domingo, 25 de fevereiro de 2018

A Instrução Geral do Missal Romano chama de “comentador” no número 105b: “Incumbido de fazer aos fiéis, se for oportuno, breves explicações e admonições, a fim de os introduzir na celebração e os dispor a compreendê-la melhor". E adverte: "As admonições do comentador devem ser cuidadosamente preparadas e muito sóbrias. No desempenho da sua função, o comentador deve colocar-se em lugar adequado, à frente dos fiéis, mas não no ambão”.

Essa função é dispensável em grande parte das assembleias que já estão bastante familiarizadas com a Missa atual. Explicações, neste caso, tornam-se inoportunas.
A Instrução indica apenas as admonições que competem ao sacerdote: a admonição inicial, após o sinal da cruz e a saudação; antes da Oração dos fiéis e antes do Pai-nosso. A análise atenta mostra ainda mais: alguns "comentários" quebram o ritmo normal da Liturgia, por exemplo, no caso citado da admonição inicial, quando o comentarista faz seu "comentário" (às vezes mini-homilias) e logo em seguida o padre também faz esta admonição inicial, que lhe compete, repetindo e cansando os fiéis.

Os lugares costumeiros de se ouvir "comentários" são no início da celebração, antes da Liturgia da Palavra e antes da Liturgia Eucarística. Outros incham ainda mais a celebração colocando "comentários" antes de cada leitura e evangelho e antes da comunhão. Vejamos como são de fato estas passagens na Instrução Geral do Missal Romano (da admonição inicial já falamos acima):
- Antes da Liturgia da Palavra:"128. Terminada a oração coleta, todos se sentam. O sacerdote pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na liturgia da palavra".
- Entre as leituras: Não há esta referência. "Pode então observar-se, se for oportuno, um breve espaço de silêncio, para que todos meditem brevemente no que ouviram". Antes do Evangelho também não há espaço: "131. Depois (da leitura) todos se levantam e canta-se o Aleluia".
- Antes das preces: "138. Terminado o Símbolo (Creio), o sacerdote, de pé junto da cadeira, de mãos juntas, convida os fiéis à oração universal com uma breve admonição".
- Antes da Liturgia Eucarística: Não há espaço. "139. Terminada a oração universal, todos se sentam, e começa o cântico do ofertório".
- Antes do Pai-nosso: "152. Terminada a Oração eucarística, o sacerdote, de mãos juntas, diz a admonição que antecede a oração dominical".
- Antes da Comunhão: Não há comentário, sequer espaço de silêncio. "159. Enquanto o sacerdote recebe o Sacramento, começa-se o canto da Comunhão".

Vemos assim que a função litúrgica do animador hoje estaria reduzida talvez a ler as intenções particulares antes da Missa e, quem sabe, dizer os avisos e convites após a Missa. Algumas grandes celebrações, principalmente campais, podem carecer de algumas intervenções de um animador. Foi muito importante, sem dúvida, nos tempos imediatamente posteriores à reforma litúrgica da década de 60, em que o povo certamente estranharia uma nova forma de celebrar se não tivesse a ajuda de alguns comentários. Hoje, porém, os tempos são outros.

A reforma litúrgica de Bento XVI: passo-a-passo para a comunidade

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