A prática da entrada ou procissão da Bíblia, logo antes da primeira 
leitura, muitas vezes acompanhada de dança, vem sendo tolerada há muito 
tempo. Fato é que esse “rito” 
não existe oficialmente,
 isto é, nos livros e normas litúrgicas. O motivo pelo qual ainda não 
foi permitida oficialmente, apesar da intensa prática, é que (1) não tem
 nenhum sentido litúrgico-teológico e ainda (2) perturba o andamento da 
celebração.
1. Na liturgia, Cristo está presente na 
“palavra proferida”,
 não no livro: “Ele está presente em sua palavra visto que é ele próprio
 quem fala quando as Escrituras são lidas na Igreja”. Esta presença é 
sinalizada pelo ambão e pela beleza dos livros litúrgicos, isto é, o 
lecionário e o evangeliário. Em virtude deste sinal, o livro venerado 
deve ser o que vai ser lido. O livro das leituras ou 
a Bíblia não é Palavra de Deus se serve apenas como enfeite.
2. Após a Oração do dia ou coleta, os fiéis imediatamente 
se sentam e fazem silêncio para ouvir a Palavra de Deus. É a prática de séculos. Quando se introduz um rito não previsto neste momento, gera-se um 
desconforto na
 assembleia, quebra-se o ritmo. É um “ruído litúrgico”. O que é previsto
 é a entrada do evangeliário na procissão de entrada, levado pelo 
diácono ou, na falta deste, um leitor. É colocado no centro do altar, 
voltado para o povo, e é levado novamente em procissão na hora do 
Evangelho, por aquele que proclama. Na falta do evangeliário, entra o 
lecionário que vai direto ao ambão.
A CNBB, num tópico das 
“Orientações para a celebração da Palavra de Deus” de 1994, diz: “Convém
 que as comunidades, conforme as circunstâncias específicas, encontrem, 
dentro da variedade de gestos possíveis, ritos que permitem valorizar e 
realçar o Livro da Palavra (Bíblia, Lecionário) e a sua proclamação 
solene. O Livro, sinal da Palavra de Deus, é trazido em procissão, 
colocado na Mesa da Palavra, aclamado antes e depois da leitura e 
venerado. Não é recomendável que o leitor proclame a Palavra usando o 
folheto” (n. 70). Note-se que não se diz o momento adequado, nem que 
esta sugestão seja aplicável à Missa. Tinha em vista corrigir o abuso 
que é “folheto”, correndo o risco de gerar outros (o que, de fato, 
ocorreu). Pelo zelo e pela obrigação, opte-se pelas normas do Missal 
Romano, sinal da unidade litúrgica católica.
Sobre a dança, Cardeal Ratzinger escrevera: “
A dança não é uma forma de expressão cristã. Já no século III, 
os círculos gnósticos-docéticos tentaram introduzi-la na Liturgia (…)
 As danças cultuais das diversas religiões são orientadas de maneiras 
variadas – invocação, magia analógica, êxtase místico; porém, 
nenhuma dessas formas corresponde à orientação interior a Liturgia do “sacrifício da Palavra”. É totalmente 
absurdo – na tentativa de tornar a Liturgia “mais atraente” recorrer a espetáculos de 
pantomimas de dança”
 (Introdução ao Espírito da Liturgia, pg. 146). É permitida, assim como as palmas, 
somente nas culturas onde faz parte do acompanhamento natural do canto, que 
não é o nosso caso.
Quem
 incentiva essas práticas (normalmente “equipes de liturgia” que 
compreendem mal o sentido de criatividade) deveria se colocar antes no 
lugar da assembleia.
Fonte: 
Um dos pontos fortes do pontificado do Papa Bento XVI é promover o que vem sendo chamado de “reforma da reforma"...