Pe.
Oscar G. Quevedo S.J. (*15/12/1930 - +09/01/2019)
Afirmar que os Evangelhos em geral e os milagres em particular se devem a invenções ou mitos dos primeiros cristãos é pura ignorância. É absolutamente certo que os Apóstolos e líderes cristãos nem inventaram, nem aumentaram, nem esqueceram nada fundamental da doutrina, vida e concretamente dos milagres de Jesus.
Um dos maiores ataques feitos contra os Evangelhos foi feito por David Friedrich Strauss (1808-1874), e após esforçar-se por arruinar todos os dogmas e todos os mistérios cristãos: a Trindade, a Criação, a Redenção, a historicidade e valor da Bíblia, a Igreja, a vida eterna, etc., ainda teve amplo fôlego e o mais grosseiro dos sarcasmos para pretender um mundo sem Deus e sem sentido, o ser humano sem alma e sem porvir... Strauss perpetrou o maior ataque ao Catolicismo "superando todos os que lhe haviam iniciado o caminho, obrigando todos os que lhe seguiram (nessa conduta) a reconhece-lo por seu chefe". Ao pretendido mito dos primeiros cristãos, nada de realmente novo acrescentaram o racionalismo, positivismo, agnosticismo, materialismo... de Comte e Littré, Stuart Mil e Spinosa, Haeckel e Schopenhauer, etc., ou por outro lado Bultmann e Dibelius etc., com a pretendida desmitologização.
- Os ataques feitos por Strauss já foram ampla e folgadamente refutadas muitas vezes pelos melhores especialistas: A obra de Strauss é filha de "preocupações metafísicas muito alheias à erudição (...). Sua conclusão era falsa" (Quinet). "Em verdade ficava todo fora da realidade histórica (...). Numa palavra, Strauss errou o alvo" (Guignebert). Essa era a mesma conclusão a que já chegava um dos seus primeiros biógrafos logo depois da morte de Strauss: "Os resultados da crítica de Strauss são insustentáveis em qualquer domínio, histórico, filosófico e religioso" (Hausrath). Já antes o próprio Strauss, nos últimos anos de sua vida, declarou-se completamente impotente para defender-se contra os argumentos da crítica científica e teve que reconhecer que de sua obra não restava mais que um amontoado de escombros e ruínas.
MITO DOS PRIMEIROS CRISTÃOS?
O claro sabor semítico mostra
que os Evangelhos foram transmitidos por testemunhas e contemporâneos de Jesus.
* O fato de Jesus escolher precisamente
12 apóstolos, em evidente memória das doze tribos de Israel, não encaixa em
invenções em ambiente greco-romano.
* Analogamente: escolheu precisamente
72 discípulos. Claramente semítico: à semelhança do Sinédrio judaico, que se
compunha precisamente de 72 membros.
* Encontram-se nos
Evangelhos mais
de 100 construções antitéticas, contraposições. Não encaixa no modo de
escrever dos gregos e latinos, mas é típico dos semitas.
* Nos discursos de Cristo percebe-se o
ritmo típico do Antigo Testamento e, consequentemente, o modo dos rabinos
pregarem, que Jesus às vezes certamente imitava.
* E aparece freqüentemente na pregação
de Jesus o modo típico Dele, sem paralelo nos rabinos, nem nos essênios, nem em
Paulo, nem em algum outro pregador cristão imediato.
* Há nos Evangelhos dizeres
enigmáticos para os primeiros cristãos, mas muito significativos para os judeus.
* Mesmo o Evangelho de São Lucas que
freqüentemente mostra um corretíssimo e até elegante grego, ao traduzir as palavras de
Jesus ou outros textos judaicos, aparece o grego semitizante da Koiné (vulgar). Retraduzindo
para o aramaico, fica perfeito.
* Igualmente, retraduzindo aparecem
freqüentemente jogos de palavras em aramaico, que perdem todo seu sentido
em grego.
* Inclusive na tradução percebe-se o
dialeto galileu do aramaico, falado por Jesus e seus Apóstolos.
* Nos Evangelhos aparece Jesus como um
mestre que instrui seus discípulos (Mt 13,11; Mc 9,30; Lc 11,1; etc.). Isto
significa que lhes fazia aprender de memória Suas palavras, como faziam e era
típico dos rabinos. E uma das principais obrigações dos Apóstolos era o serviço da
palavra (At 6,2). Como diz no inicio do seu Evangelho, São Lucas recolheu a
"transmissão daqueles que desde o inicio foram testemunhas oculares e convertidos em
ministros da palavra" (Lc 1,2).
* Da mesma maneira que os judeus nas
sinagogas com as palavras da Antiga Aliança, os primeiros cristãos nas suas assembléias
liam, repetiam, decoravam o ensino e as palavras de Jesus. Essa é uma das
diferenças com as cartas dos apóstolos missionários, onde não se encontram citadas,
embora se pressuponham, as palavras do Divino Mestre.
* E logicamente, estendendo-se o
cristianismo fora de Israel, o respeito à palavra e atos de Jesus fez sentir a necessidade
de, com a mesma fidelidade, pô-los por escrito: os Evangelhos. E multiplicar as
cópias sempre com toda fidelidade. Expressamente conserva essa afirmação Eusébio de
Cesaréia (265-340), concretamente a respeito do primeiro Evangelho, o do apóstolo que
fora cobrador de impostos: "Mateus, que primeiro havia pregado aos hebreus, quando
estava a ponto de partir até outros, entregou por escrito seu Evangelho, em sua língua
materna (aramaico), suprindo assim por meio da escritura o que faltava de sua presença
entre aqueles de quem se afastava".
* Os Evangelistas sem gênero de
dúvidas conhecem a situação de Palestina na época de Jesus, a geografia, os
costumes, os modos de construir, de cultivar, etc. Igualmente, os Sumos Pontífices Anás
e Caifás, Herodes o Grande, seu filho Herodes Antipas, Poncio Pilatos, Tiberio César
etc. são personagens da história judaica.
* Perante este fato que acabamos de
assinar, pouco importa, pouco acrescenta que também escritores pagãos, que não
davam a mínima para Jesus de Nazaré, não obstante aludem a Ele e a seus discípulos
colocando-os naquela época, a meados do século I, como Suetônio na Vida de Claudio e na
Vida de Nero, Plinio o Jovem na carta a Trajano, e Tácito nos seus "Annales".
* Já antes de terminado o século I o
Cristianismo cobria todo o Império Romano, e Domiciano, Imperador de 81 a 96, fazia
a 1ª sangrenta perseguição (chegaram a 10 nos primeiros três séculos),
confirmando com inumeráveis martírios (martir = testemunho) a historicidade daquela
doutrina.
REALMENTE
ESCRITO POR TESTEMUNHAS PARA CONTEMPORÂNEOS
É até ridículo que os ataques
contra a historicidade de Jesus Cristo (e da sua pregação e contra os milagres),
isto é, contra a historicidade dos Evangelhos, sejam precisamente contra o caso
melhor testemunhado de toda a história da humanidade antiga.
O próprio Strauss reconhecia
encomiasticamente que se os Evangelhos houvessem sido escritos antes do fim do século
II, não teria havido tempo, com os meios daquela época, para que a imaginação
criadora dos primeiros cristãos construisse o mito da vida e obras de Jesus
Cristo.
- Na realidade, após tantos ataques e
disquisições, numerosas descobertas modernas garantiram que houve algum "Evangelho
Primitivo", "Coleção Complementar", "Proto-Evangelho",
"Fontes" ou S ("source") ou Q ("quelle")... (foram dados
diversos nomes)
Outro exemplo, e bem mais importante.
Pensava-se erradamente que só Mateus fora originariamente escrito em aramaico, a
língua que Jesus e seus contemporâneos falavam, e depois traduzido para o grego.
- Mas o jesuíta espanhol Pe. José
Miguel García demonstrou que os quatro Evangelhos tiveram seus
"Proto-Evangelhos" em aramaico. Retraduziu ao aramaico os quatro Evangelhos
e encontrou erros, embora mínimos e sem importância, no tradutor ao grego, mas que se
resolviam ao retraduzir para o aramaico. Mesmo em Marcos, o mais breve dos Evangelhos, só
16 capítulos, encontrou mais de 20 dificuldades do grego que ficaram resolvidas ao
contrapô-las com o aramaico.
* Assim, por exemplo, em tradução
exata do grego para o português, Mc 11,1, descrevendo a ida a Jerusalém a partir de
Jericó, diz: "E quando se aproximavam de Jerusalém, para Betfagé e Betânia, junto
ao monte das oliveiras..." Na ordem lógica do caminho de Jericó a Jerusalém seria
à inversa. É claro que não faltou quem objetasse contra os Evangelhos dizendo que o
evangelista não conhecia Palestina...
- Ora, é sabido que o autor do
segundo Evangelho foi Marcos, originário de Jerusalém, deveria estar familiarizado
com a geografia de sua terra tantas vezes, sem dúvidas, percorrida... A dificuldade se
resolve sozinha retraduzindo para o aramaico certamente subjacente. A preposição grega
eis significa em direção a, para onde, e foi posta pelo tradutor em vez da partícula
aramaica b, que pode significar para onde mas também por onde. Pronto, resolvido o
problema. São Marcos em aramaico não disse que de Jericó Jesus "se aproximava de
Jerusalém para Betfagé e Betânia, junto ao monte das oliveiras", senão que
"se aproximava de Jerusalém por Betfagé e Betânia, junto ao monte das
oliveiras". Exato. Em aramaico exatamente corresponde à realidade. Para ir de
Jericó a Jerusalém primeiro se passa por Betfegé e Betânia, aldeias perto do caminho,
e um pouquinho antes de entrar em Jerusalém se passa junto ao monte das oliveiras.
* E mais ainda, conserva-se na
Biblioteca de John Ryland, em Manchester, um pequeno fragmento de um papiro... Parecia de
pouca importância que em 1920 se comprasse em Egito, entre outros papiros, um pequenino
fragmento de 8,9 cm por 2,8 cm.
- Acontece que 10 anos mais tarde o
pesquisador inglês C. H. Roberts descobriu que aquele fragmento era do texto do Evangelho
de São João, Jo 18,31-33 no anverso, e no reverso Jo 18,37s. O tipo de letra garante que
não podia haver sido escrito, isto é, copiado, em data posterior ao ano 125. E fora
encontrado nas areias do oásis de El Fayum, no Egito! Isto é importantíssimo: o
Evangelho de São João! O último dos Evangelhos a ser escrito! O último Evangelho
antes do ano 125 já havia chegado até o extremo do Império Romano!
* Outros três pequenos fragmentos,
cada um não maior de um selo de correios,haviam sido descobertos em Luxor
(Egito) em 1901 pelo capelão inglês Rdo. Charles Huleat, que os doou à Biblioteca do
Magdalen College, em Oxford. Não se lhes deu maior importância, deu-se por suposto sem
mais pesquisas que seriam, como outros 37 papiros do Evangelho já conhecidos, datados do
século II e mesmo do III. A comunidade judaico-cristã era muito florescente em
Alexandria.
- Mas bem recentemente, em 1994, o
Prof. Carsten Peter Thiede, Diretor do Instituto de Pesquisas de Paderborn, Alemanha, foi
a Oxford a examinar minuciosamente aqueles três fragmentos... E novamente outra
revolução: pelo tipo de letra do grego em caracteres verticais, aqueles textos
evangélicos tinham que ser anteriores ao ano 50...! Como máximo, esticando até
quebrar, poderiam chegar até o ano 70.
* Mais ainda. Mateus, Marcos e Lucas, os
três Evangelhos sinóticos, em grego, tal como hoje os temos, foram terminados de
escrever entre os anos 40-50 d.C., isto é, na década depois da morte de Jesus!.
Concretamente: em 1970 houve uma outra sacudidela na opinião reinante a respeito da data
dos Evangelhos. Encontrou-se numa gruta de Qumrã, junto ao Mar Morto (na fronteira de
Israel, onde moravam os essênios, eremitas fanáticos e "separatistas" judeus),
um pequeno fragmento de um papiro, tamanho de uma unha, só oito letras inteiras e
fragmentos ao tudo de 18 letras. Grego em escrita Zierstil, que só se utilizou pouco
antes de Cristo e como máximo, forçando as possibilidades, até 50 anos depois de
Cristo. Precipitadamente todos supunham, pelas duas letras "n" que claramente
apareciam, que se trataria de uma de tantas "gennealogias" típicas do Antigo
Testamento, e não deram maior importância a "esse fragmento de alguma copia".
Após muito estudo, o jesuíta espanhol (apesar do sobrenome irlandês de família) Pe.
José O´Calaghan genialmente se perguntou: "E se fosse Gennesareht?" E
demonstrou inapelavelmente que se trata mesmo de Mc 6,52s. O Evangelho de São
Marcos foi escrito quanto antes do ano 50 d.C.?
* Portanto, todos os Evangelhos
foram escritos quando Jesus estava ainda bem recente, quando
ainda
estavam vivos as testemunhas!, e vivos os próprios inimigos, que teriam
desmascarado qualquer invenção. É mesmo, como proclama São João, "o que
ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam
da
Palavra da vida..., nós A vimos e Lhe damos testemunho... o que vimos e ouvimos vo-lo
anunciamos" (1Jo 1,1.3).
* Em toda a historia antiga Jesus
Cristo é o único personagem que consta de quatro vidas paralelas, além das
referencias nos Cartas e nos Atos dos Apóstolos.
* E muito mais que referências. Todos
os especialistas estão de acordo em que as cartas de São Paulo são ainda anteriores
aos Evangelhos. Trata-se de documentos escritos poucos anos depois da morte de Jesus.
As últimas cartas não ultrapassaram 25 anos depois. Mais contemporaneidade numa
história, impossível. Sem paralelo em todos os personagens antigos. Pois bem, está
desenhado nitidamente nas cartas de São Paulo um sumario de toda a vida de Jesus
Cristo. Debrucemo-nos uns segundos sobre as cartas de São Paulo:
Jesus, antes de vir a este mundo,
preexistia como Deus (Fl 2,6). Jesus nasce duma Mulher sob o regime da Lei (Gl 4,4). Vive
no meio dos Judeus (Rm 15,8; 1Ts 2,15). É verdadeiramente homem semelhante a nós (Rm
5,15; 1Cor 15,21s), menos no pecado (2Cdor 5,21). Tem "irmãos" (no significado
aramaico - vide artigo no link) (1Cor 9,5). Um dois quais, Tiago (o
Menor), é expressamente nomeado (Gl 1,19). Para colaborarem na sua missão e
continuarem-na rodeia-se de Apóstolos (1Cor 9,5-14;15,7-9) em número de 12 (2Cor 15,5).
Três dos quais, Cefas-Pedro, Tiago (o Maior) e João são mencionados pelo nome (Gl
1,18s). Jesus mandou-os pregar o Evangelho (1Cor 9,15). E têm poder de operarem
milagres como Ele (2Cor 12,19). Levou na Terra uma vida de pobreza (2Cor 8,9), de
sujeição (Fl 2,8), de obediência (Rm 5,15-19). Entregou-se voluntariamente a seus
inimigos (Gl 1,4;2,20), aos Judeus, que o entregam à morte de cruz (1Ts 2,19). A Paixão
de Jesus aconteceu pela Páscoa, no tempo dos Ázimos (1Cor 5,6-8). Na noite em que
haveria de ser entregue, instituiu a Sda. Eucaristia (1Cor 11,23-26). Depois de horríveis
tormentos, morre na Cruz (Fl 2,8). É sepultado, mas ressuscita ao terceiro dia
(1Cor 15,4). Apareceu-se a Cefas, Tiago e também aos outros Apóstolos (1Cor 15,5.7s). Ascende
aos Céus diante de mais de 500 pessoas (1Cor 15,6-8).
- Tantos dados da vida de Jesus têm
ainda mais valor histórico se levarmos em consideração que as cartas de São Paulo não
eram destinadas a informar os primeiros cristãos, esse conhecimento é dado por
suposto, são escritos de circunstâncias.
* Só temos, de todos os autores
greco-romanos uns 40 "códices grandes", assim chamados, todos
posteriores ao século IV. Ora, Homero é do século VIII antes de Cristo. De
Virgílio só se conservam três códices. De Cícero, pouco anterior a Cristo, só temos
um códice, do século VII. Dos outros clássicos gregos, nenhum códice grande anterior
ao século IX. Alguém, não fanático até o extremo da doença, negará a historicidade
de alguns dos autores greco-romanos? Ora, de Cristo, anteriores ao século IV, para
só considerar os "códices grandes" e só em grego, temos mais de 2.610.
Inclusive do século I e da primeira parte do século II. Absolutamente
incontáveis as citações, idênticas substancialmente. Como atestou o historiador Sir
Frederic Kenyon, da "New Criticism", que agrupa os professores do Kenyon
College, em Bambler (Ohio), "o número de manuscritos do Novo Testamento, de
primitivas traduções, e de citações nos escritores mais antigos é tão grande, que em
uma ou outra dessas autoridades antigas temos certeza é preservada a verdadeira
versão. Isto não se pode dizer de nenhum outro livro antigo em todo o
mundo".
- Por tudo
isso, pense o prezado leitor
o que devemos pensar de tantos racionalistas e líderes anti-católicos que
propalam, repetem e até desafiam a que se apresente algum livro da época
de Jesus que fale Dele...
GRANDE RESPEITO
São Paulo logo após a morte de Jesus
percorreu o "mundo civilizado". Nas cartas e pregação há muitas frases
lapidares daquele dinâmico pregador e que muito facilmente poderiam atribuir-se ao
próprio Jesus...
- ... Nenhuma foi introduzida nos
Evangelhos! O que prova inapelavelmente o respeito que os escritores dos Evangelhos
tiveram em transmitir com toda exatidão os fatos, a doutrina, as próprias palavras de
Jesus.
* Estava muito recente a figura de
Jesus. Inclusive muitos dos primeiros cristãos esperavam que Jesus voltaria novamente
à Terra, interpretando erradamente mas cheios de saudade, certas frases do próprio
Cristo. Assim é absurdo, é preconceito doentio afirmar que os primeiros cristãos
trocaram ou inventaram as palavras e os milagres de Jesus.
* Pelo contrario, consideravam
qualquer invenção ou modificação como grande desrespeito e grande desonestidade.
Plenamente incompatível com o prestigio dos Apóstolos, Evangelistas e líderes
cristãos, que tantas provas deram de honestidade.
* Os Apóstolos eram testemunhas
escolhidos e formados pelo próprio Jesus.
* Os Apóstolos demonstraram admirável
constância no testemunho perante qualquer auditório e perante os mais cruéis
tormentos, todos selando seu testemunho com o martírio. Como cunhou Blasio Pascal:
"Acredito em testemunha que se deixa matar".
E GRANDE VIGILÂNCIA
Consta que os Apóstolos e líderes
por eles escolhidos para os primeiros cristãos tinham o convencimento e ensinavam que
na Igreja havia que ter uma grande vigilância para que ninguém introduzisse nenhuma
inexatidão, fábula, ou heresia.
* É dito nos escritos dos rabinos
da época e no Talmud contra os Apóstolos e primeiros líderes cristãos.
* Incrimina-o Juliano, o Apóstata,
contra São Paulo.
* Alertavam o povo contra as
fábulas (1Tm 4,4-7; 1Pd 1,16).
* Para substituir Judas tinha
que ser alguém testemunha desde o começo (At 1,21).
* Os Evangelistas foram e
consultaram "as testemunhas desde o começo" (Lc 1,2; Jo 15, 3-8).
* Insiste-se no Novo Testamento mais
de 150 vezes em "testemunho", "testemunhar"...
* Concretamente para provar a Ressurreição
de Cristo, São Paulo acudiu a mais de 500 testemunhas conjuntamente, "a
maioria dos quais ainda vive" (1Cor 15,3-8).
* O Sínodo dos Apóstolos enviou Pedro
e João a Samaria a inspecionar se o que se transmitia era exatamente a realidade dos
fatos (At 8,14).
* Igualmente, com a mesma finalidade, Pedro
foi inspecionar as comunidades perto de Jerusalém (At 9,32-42).
* Para isso foi enviado Barnabé a
Antioquia (At 11,12ss).
* Privadamente viajou Paulo
para verificar se ele próprio estava em tudo de acordo com Pedro, João e Tiago,
"colunas" da Igreja (Gl 2,2. 9).
* Para os especialistas, não se pode
duvidar que sete oitavas partes dos Evangelhos conservam-se exatamente iguais a como
foram escritas. E essa uma oitava parte talvez modificada, é só diferente em
alguma ordem das palavras ou troca de palavras sem em nada modificar o sentido.
Simplesmente um monumento à vigilância dos líderes dos primeiros cristãos!
* Como conclusão de autoridade
citemos a Constituição "Dei Verbum" do Concilio Vaticano II, No. 19, onde se
proclama (incluindo algumas palavras a respeito da divindade e redenção salvadora
de Jesus, temas da 3ª parte deste diálogo): "A Santa Mãe Igreja com firmeza e
máxima constância sustentou e sustenta que os quatro mencionados Evangelhos, cuja
historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus,
Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a
eterna salvação deles até o dia em que foi elevado (At 1,1-2). Os
Apóstolos, após a ascensão do Senhor, transmitiram aos ouvintes aquilo que
Ele dissera e fizera, com aquela mais plena compreensão de que gozavam, instruídos
que foram pelos gloriosos acontecimentos de Cristo e esclarecidos pela luz do Espírito da
verdade".
INVENTAR MILAGRES?
Como acabamos de ver, nenhum
personagem antigo tem tamanha publicidade, universalidade, constância,
contemporaneidade, veracidade... na documentação histórica como Jesus-Cristo.
Frisemos que dos Evangelhos e demais documentos, não se podem suprimir os milagres.
É completamente absurdo, puro preconceito doentio, afirmar que os Evangelhos em geral e
os milagres em particular se devem a elaborações ou mitos dos primeiros
cristãos. Por tudo o dito é absolutamente certo que os Apóstolos e líderes
cristãos nem inventaram, nem aumentaram nem esqueceram nada fundamental da doutrina, vida
e concretamente dos milagres de Jesus.
*
Além do mais, contra isso de "experiências
visionárias", na realidade os Apóstolos não eram proclives a acreditar em
milagres. É dito contra eles nos Evangelhos, sinceramente, por amor à verdade, e
essa crítica não podia surgir dos primeiros cristãos, que tanto
respeitavam aos Apóstolos.
* Muitos textos de Cristo, dos
Apóstolos (e dos SS. Padres e Escritores Eclesiásticos), destacam a importância dos
milagres como fundamento para aceitar a Revelação. Não podem ser inventados. Por
exemplo alguns textos, entre outros, de São João: Caná, "acreditaram" (2,11).
"Testemunho maior que João" (5.36). Que sinal "para que creiamos?"
(6,30). O Cristo "fará mais?" (7,31). Pecador "tais sinais?"
(9,16-36). "As obras que faço" (10,24s.37s). Lázaro: "creiam",
"creram", "todos crerão" (11,15.42.45.47s.). "Para crerdes"
(20,30s). Etc.
* Nem os Apóstolos nem os primeiros
cristãos, testemunhas, teriam mantido a fé, precisamente perante o
"fracasso" de Jesus, contra tantas dificuldades nas catacumbas, perseguições e
martírios. Nas "Atas dos Mártires" ficou gravado em bronze o exemplo
heróico de milhares e milhares de mártires nos três primeiros séculos.
* Os primeiros cristãos
precisavam de base firme, os milagres de Cristo e dos Apóstolos, para
insubordinar-se contra as exigências do Judaísmo. E os primeiros cristãos de
outras terras, contra os mitos e milagrerias do paganismo.
* Se os milagres dos Apóstolos não
tivessem confirmado os de Jesus não se teriam convertido em tão grande número naquelas
dificuldades. Os magos pagãos não o teriam reconhecido.
* Quem tenha um mínimo de
conhecimento de crítica histórica, ou mesmo um mínimo de bom senso, compreende
que se os milagres de Jesus devessem um mínimo à invenção dos evangelistas ou
dos primeiros cristãos, seriam "milagres" bem mais maravilhosos, até
o ridículo como os atribuídos a Maomé, a Buda..., ou de alguns Evangelhos
Apócrifos, dada a divindade para a que se apresentam como prova.
* Os discípulos, pelo poder Dele,
superaram o Mestre confirmando ao longo dos séculos milagre por milagre, no
chamado "efeito bumerangue". Absolutamente inegáveis historicamente como
demonstram em três séculos de pesquisa os Bolandistas (57 grandes volumes de "Acta
Sanctorum", além da revista "Analecta Bollandiana").
* E os milagres atuais.
* E os milagres permanentes.
Os milagres são um tema fundamental,
por importantíssimo, e porque são o fundamento para a aceitação da Revelação
Cristã, e porque somente com fundamento nos milagres podemos sem fanatismos escolher
entre as 56.000 religiões hoje existentes e porque só com os milagres podemos dirimir
as discussões na interpretação da própria Revelação em detalhes mais ou menos
importantes: relíquias, imagens..., ou primado papal, sacramento da penitência, culto à
Mãe de Jesus, etc. etc., sem cairmos em discussões meramente de soberba humana. É pela
sua importância, que já no nosso site temos falado de milagres e muito ainda deveremos
falar. Planejei seis livros amplos para expor os principais milagres..., só publiquei
dois livros amplos e um folheto: Sinto-me obrigado a recomendar encomiasticamente os
livros "Milagres. A Ciência Confirma a Fé" e "Os Milagres e a
Ciência", assim como o folheto (ou melhor em vídeo) sobre Nossa Senhora de
Guadalupe.
Ótimo texto, mas corrijam lá, o imperador de 81 d.C. a 96 d.C. foi Domiciano, e não Diocleciano
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ExcluirExcelente artigo. Obrigada por disponibilizar na Web.
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