quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Atualmente, quando se fala em "educação sexual", logo se pensa em educação escolar ou programas de governo em matéria sexual, principalmente os programas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Em recente coletiva de imprensa, no voo de retorno da JMJ Panamá, o Papa Francisco foi questionado se teria uma opinião sobre a educação sexual escolar:
Existe um problema que  é comum em toda a América Central, incluindo o Panamá e grande parte da América Latina: gravidez precoce. Só no Panamá foram dez mil no ano passado. Os detratores da Igreja Católica culpam-na por resistir à educação sexual nas escolas. Qual é a opinião do Papa?

"Creio que nas escolas é preciso dar educação sexual. Sexo é um dom de Deus não é um monstro. É o dom de Deus para amar e se alguém o usa para ganhar dinheiro ou explorar o outro, é um problema diferente. Precisamos oferecer uma educação sexual objetiva, como é, sem colonização ideológica. Porque se nas escolas se dá uma educação sexual embebida de colonizações ideológicas, destrói a pessoa. O sexo como dom de Deus deve ser educado, não rigidamente. Educado, de "educere", para fazer emergir o melhor da pessoa e acompanhá-la no caminho. O problema está nos responsáveis ​​pela educação, seja a nível nacional, seja local, como também em cada unidade escolar: quem são os professores para isso, que livros de textos usar... Eu vi de todos os tipos, há coisas que amadurecem e outras que causam danos. Digo isso sem entrar nos problemas políticos do Panamá: precisamos dar educação sexual para as crianças. O ideal é que comecem em casa, com os pais. Nem sempre é possível por causa de muitas situações familiares, ou porque não sabem como fazê-lo. A escola compensa isso e deve fazê-lo, caso contrário, resta um vazio que é preenchido por qualquer ideologia."
Isto foi destaque em diversos meios de correntes ideológicas e políticas favoráveis à prática, principalmente como "recado" ao novo governo brasileiro que vem sinalizando ser contra à ideologia de gênero, muitas vezes incluída nos programas de educação sexual. O Papa já havia pormenorizado o tema da educação sexual na Amoris Laetitia, sem se posicionar sobre a educação escolar.
Contudo, é preciso relembrar que entrevista de avião não é Magistério da Igreja e opinião pessoal do Papa não é matéria vinculante de fé ou costumes.

Para a Igreja, a sexualidade humana pode e deve ser educada, em sua totalidade: na dimensão procriadora, afetiva, cognitiva e religiosa. Portanto, a educação sexual jamais deveria reduzir-se a mera informação sobre a sexualidade ou à fisiologia genital.
Quem deve dar esta educação? A Igreja nunca se omitiu quanto a isso:

"Assaz difuso é o erro dos que, com pretensões perigosas e más palavras, promovem a pretendida educação sexual, julgando erradamente poderem precaver os jovens contra os perigos da sensualidade, com meios puramente naturais, tais como uma temerária iniciação e instrução preventiva, indistintamente para todos, e até publicamente, e pior ainda, expondo-os por algum tempo às ocasiões para os acostumar, como dizem, e quase fortalecer-lhes o espírito contra aqueles perigos.
Estes erram gravemente, não querendo reconhecer a natural fragilidade humana e a lei de que fala o Apóstolo: contrária à lei do espírito, e desprezando até a própria experiência dos factos, da qual consta que, nomeadamente nos jovens, as culpas contra os bons costumes são efeito, não tanto da ignorância intelectual, quanto e principalmente da fraqueza da vontade, exposta às ocasiões e não sustentada pelos meios da Graça.
Se consideradas todas as circunstâncias se torna necessária, em tempo oportuno, alguma instrução individual, acerca deste delicadíssimo assunto, deve, quem recebeu de Deus a missão educadora e a graça própria desse estado, tomar todas as precauções, conhecidíssimas da educação cristã tradicional, e suficientemente descritas pelo já citado Antoniano, quando diz: « Tal e tão grande é a nossa miséria e a inclinação para o mal, que muitas vezes até as coisas que se dizem para remédio dos pecados são ocasião e incitamento para o mesmo pecado. Por isso importa sumamente que um bom pai quando discorre com o filho em matéria tão lúbrica, esteja bem atento, e não desça a particularidades e aos vários modos pelos quais esta hidra infernal envenena uma tão grande parte do mundo; não seja o caso que, em vez de extinguir este fogo, o sopre ou acenda imprudentemente no coração simples e tenro da criança. Geralmente falando, enquanto perdura a infância, bastará usar daqueles remédios que juntamente com o próprio efeito, inoculam a virtude da castidade e fecham a entrada ao vício »" (PAPA PIO XI, DIVINI ILLIUS MAGISTRI)
O CONSELHO PONTIFÍCIO PARA A FAMÍLIA dedicou um documento inteiro sobre o tema: SEXUALIDADE HUMANA:VERDADE E SIGNIFICADO - Orientações educativas em família.

O Papa João Paulo II dá uma abertura para a escola, mas fica claro que não é qualquer escola:
"A educação sexual, direito e dever fundamental dos pais, deve actuar-se sempre sob a sua solícita guia, quer em casa quer nos centros educativos escolhidos e controlados por eles. Neste sentido a Igreja reafirma a lei da subsidiariedade, que a escola deve observar quando coopera na educação sexual, ao imbuir-se do mesmo espírito que anima os pais." (Familiaris consortio 37)
Na sua Carta às famílias lamentou esses conteúdos:
"O utilitarismo é uma civilização da produção e do desfrutamento, uma civilização das «coisas» e não das «pessoas» ; uma civilização onde as pessoas se usam como se usam as coisas. No contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar-se para o homem um objecto, os filhos um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçante para a liberdade dos membros que a compõem. Para convencer-se disto, basta examinar certos programas de educação sexual introduzidos nas escolas, não obstante o frequente parecer contrário e até os protestos de muitos pais".

Portanto, os pais de família não se esquivem de formar seus filhos e se formar nesses temas por vezes difíceis, mas que são de sua responsabilidade; bem como não deixem de vigiar e se impor sobre o que os outros querem ensinar aos seus filhos, na escola e nos meios de comunicação.

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Lexicon - termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas

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sábado, 12 de janeiro de 2019

  por Pe. Oscar G. Quevedo S.J. (*15/12/1930 - +09/01/2019)
    



O Papa Bento XIV, Próspero Lambertini, tinha plena consciência dos problemas que envolvem a verificação da natureza milagrosa das curas súbitas e, por isso estabeleceu critérios, hoje seguidos pela Igreja: 

  • A deficiência ou moléstia deve ser grave. Isto é, a condição deve ser tal que a cura pelo tratamento convencional se revele difícil ou impossível. Casos diagnosticados como fatais, especialmente, entram nessa categoria.
  • O paciente não deve ter melhorado ao tempo da cura, nem sofrer de uma condição cuja remissão se possa esperar. Não se sabe ao certo que papel o sistema imunológico do corpo desempenha na "cura" de uma condição que ocasionalmente regride.
  • O paciente não deve estar em tratamento ortodoxo na ocasião. Bento XIV sabia que os medicamentos às vezes provocam efeitos latentes ou a longo prazo no corpo humano. Chegou a sugerir que o investigador obtenha uma declaração jurada do médico e do farmacêutico sobre o tratamento administrado ao paciente e o momento em que ele foi suspenso, antes de avaliar a natureza miraculosa da cura. Também estipulou que, se o paciente está sob tratamento da cura, cumpre demonstrar positivamente que ele não funcionou.
  • A cura deve ser súbita e instantânea. O sistema imunológico do corpo precisa de tempo para combater uma infecção ou um ferimento. Um dos indícios de cura milagrosa é a instantaneidade, isto é, o processo se revela rápido demais para ser resultado de uma atividade biológica qualquer do tempo.
  • A cura deve ser perfeita e completa. Mesmo doentes em estado grave tem períodos de melhora e as vezes a moléstia sofre remissão temporária. A cura não pode ser considerada milagrosa se o paciente apenas melhora. A afecção tem de desaparecer totalmente para que a cura seja considerada sobrenatural.
  • A cura não deve ocorrer nas ocasiões em que uma crise provocada por causas naturais haja afetado o paciente ou o curso da doença. Já no século XVIII Bento XIV constatou o nexo que existe entre a mente e o corpo, notando que um choque súbito sofrido por um afeta o outro. Procurou persistentemente determinar o efeito do trauma sobre a doença humana. Também não ignorava que certas medicações podem produzir poderoso efeito na condição de um paciente, fazendo-o parecer pior quando na verdade lhe estão sendo benéficas.
  • A cura deve ser permanente. O paciente precisa ver-se livre de todos os sintomas de sua doença por anos seguidos de acompanhamento médico, antes que o milagre seja declarado, e no caso de revitalização, 10 anos. 
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

 Pe. Oscar G. Quevedo S.J. (*15/12/1930 - +09/01/2019)
O curandeiro se vale do poder da sugestão e da vontade, mas também de truques.

O curandeiro, precisamente por ser curandeiro e charlatão, a todos diagnostica, a todos receita e a todos diz que "cura". Os que vão embora sem ação "terapêutica", constituem exceção.
      Nos santuários Cristãos, porém, a ninguém se diagnostica, a ninguém se receita. E o que constitui exceção é a cura milagrosa. O Milagre não é regra, não é comum, é rara exceção. A finalidade do milagre não é substituir ou colaborar com a medicina. Trata-se unicamente de alentar a Fé e confirmar a doutrina revelada.
      Os que fazem a propaganda dos curandeiros dizem, sem verificação científica nenhuma, que ocorrem milhares e milhares de curas de cada curandeiro.
      Em contrapartida, após intermináveis verificações, a Igreja aprovou, em 100 anos de história de Lourdes, apenas 60 milagres. Sessenta curas entre milhões de pessoas que se dirigem a Lourdes primordialmente para rezar e honrar a Ssma. Virgem.
      Entre catolicismo e curandeirismo, há notáveis diferenças nos métodos empregados, por mais que o curandeiro queira, frequentemente, se disfarçar com aparências de ritos católicos.
      Não há dúvida de que uma grande parte do "êxito" dos curandeiros se deve a que eles influenciam seus "clientes" rodeando de mistério (sugestionando) as mais singelas práticas e os remédios mais inoperantes. Ritos emprestados do catolicismo tem sido associados frequentemente a processos "terapêuticos" postos em prática por adivinhos-curandeiros... Inclusive certas superstições difundidas entre os cristãos, como uma paródia dos sacramentais, tem sido também usadas pelos curandeiros ou por eles recomendadas, segundo os casos, com maiores ou menores modificações: unções (bênçãos) em forma de cruz, beber ou lavar-se com água benta, colocar sobre a parte doente do corpo uma relíquia ou qualquer outro substitutivo ou amuleto, orações mágicas ou "fortes" receitando-as aliás, durante um tríduo ou novena, etc.
      Desta imitação, por curandeirismos, dos sacramentais católicos, alguns pretendem identificar o milagre com a "cura" mágica. Mas, na realidade, essas caricaturas empregadas pelos curandeiros são muito diferentes do verdadeiro sentido dos sacramentos e sacramentais.
      Os sacramentos são infalíveis pela promessa divina, mas promessa unicamente da graça espiritual, nada tendo a ver com a saúde do corpo.
      Alguns autores citam o sacramento da extrema-unção (chamado também de Unção dos enfermos) como incurso em certo modo no curandeirismo, e citam o texto de São Tiago. Isto é um erro. O texto de São Tiago refere-se a algo bem diferente. O Texto visa principalmente o âmbito espiritual, sobrenatural, religioso, e só em um bem definido segundo plano, à saúde. "Está doente algum entre vós? Chame aos presbíteros da Igreja que orem sobre ele e o unjam com óleo no nome do Senhor. E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará e lhe serão perdoados os pecados que tiver cometido". É principalmente no terreno da salvação religiosa, do perdão dos pecados e do crescimento espiritual.
      Assim o tem entendido teórica e praticamente a Igreja, a intérprete autorizada, nos seus 20 séculos de história.
      Há quem, sectária e inconsideradamente, tenha acusado ao próprio Cristo de curandeirismo. Cristo respeitou todas as leis do seu tempo, mesmo o injusto tributo aos romanos. Não sabemos que houvesse então na Judéia, legislação contra o curandeirismo, mas em todo o caso a atitude de cristo é bem diferente da dos curandeiros.
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      Cristo não levou as massas à histeria emocional esperando a "cura". Ele não excitava a sugestionabilidade, não precisava da presença do doente, como demonstrou com a cura do filho de um oficial ou com a filha da Cananéia (Mc VII, 24-30) Curava mesmo quem não sabia quem Ele era, como no caso do cego de nascença (Jo IX, 35-38) ou do paralítico da piscina de Betesda (Jo V, 12-13). E os mortos que Cristo ressuscitou dificilmente poderiam ser sugestionados!
      Não houve nenhuma Campanha publicitária de "curas" e nenhum anúncio de tais demonstrações. Cristo até proibia que os agraciados publicassem sua cura, porque advertia o perigo de que os interesses egoístas do povo quisessem desviar sua Missão para o lado utilitarista da cura e outras vantagens meramente humanas.
      Assim, por exemplo, após ressuscitar a menina de doze anos, filha de Jairo, "ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse"; (Mc V, 43) após curar um surdo-mudo, "proibiu-lhes que o dissessem a alguém"; (Mc VII, 36) após curar dois cegos, recomendou-lhes Jesus em tom severo: Vede que ninguém o saiba", etc. (Mt IX, 30)
      Os Milagres que Cristo fazia eram exclusivamente para confirmar sua Doutrina, para que os homens, "por causa das obras", cressem Nela como revelada por Deus. Cristo não fez milagres para substituir ou completar a medicina, como é a pretensão de todos os curandeiros. É bem esclarecedora sua frase: "Não são os que estão bem que precisam do médico, mas sim os doentes".
      Há em Jerusalém, perto do pórtico das abelhas, um tanque, chamado em hebraico "Betesda" e que tem cinco pórticos. Nestes pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água. Pois, segundo se dizia, em tempos, um anjo do Senhor descia ao tanque e a água se punha em movimento, e o primeiro que entrasse no tanque, depois da agitação da água, ficaria curado de qualquer doença que tivesse. Estava ali um homem, enfermo havia 38 anos. Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: "Queres ficar curado? O enfermo respondeu-lhe: "Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque quando a água é agitada. Enquanto vem, já alguém desceu antes de mim". Ordenou-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda". No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi andando".(Jo V, 2-9)
      Nenhuma semelhança com o curandeirismo. Como nos Santuários Cristãos, uma pessoa curada basta para confirmar a Doutrina Revelada e manter a Fé. Cristo não se dirigiu a todos: dentre aquele "grande número", curou a um único doente. E nada de diagnósticos, nem de explicações pormenorizadas da doença e nem excitações de emotividade histérica. Era manifesta a Fé sobrenatural daquele homem que há 38 anos esperava lá a intervenção divina e por isso cristo nem sequer lhe perguntou algo sobre sua fé em Deus; simplesmente deu-lhe a ordem de caminhar...
      Concluindo: Nos tempos antigos como nos tempos modernos, a "cura" dos curandeiros (sugestão) responde fundamentalmente aos mesmos truques e às mesmas técnicas: além de ser anticientífico, é desaconselhável e perigosíssima. A "cura" sugestionada dos curandeiros é responsável pela multiplicação de doenças psíquicas e o ambiente doentio da superstição.
      Pretender identificar tal curandeirismo com as curas (Milagres) para confirmar a Fé realizadas por Cristo, pela intercessão dos santos e nos Santuários Católicos é manifesta miopia e cegueira.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

 Pe. Oscar G. Quevedo S.J. (*15/12/1930 - +09/01/2019)






Afirmar que os Evangelhos em geral e os milagres em particular se devem a invenções ou mitos dos primeiros cristãos é pura ignorância. É absolutamente certo que os Apóstolos e líderes cristãos nem inventaram, nem aumentaram, nem esqueceram nada fundamental da doutrina, vida e concretamente dos milagres de Jesus.

Um dos maiores ataques feitos contra os Evangelhos foi feito por David Friedrich Strauss (1808-1874), e após esforçar-se por arruinar todos os dogmas e todos os mistérios cristãos: a Trindade, a Criação, a Redenção, a historicidade e valor da Bíblia, a Igreja, a vida eterna, etc., ainda teve amplo fôlego e o mais grosseiro dos sarcasmos para pretender um mundo sem Deus e sem sentido, o ser humano sem alma e sem porvir... Strauss perpetrou o maior ataque ao Catolicismo "superando todos os que lhe haviam iniciado o caminho, obrigando todos os que lhe seguiram (nessa conduta) a reconhece-lo por seu chefe". Ao pretendido mito dos primeiros cristãos, nada de realmente novo acrescentaram o racionalismo, positivismo, agnosticismo, materialismo... de Comte e Littré, Stuart Mil e Spinosa, Haeckel e Schopenhauer, etc., ou por outro lado Bultmann e Dibelius etc., com a pretendida desmitologização.

- Os ataques feitos por Strauss já foram ampla e folgadamente refutadas muitas vezes pelos melhores especialistas: A obra de Strauss é filha de "preocupações metafísicas muito alheias à erudição (...). Sua conclusão era falsa" (Quinet). "Em verdade ficava todo fora da realidade histórica (...). Numa palavra, Strauss errou o alvo" (Guignebert). Essa era a mesma conclusão a que já chegava um dos seus primeiros biógrafos logo depois da morte de Strauss: "Os resultados da crítica de Strauss são insustentáveis em qualquer domínio, histórico, filosófico e religioso" (Hausrath). Já antes o próprio Strauss, nos últimos anos de sua vida, declarou-se completamente impotente para defender-se contra os argumentos da crítica científica e teve que reconhecer que de sua obra não restava mais que um amontoado de escombros e ruínas. 

MITO DOS PRIMEIROS CRISTÃOS?

O claro sabor semítico mostra que os Evangelhos foram transmitidos por testemunhas e contemporâneos de Jesus.

* O fato de Jesus escolher precisamente 12 apóstolos, em evidente memória das doze tribos de Israel, não encaixa em invenções em ambiente greco-romano.

* Analogamente: escolheu precisamente 72 discípulos. Claramente semítico: à semelhança do Sinédrio judaico, que se compunha precisamente de 72 membros. 

* Encontram-se nos Evangelhos mais de 100 construções antitéticas, contraposições. Não encaixa no modo de escrever dos gregos e latinos, mas é típico dos semitas.

* Nos discursos de Cristo percebe-se o ritmo típico do Antigo Testamento e, consequentemente, o modo dos rabinos pregarem, que Jesus às vezes certamente imitava.

* E aparece freqüentemente na pregação de Jesus o modo típico Dele, sem paralelo nos rabinos, nem nos essênios, nem em Paulo, nem em algum outro pregador cristão imediato.

* Há nos Evangelhos dizeres enigmáticos para os primeiros cristãos, mas muito significativos para os judeus.

* Mesmo o Evangelho de São Lucas que freqüentemente mostra um corretíssimo e até elegante grego, ao traduzir as palavras de Jesus ou outros textos judaicos, aparece o grego semitizante da Koiné (vulgar). Retraduzindo para o aramaico, fica perfeito.

* Igualmente, retraduzindo aparecem freqüentemente jogos de palavras em aramaico, que perdem todo seu sentido em grego.

* Inclusive na tradução percebe-se o dialeto galileu do aramaico, falado por Jesus e seus Apóstolos.

* Nos Evangelhos aparece Jesus como um mestre que instrui seus discípulos (Mt 13,11; Mc 9,30; Lc 11,1; etc.). Isto significa que lhes fazia aprender de memória Suas palavras, como faziam e era típico dos rabinos. E uma das principais obrigações dos Apóstolos era o serviço da palavra (At 6,2). Como diz no inicio do seu Evangelho, São Lucas recolheu a "transmissão daqueles que desde o inicio foram testemunhas oculares e convertidos em ministros da palavra" (Lc 1,2).

* Da mesma maneira que os judeus nas sinagogas com as palavras da Antiga Aliança, os primeiros cristãos nas suas assembléias liam, repetiam, decoravam o ensino e as palavras de Jesus. Essa é uma das diferenças com as cartas dos apóstolos missionários, onde não se encontram citadas, embora se pressuponham, as palavras do Divino Mestre.

* E logicamente, estendendo-se o cristianismo fora de Israel, o respeito à palavra e atos de Jesus fez sentir a necessidade de, com a mesma fidelidade, pô-los por escrito: os Evangelhos. E multiplicar as cópias sempre com toda fidelidade. Expressamente conserva essa afirmação Eusébio de Cesaréia (265-340), concretamente a respeito do primeiro Evangelho, o do apóstolo que fora cobrador de impostos: "Mateus, que primeiro havia pregado aos hebreus, quando estava a ponto de partir até outros, entregou por escrito seu Evangelho, em sua língua materna (aramaico), suprindo assim por meio da escritura o que faltava de sua presença entre aqueles de quem se afastava".

* Os Evangelistas sem gênero de dúvidas conhecem a situação de Palestina na época de Jesus, a geografia, os costumes, os modos de construir, de cultivar, etc. Igualmente, os Sumos Pontífices Anás e Caifás, Herodes o Grande, seu filho Herodes Antipas, Poncio Pilatos, Tiberio César etc. são personagens da história judaica.

* Perante este fato que acabamos de assinar, pouco importa, pouco acrescenta que também escritores pagãos, que não davam a mínima para Jesus de Nazaré, não obstante aludem a Ele e a seus discípulos colocando-os naquela época, a meados do século I, como Suetônio na Vida de Claudio e na Vida de Nero, Plinio o Jovem na carta a Trajano, e Tácito nos seus "Annales".

http://www.cursoscatolicos.com.br* Já antes de terminado o século I o Cristianismo cobria todo o Império Romano, e Domiciano, Imperador de 81 a 96, fazia a 1ª sangrenta perseguição (chegaram a 10 nos primeiros três séculos), confirmando com inumeráveis martírios (martir = testemunho) a historicidade daquela doutrina.
 
REALMENTE ESCRITO POR TESTEMUNHAS PARA CONTEMPORÂNEOS

É até ridículo que os ataques contra a historicidade de Jesus Cristo (e da sua pregação e contra os milagres), isto é, contra a historicidade dos Evangelhos, sejam precisamente contra o caso melhor testemunhado de toda a história da humanidade antiga.

O próprio Strauss reconhecia encomiasticamente que se os Evangelhos houvessem sido escritos antes do fim do século II, não teria havido tempo, com os meios daquela época, para que a imaginação criadora dos primeiros cristãos construisse o mito da vida e obras de Jesus Cristo.

- Na realidade, após tantos ataques e disquisições, numerosas descobertas modernas garantiram que houve algum "Evangelho Primitivo", "Coleção Complementar", "Proto-Evangelho", "Fontes" ou S ("source") ou Q ("quelle")... (foram dados diversos nomes)

 Outro exemplo, e bem mais importante. Pensava-se erradamente que só Mateus fora originariamente escrito em aramaico, a língua que Jesus e seus contemporâneos falavam, e depois traduzido para o grego.

- Mas o jesuíta espanhol Pe. José Miguel García demonstrou que os quatro Evangelhos tiveram seus "Proto-Evangelhos" em aramaico. Retraduziu ao aramaico os quatro Evangelhos e encontrou erros, embora mínimos e sem importância, no tradutor ao grego, mas que se resolviam ao retraduzir para o aramaico. Mesmo em Marcos, o mais breve dos Evangelhos, só 16 capítulos, encontrou mais de 20 dificuldades do grego que ficaram resolvidas ao contrapô-las com o aramaico.

* Assim, por exemplo, em tradução exata do grego para o português, Mc 11,1, descrevendo a ida a Jerusalém a partir de Jericó, diz: "E quando se aproximavam de Jerusalém, para Betfagé e Betânia, junto ao monte das oliveiras..." Na ordem lógica do caminho de Jericó a Jerusalém seria à inversa. É claro que não faltou quem objetasse contra os Evangelhos dizendo que o evangelista não conhecia Palestina...

- Ora, é sabido que o autor do segundo Evangelho foi Marcos, originário de Jerusalém, deveria estar familiarizado com a geografia de sua terra tantas vezes, sem dúvidas, percorrida... A dificuldade se resolve sozinha retraduzindo para o aramaico certamente subjacente. A preposição grega eis significa em direção a, para onde, e foi posta pelo tradutor em vez da partícula aramaica b, que pode significar para onde mas também por onde. Pronto, resolvido o problema. São Marcos em aramaico não disse que de Jericó Jesus "se aproximava de Jerusalém para Betfagé e Betânia, junto ao monte das oliveiras", senão que "se aproximava de Jerusalém por Betfagé e Betânia, junto ao monte das oliveiras". Exato. Em aramaico exatamente corresponde à realidade. Para ir de Jericó a Jerusalém primeiro se passa por Betfegé e Betânia, aldeias perto do caminho, e um pouquinho antes de entrar em Jerusalém se passa junto ao monte das oliveiras.

* E mais ainda, conserva-se na Biblioteca de John Ryland, em Manchester, um pequeno fragmento de um papiro... Parecia de pouca importância que em 1920 se comprasse em Egito, entre outros papiros, um pequenino fragmento de 8,9 cm por 2,8 cm.

- Acontece que 10 anos mais tarde o pesquisador inglês C. H. Roberts descobriu que aquele fragmento era do texto do Evangelho de São João, Jo 18,31-33 no anverso, e no reverso Jo 18,37s. O tipo de letra garante que não podia haver sido escrito, isto é, copiado, em data posterior ao ano 125. E fora encontrado nas areias do oásis de El Fayum, no Egito! Isto é importantíssimo: o Evangelho de São João! O último dos Evangelhos a ser escrito! O último Evangelho antes do ano 125 já havia chegado até o extremo do Império Romano!

* Outros três pequenos fragmentos, cada um não maior de um selo de correios,haviam sido descobertos em Luxor (Egito) em 1901 pelo capelão inglês Rdo. Charles Huleat, que os doou à Biblioteca do Magdalen College, em Oxford. Não se lhes deu maior importância, deu-se por suposto sem mais pesquisas que seriam, como outros 37 papiros do Evangelho já conhecidos, datados do século II e mesmo do III. A comunidade judaico-cristã era muito florescente em Alexandria.

- Mas bem recentemente, em 1994, o Prof. Carsten Peter Thiede, Diretor do Instituto de Pesquisas de Paderborn, Alemanha, foi a Oxford a examinar minuciosamente aqueles três fragmentos... E novamente outra revolução: pelo tipo de letra do grego em caracteres verticais, aqueles textos evangélicos tinham que ser anteriores ao ano 50...! Como máximo, esticando até quebrar, poderiam chegar até o ano 70.

* Mais ainda. Mateus, Marcos e Lucas, os três Evangelhos sinóticos, em grego, tal como hoje os temos, foram terminados de escrever entre os anos 40-50 d.C., isto é, na década depois da morte de Jesus!. Concretamente: em 1970 houve uma outra sacudidela na opinião reinante a respeito da data dos Evangelhos. Encontrou-se numa gruta de Qumrã, junto ao Mar Morto (na fronteira de Israel, onde moravam os essênios, eremitas fanáticos e "separatistas" judeus), um pequeno fragmento de um papiro, tamanho de uma unha, só oito letras inteiras e fragmentos ao tudo de 18 letras. Grego em escrita Zierstil, que só se utilizou pouco antes de Cristo e como máximo, forçando as possibilidades, até 50 anos depois de Cristo. Precipitadamente todos supunham, pelas duas letras "n" que claramente apareciam, que se trataria de uma de tantas "gennealogias" típicas do Antigo Testamento, e não deram maior importância a "esse fragmento de alguma copia". Após muito estudo, o jesuíta espanhol (apesar do sobrenome irlandês de família) Pe. José O´Calaghan genialmente se perguntou: "E se fosse Gennesareht?" E demonstrou inapelavelmente que se trata mesmo de Mc 6,52s. O Evangelho de São Marcos foi escrito quanto antes do ano 50 d.C.?

* Portanto, todos os Evangelhos foram escritos quando Jesus estava ainda bem recente, quando ainda estavam vivos as testemunhas!, e vivos os próprios inimigos, que teriam desmascarado qualquer invenção. É mesmo, como proclama São João, "o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam da Palavra da vida..., nós A vimos e Lhe damos testemunho... o que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos" (1Jo 1,1.3).

* Em toda a historia antiga Jesus Cristo é o único personagem que consta de quatro vidas paralelas, além das referencias nos Cartas e nos Atos dos Apóstolos.

* E muito mais que referências. Todos os especialistas estão de acordo em que as cartas de São Paulo são ainda anteriores aos Evangelhos. Trata-se de documentos escritos poucos anos depois da morte de Jesus. As últimas cartas não ultrapassaram 25 anos depois. Mais contemporaneidade numa história, impossível. Sem paralelo em todos os personagens antigos. Pois bem, está desenhado nitidamente nas cartas de São Paulo um sumario de toda a vida de Jesus Cristo. Debrucemo-nos uns segundos sobre as cartas de São Paulo:

Jesus, antes de vir a este mundo, preexistia como Deus (Fl 2,6). Jesus nasce duma Mulher sob o regime da Lei (Gl 4,4). Vive no meio dos Judeus (Rm 15,8; 1Ts 2,15). É verdadeiramente homem semelhante a nós (Rm 5,15; 1Cor 15,21s), menos no pecado (2Cdor 5,21). Tem "irmãos" (no significado aramaico - vide artigo no link) (1Cor 9,5). Um dois quais, Tiago (o Menor), é expressamente nomeado (Gl 1,19). Para colaborarem na sua missão e continuarem-na rodeia-se de Apóstolos (1Cor 9,5-14;15,7-9) em número de 12 (2Cor 15,5). Três dos quais, Cefas-Pedro, Tiago (o Maior) e João são mencionados pelo nome (Gl 1,18s). Jesus mandou-os pregar o Evangelho (1Cor 9,15). E têm poder de operarem milagres como Ele (2Cor 12,19). Levou na Terra uma vida de pobreza (2Cor 8,9), de sujeição (Fl 2,8), de obediência (Rm 5,15-19). Entregou-se voluntariamente a seus inimigos (Gl 1,4;2,20), aos Judeus, que o entregam à morte de cruz (1Ts 2,19). A Paixão de Jesus aconteceu pela Páscoa, no tempo dos Ázimos (1Cor 5,6-8). Na noite em que haveria de ser entregue, instituiu a Sda. Eucaristia (1Cor 11,23-26). Depois de horríveis tormentos, morre na Cruz (Fl 2,8). É sepultado, mas ressuscita ao terceiro dia (1Cor 15,4). Apareceu-se a Cefas, Tiago e também aos outros Apóstolos (1Cor 15,5.7s). Ascende aos Céus diante de mais de 500 pessoas (1Cor 15,6-8).

- Tantos dados da vida de Jesus têm ainda mais valor histórico se levarmos em consideração que as cartas de São Paulo não eram destinadas a informar os primeiros cristãos, esse conhecimento é dado por suposto, são escritos de circunstâncias.

* Só temos, de todos os autores greco-romanos uns 40 "códices grandes", assim chamados, todos posteriores ao século IV. Ora, Homero é do século VIII antes de Cristo. De Virgílio só se conservam três códices. De Cícero, pouco anterior a Cristo, só temos um códice, do século VII. Dos outros clássicos gregos, nenhum códice grande anterior ao século IX. Alguém, não fanático até o extremo da doença, negará a historicidade de alguns dos autores greco-romanos? Ora, de Cristo, anteriores ao século IV, para só considerar os "códices grandes" e só em grego, temos mais de 2.610. Inclusive do século I e da primeira parte do século II. Absolutamente incontáveis as citações, idênticas substancialmente. Como atestou o historiador Sir Frederic Kenyon, da "New Criticism", que agrupa os professores do Kenyon College, em Bambler (Ohio), "o número de manuscritos do Novo Testamento, de primitivas traduções, e de citações nos escritores mais antigos é tão grande, que em uma ou outra dessas autoridades antigas temos certeza é preservada a verdadeira versão. Isto não se pode dizer de nenhum outro livro antigo em todo o mundo".

- Por tudo isso, pense o prezado leitor
o que devemos pensar de tantos racionalistas e líderes anti-católicos que propalam, repetem e até desafiam a que se apresente algum livro da época de Jesus que fale Dele...


GRANDE RESPEITO

São Paulo logo após a morte de Jesus percorreu o "mundo civilizado". Nas cartas e pregação há muitas frases lapidares daquele dinâmico pregador e que muito facilmente poderiam atribuir-se ao próprio Jesus...

- ... Nenhuma foi introduzida nos Evangelhos! O que prova inapelavelmente o respeito que os escritores dos Evangelhos tiveram em transmitir com toda exatidão os fatos, a doutrina, as próprias palavras de Jesus.

* Estava muito recente a figura de Jesus. Inclusive muitos dos primeiros cristãos esperavam que Jesus voltaria novamente à Terra, interpretando erradamente mas cheios de saudade, certas frases do próprio Cristo. Assim é absurdo, é preconceito doentio afirmar que os primeiros cristãos trocaram ou inventaram as palavras e os milagres de Jesus.

* Pelo contrario, consideravam qualquer invenção ou modificação como grande desrespeito e grande desonestidade. Plenamente incompatível com o prestigio dos Apóstolos, Evangelistas e líderes cristãos, que tantas provas deram de honestidade.

* Os Apóstolos eram testemunhas escolhidos e formados pelo próprio Jesus.

* Os Apóstolos demonstraram admirável constância no testemunho perante qualquer auditório e perante os mais cruéis tormentos, todos selando seu testemunho com o martírio. Como cunhou Blasio Pascal: "Acredito em testemunha que se deixa matar".

E GRANDE VIGILÂNCIA

Consta que os Apóstolos e líderes por eles escolhidos para os primeiros cristãos tinham o convencimento e ensinavam que na Igreja havia que ter uma grande vigilância para que ninguém introduzisse nenhuma inexatidão, fábula, ou heresia.

* É dito nos escritos dos rabinos da época e no Talmud contra os Apóstolos e primeiros líderes cristãos.

* Incrimina-o Juliano, o Apóstata, contra São Paulo.

* Alertavam o povo contra as fábulas (1Tm 4,4-7; 1Pd 1,16).

* Para substituir Judas tinha que ser alguém testemunha desde o começo (At 1,21).

* Os Evangelistas foram e consultaram "as testemunhas desde o começo" (Lc 1,2; Jo 15, 3-8).

* Insiste-se no Novo Testamento mais de 150 vezes em "testemunho", "testemunhar"...

* Concretamente para provar a Ressurreição de Cristo, São Paulo acudiu a mais de 500 testemunhas conjuntamente, "a maioria dos quais ainda vive" (1Cor 15,3-8).

* O Sínodo dos Apóstolos enviou Pedro e João a Samaria a inspecionar se o que se transmitia era exatamente a realidade dos fatos (At 8,14).

* Igualmente, com a mesma finalidade, Pedro foi inspecionar as comunidades perto de Jerusalém (At 9,32-42).

* Para isso foi enviado Barnabé a Antioquia (At 11,12ss).

* Privadamente viajou Paulo para verificar se ele próprio estava em tudo de acordo com Pedro, João e Tiago, "colunas" da Igreja (Gl 2,2. 9).

* Para os especialistas, não se pode duvidar que sete oitavas partes dos Evangelhos conservam-se exatamente iguais a como foram escritas. E essa uma oitava parte talvez modificada, é só diferente em alguma ordem das palavras ou troca de palavras sem em nada modificar o sentido. Simplesmente um monumento à vigilância dos líderes dos primeiros cristãos!

* Como conclusão de autoridade citemos a Constituição "Dei Verbum" do Concilio Vaticano II, No. 19, onde se proclama (incluindo algumas palavras a respeito da divindade e redenção salvadora de Jesus, temas da 3ª parte deste diálogo): "A Santa Mãe Igreja com firmeza e máxima constância sustentou e sustenta que os quatro mencionados Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a eterna salvação deles até o dia em que foi elevado (At 1,1-2). Os Apóstolos, após a ascensão do Senhor, transmitiram aos ouvintes aquilo que Ele dissera e fizera, com aquela mais plena compreensão de que gozavam, instruídos que foram pelos gloriosos acontecimentos de Cristo e esclarecidos pela luz do Espírito da verdade".

INVENTAR MILAGRES?

Como acabamos de ver, nenhum personagem antigo tem tamanha publicidade, universalidade, constância, contemporaneidade, veracidade... na documentação histórica como Jesus-Cristo. Frisemos que dos Evangelhos e demais documentos, não se podem suprimir os milagres. É completamente absurdo, puro preconceito doentio, afirmar que os Evangelhos em geral e os milagres em particular se devem a elaborações ou mitos dos primeiros cristãos. Por tudo o dito é absolutamente certo que os Apóstolos e líderes cristãos nem inventaram, nem aumentaram nem esqueceram nada fundamental da doutrina, vida e concretamente dos milagres de Jesus.

 *
Além do mais, contra isso de "experiências visionárias", na realidade os Apóstolos não eram proclives a acreditar em milagres. É dito contra eles nos Evangelhos, sinceramente, por amor à verdade, e essa crítica não podia surgir dos primeiros cristãos, que tanto respeitavam aos Apóstolos.
* Muitos textos de Cristo, dos Apóstolos (e dos SS. Padres e Escritores Eclesiásticos), destacam a importância dos milagres como fundamento para aceitar a Revelação. Não podem ser inventados. Por exemplo alguns textos, entre outros, de São João: Caná, "acreditaram" (2,11). "Testemunho maior que João" (5.36). Que sinal "para que creiamos?" (6,30). O Cristo "fará mais?" (7,31). Pecador "tais sinais?" (9,16-36). "As obras que faço" (10,24s.37s). Lázaro: "creiam", "creram", "todos crerão" (11,15.42.45.47s.). "Para crerdes" (20,30s). Etc.

* Nem os Apóstolos nem os primeiros cristãos, testemunhas, teriam mantido a fé, precisamente perante o "fracasso" de Jesus, contra tantas dificuldades nas catacumbas, perseguições e martírios. Nas "Atas dos Mártires" ficou gravado em bronze o exemplo heróico de milhares e milhares de mártires nos três primeiros séculos.

* Os primeiros cristãos precisavam de base firme, os milagres de Cristo e dos Apóstolos, para insubordinar-se contra as exigências do Judaísmo. E os primeiros cristãos de outras terras, contra os mitos e milagrerias do paganismo.

* Se os milagres dos Apóstolos não tivessem confirmado os de Jesus não se teriam convertido em tão grande número naquelas dificuldades. Os magos pagãos não o teriam reconhecido.

* Quem tenha um mínimo de conhecimento de crítica histórica, ou mesmo um mínimo de bom senso, compreende que se os milagres de Jesus devessem um mínimo à invenção dos evangelistas ou dos primeiros cristãos, seriam "milagres" bem mais maravilhosos, até o ridículo como os atribuídos a Maomé, a Buda..., ou de alguns Evangelhos Apócrifos, dada a divindade para a que se apresentam como prova.

* Os discípulos, pelo poder Dele, superaram o Mestre confirmando ao longo dos séculos milagre por milagre, no chamado "efeito bumerangue". Absolutamente inegáveis historicamente como demonstram em três séculos de pesquisa os Bolandistas (57 grandes volumes de "Acta Sanctorum", além da revista "Analecta Bollandiana").

* E os milagres atuais.

* E os milagres permanentes.

Os milagres são um tema fundamental, por importantíssimo, e porque são o fundamento para a aceitação da Revelação Cristã, e porque somente com fundamento nos milagres podemos sem fanatismos escolher entre as 56.000 religiões hoje existentes e porque só com os milagres podemos dirimir as discussões na interpretação da própria Revelação em detalhes mais ou menos importantes: relíquias, imagens..., ou primado papal, sacramento da penitência, culto à Mãe de Jesus, etc. etc., sem cairmos em discussões meramente de soberba humana. É pela sua importância, que já no nosso site temos falado de milagres e muito ainda deveremos falar. Planejei seis livros amplos para expor os principais milagres..., só publiquei dois livros amplos e um folheto: Sinto-me obrigado a recomendar encomiasticamente os livros "Milagres. A Ciência Confirma a Fé" e "Os Milagres e a Ciência", assim como o folheto (ou melhor em vídeo) sobre Nossa Senhora de Guadalupe.


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