Tal não é o ensinamento da Igreja.
O Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap. – pregador da Casa Pontifícia – comenta sobre a Liturgia da Ascensão do Senhor:
"Nosso verdadeiro céu é Cristo ressuscitado, com quem iremos encontrar-nos e formar um «corpo» depois de nossa ressurreição, e de modo provisório e imperfeito imediatamente depois da morte".A Congregação para a Doutrina da Fé já havia se pronunciado em Carta referente a algumas questões de Escatologia, aos 17 de maio de 1979, sobre alguns pontos:
- A Igreja entende a ressurreição do homem todo inteiro; esta não é outra coisa que a extensão da ressurreição de Cristo aos homens.
- A Igreja afirma a sobrevivência e subsistência após a morte de um elemento espiritual que prorroga a consciência e assegura que o "eu" humano subsista. Para designar este elemento, a Igreja emprega o termo "alma", consagrado pela Escritura e Tradição. Sem ignorar que o termo tem diversos sentidos na bíblia, não há razão séria para o rejeitar e considera um recurso de linguagem essencial para assegurar a fé dos cristãos.
- A Igreja, conforme a Escritura, espera a manifestação gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, considerada, no entanto, como separada e distinta em comparação com a situação que os homens se encontram imediatamente após a sua morte.
O livro "A hora da morte" de Arnaud Dumouch apresenta o que podemos saber sobre os novíssimos, contra as posições mais heterodoxas. |
Alguns teólogos criticam esta posição da Igreja, tachando-a de dualista por defender a distinção entre corpo e alma. Ora, seria também dualismo não aceitar a subsistência de um elemento sem o outro. O homem é inteiro, formado de corpo e alma, não como elementos antagônicos, mas complementares.
O que se dá na morte, em linhas gerais, é a corrupção do corpo e a permanência da alma (elemento espiritual, portanto não se decompõe). A alma (que é pessoa) é julgada em foro privado por Deus (juízo particular) e aí conhece seu destino (permanecer em Deus ou negá-l'O, afastando-O). Por ocasião da segunda vinda de Jesus (parusia), todos ressuscitarão em seus corpos (glorificados, não-materiais) e será esclarecida perante todos a história e cumprida toda a justiça (juízo final).
Há de se esclarecer ainda sobre a eternidade. Esta é a situação do que não teve começo nem terá fim. Então, só Deus é eterno. Ele abarca toda a história em um mesmo instante.
Para todos os outros seres, as criaturas, há sucessão de fatos. Neste mundo estamos sob o tempo, a sucessão de dias e anos. Para as criaturas espirituais (o que inclui o homem após a morte) há sucessão de fatos, de um modo que não é possível determinar. Caso morra hoje, não poderei ser julgado ao lado de uma pessoa que sequer existe, pois nascerá daqui a dez anos, por exemplo. A não ser que se admita, contra todos os argumentos e contra a Revelação, um estado de dormição, de não-existência esperando a ressurreição.
É, pois, errôneo atribuir a todos os homens um só juízo, o final, ocorrido logo após a morte em um mesmo instante para todos.
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Comentário do Pe. Cantalamessa sobre a liturgia da Ascensão do Senhor. ROMA, 2 de maio de 2008 - http://www.zenit.org/article-18301?l=portuguese
CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Carta referente a algumas questões de Escatologia – Recentiores episcoporum Synodi, 17 de maio de 1979 - http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19790517_escatologia_fr.html
Para saber mais: Análise de "Escatologia da Pessoa", de Renold Blank, por Pe. Estêvão Bettencourt, osb: http://www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=161
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A hora da morte - Arnaud Dumouch
- Nihil Obstat e Imprimatur: Arquidiocese de Paris (1996 e 2002)
Quanto sabes do Catecismo da Igreja Católica?
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