quarta-feira, 5 de julho de 2017

A ira e a misericórdia de Deus

Comentário sobre o Evangelho de Jo 2,13-25.

A forma de nos relacionarmos com Deus – a religião – é uma virtude a ser exercitada como todas as outras virtudes. A religião cristã, particularmente, é o exercício da fé revelada.
Nossa fé não é produto da mente dos homens, mas foi revelada pelo próprio Deus. No princípio, deu ao povo hebreu uma Lei, baseada no Amor, mas que por isso comporta negações. A misericórdia e a justiça andam lado a lado, a suavidade e a severidade são expressões de um mesmo Amor terno e exigente. O que a Lei proíbe é para preservar o homem da escravidão a que está sujeito se usar mal a sua liberdade.
A boa notícia de Deus, Jesus Cristo, é o modelo de virtude. Cumpre a Lei, vai ao Templo, cura e consola, ao mesmo tempo que corrige e denuncia, usa da ira com a razão, em vista do bem, sem medo ou comodismo.
Ele dá o verdadeiro sentido do Templo, hoje sua Igreja, seu Corpo vivo: a finalidade da Igreja é a oração, a união com Deus, que se dará em definitivo na ressurreição.
O trecho termina com uma curiosa informação: “Vendo os sinais que realizava, muitos creram no seu nome. Mas Jesus não lhes dava crédito, pois ele conhecia a todos”. Esses a quem Jesus não dá crédito, mesmo que acreditem, são aqueles que creem com interesse egoísta; que pretendem comprar, negociar com Deus, buscando somente os sinais e milagres. A verdadeira religião é amar a Deus sobre todas as coisas: isso implica em cumprir seus mandamentos e fazer chegar a todos sua presença viva, seu Corpo, sua Igreja.

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