A origem dos escapulários
Originariamente, escapulário era uma espécie
de avental que caía na frente e atrás pelos ombros (
Scapulae),
usado sobre a roupa comum, sobretudo por criados ou funcionários de palácios,
instituições etc. A cor, ou certos desenhos nele bordados, indicavam a quem
serviam. Na regra de São Bento, datada do século VI, esta já fala de um «escapulário» para o uso durante o trabalho dos monges.
A imposição nas formas de profissão monástica, se deu
gradualmente sendo hoje parte integrante de quase todos os hábitos religiosos. Tornou-se
usual também para as Ordens Terceiras (leigos consagrados) portar sobre as
vestes um escapulário de tamanho considerável, do mesmo tecido que o das ordens
primeiras. Para muitos leigos que por motivos diversos não poderiam ingressar
nas Ordens Terceiras foram fundadas as confrarias. Os confrades participavam
dos bens espirituais das Ordens a que estavam ligados, mas não tinham votos. A
confraria de Nossa Senhora do Carmo é a mais antiga (1280).
Para essas confrarias, surgiu
então uma miniatura do escapulário dos religiosos, seus confrades deveriam
portá-lo continuamente.
Finalmente, várias Ordens
religiosas receberam da Igreja a faculdade de benzer pequenos escapulários e
impô-los aos fiéis, independente de estarem os fiéis ligados ou não a
confrarias.
O escapulário do Carmo
A Ordem do Carmo remonta, segundo antiga tradição, aos Profetas
Elias, Eliseu e seus discípulos, estabelecidos no Monte Carmelo, na Palestina.
De acordo com essa tradição, eles já veneravam Aquela que viria a ser Mãe do
Redentor, simbolizada pela nuvenzinha que apareceu quando Elias pedia o fim da
seca que assolava a Palestina (cfr. 1Reis 18, 41-45), e da qual caiu a chuva
bendita que revivesceu a terra.

Esses eremitas, que viviam em pequenos eremitérios, ter-se-iam
sucedido através das gerações até que, na Idade Média, quando os muçulmanos
conquistaram a Terra Santa, tiveram que fugir para a Europa. Lá não foram muito
bem recebidos pelas outras ordens mendicantes que já existiam. Por isso
encontraram grandes dificuldades, passando até pelo risco de extinção.
Foi nessa ocasião que o carmelita inglês Simão Stock, homem
penitente e de muita santidade, foi eleito Superior Geral. Angustiado com a
situação em que se encontravam os carmelitas, começou a suplicar
incessantemente a Nossa Senhora que protegesse sua Ordem.
Exatamente no dia 16 de Julho de 1251, quando o Santo rezava
mais fervorosamente em seu convento de Cambridge (Inglaterra), apareceu-lhe a
Mãe de Deus revestida do hábito carmelitano, portando o Menino Jesus e
apresentando-lhe um escapulário.

"Recebe, caríssimo filho," disse Ela, "este
Escapulário da tua Ordem, sinal de minha confraternidade, privilégio para ti e
para todos os carmelitas. Todo aquele que morrer com ele revestido, não arderá
nas chamas do Inferno. Ele é, pois, um sinal de salvação, uma segurança de paz
e de eterna aliança". É a primeira Promessa, chamada "Grande
Promessa".*
Quando se tornou pública essa prova de predileção da Santíssima
Virgem em relação à Ordem Carmelita, esta começou a florescer.
No século seguinte, em 1314, a Mãe de Deus apareceu novamente,
desta vez ao Papa João XXII, confirmando sua especial proteção aos que usassem
o escapulário, e prometendo ainda que os livraria do purgatório no primeiro sábado
após a morte. É a segunda Promessa, chamada "Privilégio Sabatino".
Isso levou Pontífices, Monarcas, religiosos de outras Ordens e
pessoas de todas as condições a querer participar desse privilégio, recebendo o
escapulário como um símbolo de devoção a Maria e de Sua salvaguarda contra os
inimigos da alma e do corpo. Pio XII chegou a afirmar, em carta aos carmelitas
em preparação para o sétimo centenário da entrega do Escapulário a São Simão
Stock que, dentre as devoções exteriores à Mãe de Deus, "
devemos
colocar em primeiro lugar a devoção ao Escapulário de Nossa Senhora do Carmo
que, pela sua simplicidade, ao alcance de todos, e pelos abundantes frutos de
santificação, se encontra extensamente divulgada entre os féis cristãos".
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* Como todas as aparições, não são de fé obrigatória para o católico. Há quem tenha colocado em dúvida o teor das mensagens das aparições, como sendo textos posteriores. Isso é possível. Mesmo as aparições não precisam ser cridas. Porém, a devoção e seus efeitos foram aprovados pela Igreja por diversos papas, pois não há erro de doutrina e é muito útil para a salvação das almas.
Privilégios concedidos
Podemos dividir os privilégios ligados ao escapulário do Carmo
em duas partes:
1 - morte em
estado de graça para aqueles que o tiverem trazido piedosamente durante a vida
e com ele morrido (promessa a São Simão Stock);
2 - o chamado
"Privilégio Sabatino". Nossa Senhora tiraria do Purgatório no
primeiro sábado após a morte (promessa ao Papa João XXII):
a - os que tiverem trazido piedosamente o escapulário e com ele
morrido;
b - tivessem guardado com esmero a castidade segundo seu estado;
c - tivessem rezado diariamente o Ofício Menor de Nossa Senhora
ou as orações prescritas pelo sacerdote que impôs o escapulário; a prática que
geralmente era imposta, era a recitação dos Sete Pai-Nossos, Ave-Marias e
Glória em louvor das Sete Alegrias de Nossa Senhora, mais jejuns prescritos.
Note-se que o uso do Escapulário exige no mínimo a oração de três Ave-Marias em
honra a Nossa Senhora do Carmo.
Indulgências:
Eis aqui as indulgências plenárias e parciais para os que vestirem o
escapulário.
A).- Indulgências
plenárias.-
1. O dia que se impõe o escapulário e o que é inscrito na terceira Ordem ou
Confraria.
2. Nestas festas:
a) Virgem do Carmo (16 de Julho ou quando se celebre);
b) São Simão Stock (16 de maio);
c) Santo Elias Profeta (20 de Julho);
d) Santa Teresa de Jesus (15 de Outubro),
e) Santa Teresa do Menino Jesus (1 de outubro);
f) São João da Cruz (14 de Dezembro);
g) Todos os Santos Carmelitas (14 de Novembro).
B).- Indulgências
Plenária no dia do Carmo.- O dia do Carmo, 16 de Julho, ou na data em que
exatamente se celebre, tem concebida uma indulgência plenária.
C).- Indulgência
parcial.- ganha-se a indulgência parcial por usar piedosamente o santo
escapulário. Pode-se ganhar não só por beijá-lo, mas também por qualquer outro
ato de efeito e devoção. E não só ao escapulário, mas também à
medalha-escapulário.
Quais são as condições para se merecer esses privilégios?
É preciso receber o escapulário de um sacerdote que tenha
autoridade para impô-lo e portá-lo piedosamente até a hora da morte. Até mesmo
aos pecadores pode ser imposto! Ser-lhes-á um grande penhor de conversão.
Algumas observações práticas
O escapulário deve ser de tecido de pura lã, marrom. Não pode
assim ser de feltro, algodão ou de tecidos sintéticos. O cordão, entretanto,
pode ser de outro tecido e cor.
Somente o primeiro escapulário que se recebe deve ser bento por
um sacerdote com poder para isso. Os outros, não. A pessoa mesmo pode fazê-lo e
colocá-lo ao pescoço sem necessidade de mandar benzê-lo. Porém, ao contrário do
que se dá com o escapulário de lã, no qual basta só o primeiro ser bento, cada
medalha-escapulário que se troca precisa ser benta.
Ele deve ser usado ao pescoço de maneira que parte caia sobre o
peito, e parte sobre as costas. "O Escapulário no bolso nada vale e não
protege" afirmava Pio XII. Aqueles que tenham alergia a lã ou outro
inconveniente para usar o escapulário, poderão usar uma medalha benta
correspondente, mas após ter-lhe sido imposto o escapulário de lã (privilégio
concedido pelo Papa São Pio X em dezembro de 1910). Mas, o mesmo Santo
Pontífice recomendava a todos os fiéis a continuar usando o Escapulário de lã, como
foi revelado por Nossa Senhora.
"Penhor e sinal de salvação"
O escapulário representa um grande tesouro, como afirmou o Papa
Pio XII: "Não é coisa de pequena importância procurar-se a aquisição da
vida eterna, segundo a tradicional promessa da Virgem Santíssima; trata-se, com
efeito, da empresa mais importante e do modo mais seguro de a levar a
cabo".
Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja, não só o trazia
consigo, como o louva em seus livros e o recomendava a todos como sinal de
santidade e fortaleza. Dizia que, quando somos tentados, devemos apertar o
santo escapulário com as mãos para que o demônio deixe de nos atormentar.
E o Beato Cláudio de la Colombière, confessor de Santa Margarida
Maria Alacquoque, confidente do Sagrado Coração de Jesus, afirmava:
"Creio que às vantagens que se atribuem aos devotos de
Maria, se podem acrescentar outras mais notáveis em favor dos confrades do
Carmo, que são todos os que usam o escapulário. E prosseguia: "Não; não
basta dizer que o Escapulário é um sinal de salvação. Eu estou certo de que não
há outro que faça nossa predestinação tão certa como este do Escapulário, e sob
o qual nos devemos acolher com o maior zelo e "constância".
Este "sinal certo de salvação", passaporte
seguro para o Céu, não pode prestar-se a abusos? Infelizmente sim, como todas
as coisas neste nosso vale de lágrimas. Por isso o mesmo Papa Pio XII alertava:
"Não julgue quem o usar que pode conseguir a vida eterna
abandonando-se à indolência e à preguiça espiritual".
Quantos casos houve de pessoas que, abusando dessa promessa,
levavam uma vida depravada, gabando-se de que se salvariam porque usavam o
escapulário, e que, no momento da morte o tiveram arrancado do pescoço por
algum acidente ou por si próprios nos estertores da agonia!
Entretanto, se ele não é passaporte infalível para quem o usa indignamente
e com presunção, pode servir de grande meio de conversão, movendo almas
empedernidas ao arrependimento e ao amor de Deus. Conta-se de conversões
obtidas na hora da morte unicamente ao impor-se ao moribundo o escapulário do
Carmo.
Tenha-se sempre presente o tradicional ensinamento da Santa
Igreja: o Escapulário não é um sinal de proteção mágica ou amuleto da sorte;
não é garantia automática de salvação; nem dispensa de cumprir as exigências da
vida cristã, evitar o pecado e observar os Mandamentos.
IMPOSIÇÃO DO ESCAPULÁRIO POR UM SACERDOTE
- Senhor Jesus Cristo, Salvador dos homens, † abençoai este hábito de Nossa
Senhora de Carmo, que, como sinal de Consagração a Maria, vai ser imposto ao
vosso servo, para que pela intercessão de Maria Santíssima, possa alcançar
maior plenitude de graça.
(Asperge o Escapulário com água benta)
[IMPOSIÇÃO:] - Recebe este santo hábito para que, trazendo-o com devoção, te defenda
do mal, e te conduza à vida eterna. - Amém.
(Coloca-o ao pescoço de cada pessoa)
- Participas desde este momento de todos os bens espirituais, de que gozam os
religiosos do Carmo, em Nome do Pai † e do Filho e do Espírito Santo.
- Amém.
- O Senhor que se dignou admitir-te entre os confrades do Carmo, † te
abençoe; e mediante este sinal de Consagração, te faça forte na luta desta
vida, e te conduza à felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
- Amém.
(Asperge o Confrade com água benta)
Referências: