercado de menores, de eutanásia e qualquer forma de manipulação genética.
  2. O segundo critério é a defesa da Família na qual a pessoa cresce e se realiza. Por isso devem ser votados aqueles candidatos que incentivam, com propostas concretas, o desenvolvimento da família segundo o plano de Deus. Opõem-se ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, à adoção de crianças por casais homoafetivos, à legalização da prostituição, das drogas e ao tráfico de mulheres.
  3. O terceiro critério é a liberdade de Educação pela qual os pais têm o direito de educar os filhos segundo a visão de vida que eles julguem mais adequada. Isso comporta uma luta pela qualidade da escola pública e pela defesa da escola particular, defendendo o ensino religioso confessional, de acordo com o princípio constitucional da liberdade religiosa, reconhecido também no recente Acordo entre Brasil e Santa Sé.
  4. O quarto critério é o princípio da solidariedade, segundo o qual o Estado e as famílias devem ter uma particular atenção preferencial pelos pobres, àqueles que são excluídos e marginalizados. Deve-se garantir uma cidadania plena para todos/as, assegurando o pleno exercício dos direitos sociais: trabalho, moradia, saúde, educação e segurança. 
  5. O quinto critério é o princípio de subsidiariedade, ou seja, haja autonomia e ação direta participativa dos grupos, associações e famílias fazendo o que podem realizar, sem interferências ou intromissões do Estado. Este deve apoiar e subsidiar, nunca abafar ou sufocar as liberdades e a criatividade das pessoas. Assim elas poderão exercer uma cidadania ativa e gestora. 
  6. Enfim, diante de uma situação de violência generalizada, os candidatos devem, de forma concreta e decidida, comprometer-se na construção de uma Cultura da Paz em todos os níveis, particularmente na educação e na defesa da infância e da adolescência. 

Orientações gerais

 1. GRAVIDADE DA SITUAÇÃO POLÍTICA ATUAL

A situação política atual é de fato decadente. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. 
Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus, ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões.

2. A POLÍTICA E O BEM COMUM 

Segundo Aristóteles, “o homem é por natureza um animal político, destinado a viver em sociedade” (Política, I, 1,9). E, continua Aristóteles, “toda a cidade é evidentemente uma associação, e toda a associação só se forma para algum bem, dado que os homens, sejam eles quais forem, tudo fazem para o fim do que lhes parece ser bom”. E Santo Tomás de Aquino cunhou o termo bem comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade, dando-o como finalidade do Estado. 
“A comunidade política existe… em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. Quanto ao bem comum, ele compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes). 
Daí se conclui que a cidade – o Estado – exige um governo que a dirija para o bem comum. Por isso não se pode separar a política do poder. 
Assim sendo, a política é de interesse e responsabilidade de todos os cidadãos. Todos têm essa grave responsabilidade na escolha daqueles que vão deter o poder e no acompanhamento das administrações públicas, pois é o bem comum que está em jogo. 
Quando o exercício do poder, executivo ou legislativo, ao invés da procura do bem comum, se transforma em instrumento para se obter benefícios particulares, quando o poder legislativo não se propõe fiscalizar mas ser conivente com os desmandos do executivo, quando, nas eleições, já se antevê o jogo da corrupção e os candidatos apostando mais na força do dinheiro do que na força da persuasão de suas propostas administrativas, então as previsões não são de uma política sadia para o bem de todos os concidadãos. 

3. AS FORMAS DE GOVERNO 

Discute-se muito qual seria a melhor forma de governo. Para a maioria dos sociólogos cristãos a melhor forma de governo seria a monarquia. Para Winston Churchil, a democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras! Para  Santo Tomás de Aquino, a melhor forma de governo seria a monarquia, temperada com a aristocracia e a democracia. Ou seja, uma só cabeça, que, seguindo os conselhos dos melhores e ouvido o povo, governasse harmonicamente a sociedade. 
O Papa Leão XIII solucionou essa discussão dizendo que qualquer forma de governo, desde que correta, poderia se enquadrar dentro dos princípios cristãos e ser apoiada pelos católicos.  
O mal são os abusos e as deteriorizações. A corrupção da monarquia é a tirania, o absolutismo, o despotismo. A corrupção da aristocracia é a oligarquia, o governo das “mafias”, das “panelinhas”. E a corrupção da democracia é a demagogia, o populismo. 
Assim como a melhor forma de governo seria a união do que há de melhor nas tres modalidades, monarquia, aristocracia e democracia, assim também a pior forma de governo seria a união das deteriorizações e abusos das três formas de governo.  
Já imaginaram um governo demagógico, ao mesmo tempo tirânico e mafioso?
Os frutos desse desgoverno serão a insegurança, a perseguição, o pânico, o triunfo da marginalidade, a corrupção das instituições, a anarquia, o caos social. Será que já estamos vivenciando isto?

4. LIBERDADE RESPONSÁVEL E RELIGIÃO

 “O desenvolvimento humano integral supõe a liberdade responsável da pessoa e dos povos, pois nenhuma estrutura pode garantir tal desenvolvimento fora e acima da responsabilidade humana” (Bento XVI, Enc. Caritas in veritate).  
Como a palavra “liberdade” está sujeita a muitas interpretações errôneas, a Igreja, no seu Catecismo, faz questão de nos ensinar o seu correto significado: 
“O exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo. Fugindo da lei moral, o homem prejudica sua própria liberdade, acorrenta-se a si mesmo, rompe a fraternidade com seus semelhantes e rebela-se contra a verdade divina. O direito ao exercício da liberdade é uma exigência inseparável da dignidade do homem, sobretudo em matéria religiosa e moral. Mas o exercício da liberdade não implica o suposto direito de tudo dizer e fazer. ‘É para a liberdade que Cristo nos libertou’ (Gl 5,1).”
O Estado não pode ignorar a religião. Quando Deus é destronado, uma ideologia material toma seu lugar.
“A Igreja convida os poderes políticos a referir seu julgamento e suas decisões a esta inspiração da verdade sobre Deus e sobre o homem: ‘As sociedades que ignoram esta inspiração ou a recusam em nome de sua independência em relação a Deus são levadas a procurar em si mesmas ou a tomar de uma ideologia os seus referenciais e os seu objetivos e, não admitindo que se defenda um critério objetivo do bem e do mal, arrogam a si, sobre o homem e sobre seu destino, um poder totalitário, declarado ou dissimulado, como mostra a história’ (João Paulo II, encíclica Centesimus Annus).”    
“A tal propósito, convém recordar uma verdade que hoje nem sempre é bem entendida ou formulada com exatidão na opinião pública corrente; a de que o direito à liberdade de consciência e, de modo especial, à liberdade religiosa, proclamado pela Declaração Dignitatis humanae do Concílio Vaticano II, está fundado sobre a dignidade ontológica da pessoa humana e, de maneira nenhuma, sobre uma inexistente igualdade entre as religiões e os sistemas culturais humanos”. 
Isso não significa tolerar o erro das religiões. Quando uma doutrina religiosa não respeita a dignidade humana em qualquer de seus aspectos (como as que fazem uso da violência), significa que é uma falsa religião, uma anti-religião. Desta religião anti-humana o Estado tem o dever de defender seu povo.

5. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS              

Na política, o católico, e quem acredite no Evangelho, deve estar bem ciente dos princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja, que devem servir de pauta à sociedade, baseados na lei natural e na busca do bem comum, e ver se os seus candidatos adotam esses princípios (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja do Pontifício Conselho “Justiça e Paz”). 

1º. Subordinação da ordem social à ordem moral estabelecida por Deus:

“A solução dos graves problemas nacionais e internacionais não é apenas uma questão de produção econômica ou de uma organização jurídica ou social, mas requer valores ético-religiosos específicos, bem como mudanças de mentalidade, de comportamento e de estruturas” (João Paulo II, Centesimus annus 60).
“Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século, erro destrutivo, como demonstram os resultados tanto dos sistemas marxistas como inclusive dos capitalistas. Falsificam o conceito de realidade com a amputação da realidade fundante, e por isso decisiva, que é Deus. Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito de ‘realidade’ e, em conseqüência, só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas” (Bento XVI, Discurso inicial em Aparecida, 3). 

À luz da doutrina cristã, todos são pessoas, porque igualmente criados à imagem e semelhança de Deus e remidos pelo sacrifício de Jesus Cristo: qualquer ser humano passou a ser pessoa através das idéias cristãs do amor fraterno e da igualdade perante Deus. O bem de cada pessoa e de todos em comum está acima dos interesses de grupos, de indivíduos, da economia, e de todos os outros seres. O homem é o ápice da criação de Deus e é administrador de todas as realidades do mundo.


Solidariedade aqui é sinônimo de “amizade” (Leão XIII), “caridade social” (Pio XI) e “civilização do amor” (Paulo VI).
“O homem deve contribuir, com seus semelhantes, para o bem comum da sociedade, em todos os seus níveis. Sob este ângulo, a doutrina da Igreja opõe-se a todas as formas de individualismo social ou político” (CDF, Nota Doutrinal acima citada) 

4º. A busca do bem comum 

Ou seja, “o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, 26).

5º. A opção preferencial pelos pobres:

“O Estado, na proteção dos direitos particulares, deve preocupar-se, de maneira especial, dos fracos e dos indigentes. A classe rica tem menos necessidade da tutela pública. A classe indigente, ao contrário, sem riquezas que a ponham a coberto das injustiças, conta principalmente com a proteção do Estado. Que o Estado se faça, pois, sob um particularíssimo título, a providência dos trabalhadores, que em geral pertencem à classe pobre” (Leão XIII, Rerum Novarum 20). 

6º. Não ao império do dinheiro, à tendência de “converter o lucro em valor supremo” (Bento XVI,Discurso inicial em Aparecida, 2), posto acima da moral. Não, portanto, ao “capitalismo selvagem”. Sim ao capitalismo sadio: sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, da propriedade privada, da responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade humana: economia de mercado

7º. Não ao socialismo

“Os cristãos, hoje em dia, sentem-se atraídos pelas correntes socialistas e pelas suas diversas evoluções… contudo, tal corrente foi e continua a ser, ... incompatível com a fé cristã” (Paulo VI, Octogesima Adveniens, 31).
“Podem resumir sua teoria nesta fórmula única: a abolição da propriedade privada” (Manifesto do Partido Comunista, pp 62 e 38 – Marx e Engels).
“O socialismo, como doutrina ou fato histórico ou ação, se é verdadeiro socialismo, não pode conciliar-se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã” (Pio XI, Quadragesimo Anno, 117). 
 Portanto, nenhum partido socialista ou comunista deve ser votado por um cristão. Saiba mais:

8º. Subsidiariedade ou ação subsidiária do Estado, que não absorva a iniciativa das famílias e dos indivíduos.

Baseado no princípio de que o homem é anterior ao Estado e que a sociedade doméstica tem sobre a sociedade civil uma prioridade lógica e uma prioridade real, Pio XI ensina: 
“Assim como é injusto subtrair aos indivíduos o que eles podem fazer com a própria iniciativa para confiá-lo à coletividade, do mesmo modo passar para uma sociedade maior e mais elevada o que sociedades menores e inferiores poderiam conseguir é uma injustiça, um grave dano e perturbação da boa ordem social”.
“Não é justo que o indivíduo ou a família sejam absorvidos pelo Estado” (Leão XIII, Rerum Novarum, 52). 
Que as famílias possam ter iniciativa privada, por exemplo, para construir creches e escolas, sem que o Estado possa interferir, mas sim, subsidiar. Que haja, pois, da parte do Estado, incentivo e subsídio à iniciativa privada na geração de empregos e na educação.   
Nem, portanto, o Estado gigante do socialismo, nem o Estado raquítico do libertarianismo. Nem o Estado onipresente, nem o Estado omisso. A expressão “Estado forte” pode muitas vezes clamufar o significado de um Estado gigante, que não adota o princípio da subsidiariedade. Governos, tanto federais, como estaduais e municipais, que detêm a maioria dos empregos na sociedade, onde a maioria vive em função do governo e dele dependente, são realmente Estados gigantes que não adotam o princípio da subsidiariedade. 

9º. Prioridade do trabalho sobre o capital

“Ambos têm necessidade um do outro: não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital” (Leão XIII, Rerum Novarum, 28).
“O trabalho é causa eficiente primária, o capital é um instrumento ou causa instrumental”.
“É preciso acentuar o primado do homem no processo de produção, o primado do homem em relação às coisas” (João Paulo II, Laborem exercens, 12). 
10º. Destinação universal dos bens, sem prejuízo do direito de propriedade privada.
“O direito à propriedade privada está subordinado ao direito ao uso comum, subordinado à destinação universal dos bens” (João Paulo II, Laborem exercens, 19).   
Destinação e uso universal não significam que tudo esteja à disposição de cada um ou de todos, e nem mesmo que a mesma coisa sirva ou pertença a cada um ou a todos, mas que todo o homem deve ter a possibilidade de usufruir do bem-estar necessário para o seu pleno desenvolvimento

6. “DIREITOS HUMANOS”

O atual governo elaborou um plano ou proposta de ação para agora e para o futuro, uma carta de intenções, que tem provocado justas reações adversas, pois contraria princípios da lei natural e divino-positiva, bem como normas da verdadeira democracia. Chama-se “Programa nacional de Direitos Humanos 3 – PNDH-3”.
A propósito desse Programa, a CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fez sua declaração, na qual, entre outras afirmações, se lê: 
 “A Igreja se baseia na concepção de Pessoa Humana que lhe advém da fé e da razão natural. Diante de tantos reducionismos que consideram apenas alguns aspectos ou dimensões do ser humano, é missão da Igreja anunciar uma antropologia integral, uma visão de pessoa humana criada à imagem e semelhança de Deus e chamada, em Cristo, a uma comunhão de vida eterna com o seu Criador. A pessoa humana é, assim, sagrada, desde o momento de sua concepção até o seu fim natural. ‘A fonte última dos direitos humanos não se situa na mera vontade dos seres humanos, na realidade do Estado, nos poderes públicos, mas no próprio ser humano e em Deus seu Criador’ (Compêndio de Doutrina Social da Igreja, 153). Tais direitos são ‘universais, invioláveis e inalienáveis’ (JOÃO XXIII,  Pacem in Terris, 9)”.
 “A CNBB reafirma sua posição, muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, e contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de ‘mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União’, pois considera que tal medida intolerante pretende ignorar nossas raízes históricas”.
"A sociedade brasileira já se manifestou a respeito do retrocesso democrático e do caráter autoritário destas propostas governamentais. A dimensão ética defendida pelo Programa impõe a ditadura da laicidade, não respeita a nação brasileira que é religiosa, fere a lei natural, manipula a autêntica visão dos Direitos Humanos, transformando-os em direitos arbitrários. Repudiamos toda lei ou doutrina que em nome dos Direitos Humanos, defende o aborto, destrói a família, desrespeita o direito natural e impõe o pensamento de uma minoria.”
Dom Aldo de Cillo Pagotto, Arcebispo da Paraíba, PB, ressalta ademais que
o decreto reflete a ideologia marxista, inspirando a libertação do povo. Assim desde os anos 70 apregoam os fautores da esquerda festiva. Notemos duas mudanças anticonstitucionais no texto do tal decreto. Primeira: a desestabilização do legítimo direito de propriedade, ao fomentar invasões de propriedades pelos movimentos e organizações populares (leia-se MST, congêneres). Segunda: praticamente legitima a invasão e a tomada de propriedades, pelo exercício de mediação entre invasores e vítimas de invasão, antecedendo uma eventual decretação de reintegração de posse, por parte do juiz. Pela Constituição, invasão é crime. Pelo novo decreto, invasores adquirem status legal dos antigos proprietários. Essas propostas açodam a insegurança no campo. Não se trata de ocupar terras devolutas, mas invadir propriedades produtivas… A grande aberração do documento é manipular os Direitos Humanos, transformados em panacéia de ideologia. Vejam só! O decreto estabeleceria a profissão para prostitutas. Ora, as pessoas que se tornaram vítimas da difícil ‘vida fácil’, por certo gostariam de se libertar dessa triste condição vexatória. O decreto estatui a prostituição, a promiscuidade…”.

7. HOMOFOBIA E CULTURA HOMOSSEXUAL  

Na linha de Santo Agostinho, que dizia que Deus odeia o pecado, mas ama o pecador, adotamos, nesse assunto, a posição do Catecismo da Igreja Católica (2357-2359), que nos ensina que as pessoas que apresentam inclinação homossexual, objetivamente desordenada, devem ser acolhidas com respeito e compaixão, evitando-se para com elas todo sinal de discriminação injusta. Elas também são chamadas à virtude e à santidade, que podem alcançar com o autodomínio e a graça de Deus. Somos, portanto, contra a homofobia. 
Diferente disso, está a atual cultura homossexual, com propagandas, passeatas e promoções de todo o tipo, incentivando, clara ou sublinarmente, que os atos objetivos de homossexualidade seriam algo normal e de acordo com a moral, sendo apenas uma questão de "opção sexual", o que é um grave erro. 
São Paulo, apóstolo, fala “com lágrimas”, que muitos “se gloriam daquilo de que se deveriam envergonhar” (Epístola aos Filipenses 3,19). E, referindo-se aos pecados e perversidade dos pagãos, o mesmo apóstolo nos recorda a moral natural: 
“Por isso, Deus os abandonou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador… Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario” (Epístola aos Romanos 1, 24-27).   
Ademais, contra injustiças que venham a ser praticadas contra essas pessoas, já existem leis suficientes. Ninguém deve ser vítima de violência, de difamação ou outros crimes, independente de qualquer condição da pessoa. Criar nova classe de pessoas e direitos é estimular ainda mais os preconceitos.

8. O PROBLEMA DA TERRA 

A) A QUESTÃO AGRÁRIA           
Nessa polêmica questão, há que, inicialmente, recordar o princípio dado pelo Papa Leão XIII, o Papa da questão social, de que não há solução para os problemas sociais e econômicos sem o concurso das virtudes morais e religiosas. Os problemas econômicos em geral não são só econômicos; são sobretudo morais. Daí a necessidade de soluções morais.
Assim, a Igreja prega o desapego dos bens materiais, combate a ganância e a ambição, mas defende o direito de propriedade, pois o 7o Mandamento da Lei de Deus, ‘Não furtar’, supõe evidentemente que cada um tenha o direito de possuir o que é seu, verdade reafirmada no 10o Mandamento, ‘Não cobiçar as coisas alheias’.
Ademais, a doutrina cristã ensina que a paz não virá da igualdade absoluta de uma sociedade sem classes, mas da cooperação fraternalmente cristã de classes sociais dispostas hierarquicamente de modo proporcional e harmônico, sob os ditames da justiça e da caridade, que assim diminuirão a distância entre essas classes. 
Vale recordar o que já dizia Abraham Lincoln no Congresso dos EUA em 1860: 
“Não se pode criar prosperidade desencorajando a poupança; fortalecer o fraco enfraquecendo o forte; ajudar o assalariado destruindo o patrão; favorecer a fraternidade humana encorajando a luta de classes; ajudar os pobres arruinando os ricos; evitar aborrecimentos gastando mais do que se ganha; ajudar os homens fazendo por eles o que eles próprios podem fazer”. 
B) A REFORMA AGRÁRIA 
O meio universal de prover às necessidades da vida é o trabalho, quer se exerça em terreno próprio quer no alheio. Por isso a Igreja advoga que haja, para todos, trabalho digno remunerado com justiça.
E a Reforma Agrária compulsória e fragmentadora, de estilo socialista e confiscatório, não encontra respaldo na doutrina cristã e na Lei de Deus.

C) A INVASÃO DE TERRAS 
"Nem a justiça, nem o bem comum consentem danificar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum pretexto’ (Rerum Novarum, 55)”. 
“A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas” (João Paulo II, Discurso aos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, na sua visita “ad limina”, março de 1996). 

9. POLÍTICA E COERÊNCIA CRISTÃ

 “Também para o cristão é válido que, se ele quiser viver a sua fé numa ação política, concebida como um serviço, não pode, sem se contradizer a si mesmo, aderir a sistemas ideológicos ou políticos que se oponham radicalmente, ou então nos pontos essenciais, à sua mesma fé e à sua concepção do homem…” (cf. Paulo VI, Octogesima Adveniens, 26). 

10. QUEM VENCE AS ELEIÇÕES?                                                          

Nem sempre vence as eleições quem merece nem quem deveria vencer. Por quê?
É a grande discussão sociológica e filosófica sobre a verdadeira representatividade. Muitas vezes o povo vota influenciado pela propaganda, pelos formadores de opinião, pelas pesquisas, sem muita reflexão e conhecimento pleno do que significa o seu voto.  
Jesus foi condenado à morte, a pedido da maioria da população. Mas, por que Jesus perdeu essa eleição? A morte de Jesus foi realmente o desejo da maioria do povo? Jesus, tão querido por todos, cercado pelas multidões, aclamado pela população ao entrar em Jerusalém, foi condenado por esse mesmo povo, cinco dias depois?! Ou será que esse povo foi manobrado por uma minoria ruim, mas muito hábil? O Evangelho diz que os chefes, os manipuladores de opinião, influenciaram o povo a que pedisse Barrabás e condenasse Jesus. Ele mesmo, ao morrer na cruz, pediu por eles perdão ao Pai, dizendo que eles não sabiam o que faziam. Já não eram mais povo; tinham se tornado massa. 
Uma ocasião para se perceber a diferença entre povo e massa são as eleições. Quem vota em quem grita mais, dá mais dinheiro, agrada mais, é povo ou massa? Quem vota sem refletir ou raciocinar, quem é levado só pela propaganda e não pela verdade e pela razão, é povo ou massa? É homem ou irracional? Votemos como povo e não como massa.  
               

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terça-feira, 1 de julho de 2014

Há uma tendência mundial de revalorização do ensino/aprendizagem do latim. Reunimos aqui uma série de links que tratam do assunto:


 Curso de Latim online, clique aqui.

 Por que um estudante de 2013 deveria ainda estudar Latim? A resposta é que o Latim serve para tudo.


 Original italiano: http://www.tempi.it/blog/perche-uno-studente-del-2013-dovrebbe-ancora-studiare-il-latino-la-risposta-e-che-il-latino-serve-a-tutto#.Ubn9cpwhUdh


Traduzido por Pe. Giovanni Battaglia. Agradecimento especial à aluna de Formação Católica Online,
Mª Tereza Venancio da Silva, que fez contato com o padre. Grifos nossos.
 

Estamos nas últimas semanas de inscrição para as escolas superiores (colegiais).

Outro dia uma mãe me perguntou qual a diferença existente entre um “Curso” com ou sem latim (uma opção sempre mais comum) . Os alunos das últimas séries são sempre mais desanimados, apavorados por esta matéria e preferem excluí-la, talvez pelo medo de um excesso de esforço.

Me pergunto: pra que serve o Latim ? Quem já estudou Latim não se arrepende.

Estudar Latim de qualquer jeito não serve. Estudar com interesse e seriedade serve para tudo.

Conhecer o Latim ajuda a dar valor a muitos lados da realidade. Quais?

Somente o estudo pode ajudar a entender isso, mas é preciso tempo e vontade.

As motivações: sempre foi dito que o estudo do Latim ajuda a desenvolver o raciocínio, a lógica, mas isto não satisfaz os adolescentes. Semana enigmística, filosófica, matemática podem obter o mesmo resultado. Porque estudar Latim em 2013?

Em primeiro lugar o Latim ajuda entender o presente como época filha de um passado. A nossa tradição ocidental tem suas raizes na cultura grega, na romana e cristã.

Raciocínio, filosofia, sabor da beleza, são heranças que nós recebemos dos gregos; o direito, o sentido da unidade do Estado recebemos dos Romanos, a história cristã introduziu depois uma nova concepção da pessoa, da civilização, da sociedade. Por isso estudar civilização, literatura e língua latina significa conhecer as próprias raízes, como conhecer melhor os próprios pais. Facilita entender o que temos em comum com os antigos e nos permite de pontualizar as mudanças.

Em segundo lugar, conhecimento do Latim ilumina a linguagem e as palavras. Linguagem e palavras contam a história de uma civilização, do desenvolvimento humano, da cultura de um povo. Exemplo: a palavra CULTURA; o verbo latim colo é o alicerce da palavra cultura e destaca a passagem do ser humano da condição nômade a sedentário. O verbo significa cultivar, morar, venerar. Um povo de vida sedentário aprende a cultivar a terra, a habita e venera a divindade do lugar. No termo cultura tem tudo isso… o alicerce, as raizes que levam a dar frutos e bons frutos.

Dá pra entender que a cultura não é somente conhecimento de componentes da realidade, mas vem de um passado e se abre ao presente e ao futuro. Cultura não é só matéria, mas também religiosidade.

Latinos pensavam o termo nomen ligado a homem ... a palavra como expressão da pessoa. Nomina consequencia rerum, o nome consequência da realidade das coisas.

Em terceiro lugar, dos Latinos, assim como dos Gregos, nos derivam a retórica, que ensina a escrever bem, a falar bem, a persuadir. Nas escolas precisariam acrescentar esta “nova matéria”, na verdade antiquíssima. “Saber falar bem” e “saber escrever bem” são duas atitudes transversais fundamentais, assim como “saber raciocinar” e “saber julgar”. Visto que retórica não se ensina, precisariam aprender do italiano, latim e Grego. Mas isto acontece?

Em quarto lugar a leitura das grandes obras da literatura latina de Virgílio, Horácio, Sêneca, Cícero facilita o encontro com os grandes do passado.

Acho que aprender uma disciplina (matéria) não é finalizada a uma competência. A nossa escola virou a escola das competências (saber fazer) desligada da cultura.

Somente a leitura de uma poesia é finalizada, aprender um estilo, figura retórica...

Esta é uma atitude violenta que corre o risco de desanimar as crianças da leitura, da poesia, … Quando se gosta de uma matéria, não se pode exigir que o aluno estude para conseguir objetivos específicos.

A coisa mais bela é que também o outro se apaixone pela mesma beleza que te fascina.

É este fascínio, esta paixão, este entusiasmo por alguma coisa passada, que é maior que nós, pode levar um rapaz a estudar Latim.


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