"Salve, Mãe santa: destes à luz o Rei que governa o céu
e a terra pelos séculos sem fim"(cf. Antífona da entrada).
Com esta antiga saudação, a Igreja dirige-se hoje, oito dias
depois do Natal, a Maria Santíssima, invocando-a como Mãe de Deus.
O Filho eterno do Pai assumiu nela a nossa própria carne e, através d'Ela, tornou-Se "filho
de David e filho de Abraão" (Mt 1, 1). Portanto, Maria é a sua verdadeira
Mãe: Theotokos, Mãe de Deus!
Se Jesus é a Vida, Maria é a Mãe da Vida. Se Jesus é a
Esperança, Maria é a Mãe da Esperança. Se Jesus é a Paz, Maria é a Mãe da Paz,
Mãe do Príncipe da Paz. Ao entrar no novo ano, pedimos a esta Mãe santa que nos
abençoe. Peçamos-lhe que nos dê Jesus,
nossa Bênção plena, com que o Pai abençoou a história, de uma vez
para sempre, fazendo-a tornar-se
história da salvação.
2. Salve, Mãe
Santa! É sob o olhar materno de Maria
que se coloca, hoje, o Dia Mundial da Paz. Refletimos sobre a paz num clima de
constante preocupação por causa dos recentes acontecimentos dramáticos que
abalaram o mundo. Mas, ainda que humanamente possa parecer difícil olhar o
futuro com otimismo, não devemos ceder à tentação do desencorajamento. Pelo
contrário, devemos trabalhar pela paz com coragem, certos de que o mal não prevalecerá.
A luz e a esperança para este nosso empenho vêm-nos de Cristo. O Menino nascido
em Belém é a palavra eterna do Pai feita carne para nossa salvação, é o "Deus
conosco", que traz consigo o segredo da verdadeira paz. Ele é o Príncipe
da Paz.
3. [...] Justiça e
perdão: eis os dois pilares que eu quis
pôr em evidência. Entre justiça e perdão
não há contraposição, mas complementaridade,
porque ambas são essenciais para a promoção da paz. Esta, de fato, muito
mais que uma temporária cessação das hostilidades, é restabelecimento profundo
das feridas que enfraquecem os ânimos (cf.
Mensagem, 3). Só o perdão pode extinguir a sede de vingança e abrir
o coração a uma reconciliação autêntica.
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5. "Salve, Mãe Santa"! Virgem Filha de Sião,
quanto deve sofrer por causa deste sangue o teu coração de Mãe! O Menino, que
estreitas ao teu peito, traz um nome querido aos povos de religião
bíblica: "Jesus" que significa "Deus salva". Assim o
chamou o arcanjo antes de ser concebido no
teu seio (cf. Lc 2, 21). No rosto do Messias recém-nascido reconhecemos o
rosto de cada um dos vossos filhos vilipendiados e explorados. Reconhecemos
especialmente o rosto das crianças, seja qual for a raça, nação ou cultura a
que pertençam. Por eles, ó Maria, pelo seu futuro, te pedimos que movas os
corações endurecidos pelo ódio, para que se abram ao amor e a vingança ceda,
finalmente, o passo ao perdão.
Obtende-nos, ó Mãe, que a verdade desta afirmação Não há paz
sem justiça, não há justiça sem perdão -se imprima nos corações de todos. A
família humana poderá obter, assim, aquela paz verdadeira, que brota do
encontro entre a justiça e a misericórdia.
Mãe santa, Mãe do Príncipe da paz, ajudai-nos!
Mãe da humanidade e Rainha da paz, rogai por nós!
(Papa João Paulo II. Homilia, 1° de Janeiro de 2002). Do livro: Reflexões para o Ano Litúrgico. Anos A, B e C.
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