terça-feira, 26 de abril de 2016

Extraído de: http://www.paginaoriente.com/catecismo/cruzad.htm
 
ORIGEM DAS CRUZADAS 

As guerras entre os países de religião ocidental e  os ocupantes muçulmanos na Terra Santa, principalmente em decorrência da ocupação  dos lugares de veneração dos cristãos  remontam ao século VII  com a ocupação dos maometanos e, mais tarde, os turcos (século XI) que dominaram a região. A princípio oito batalhas, denominadas cruzadas, estenderam-se de 1095 a 1270, se bem  que após esse período, durante muito tempo foram outras organizadas, porém, com características diferentes das Cruzadas primitivas.

Os cristãos na Palestina sempre haviam sido tratados com hospitalidade  pelos  muçulmanos. Os árabes também consideravam Jerusalém  uma cidade respeitável e Jesus, segundo eles, simplesmente um  dos profetas  que haviam precedido Maomé.  Quando Al-Hakim,  o califa louco do Cairo, destruiu a  igreja do Santo Sepulcro (1010), os próprios maometanos contribuíram substancialmente para a sua restauração.

 Entretanto, com o avanço dos turcos  modificou-se completamente a situação.  Em 1070 os turcos haviam tomado Jerusalém aos árabes e  começaram então as  perseguições e profanações que os peregrinos narravam com cores vivas no Ocidente. 

Nessa época,  um piedoso peregrino chamado Pedro d'Amiens, ao retornar da Terra Santa, foi ter com o Papa Urbano II a fim de descrever-lhe os vexames dos cristãos na Palestina e  profanação dos lugares santos pelos infiéis. Por este motivo, o Papa convocou o concílio de Clermont (1095), ao qual compareceram  muitos príncipes do Ocidente.   Lá compareceu também Pedro d'Amiens e expôs com tal emoção a triste situação do país de Cristo que todos os circunstantes,  em lágrimas,  romperam num grito uníssono de fé e coragem: "Deus o quer! Deus o quer! ". O Ocidente em peso pôs-se em movimento  para libertar do poder dos turcos a Terra Santa. 

Ocorre que antes  da definição e concretização das metas,  Pedro, o Eremita e um cavaleiro intitulado Gauthier Sans-Avoir (Valter Sem Tostão),  anteciparam-se aos planos do Papa Urbano II e partiram para o Oriente  com uma massa de 17.000 pessoas ignorantes, pobremente equipadas e sem nenhuma experiência militar.  Foi um movimento paralelo e independente que partiu em direção à Nicéia sem o prévio consentimento do Papa, sob a denominação "cruzada do povo".  Após uma travessia caracterizada por roubos, violências e  epidemias, foram  completamente trucidados pelos  turcos quando atacaram aquela cidade. Por isto,  não considera-se este movimento como a primeira cruzada, que teve  seu início em 1096, portanto, no ano seguinte. 

 1ª. Cruzada 

A primeira  das cruzadas  partiu em 1096 e teve seu término em 1099. Os maiores  nomes da cristandade feudal nela figuravam, predominando franceses e normandos. Sob o comando de Godofredo de Buillon seguiram para Constantinopla. Os muçulmanos achavam-se divididos e os cruzados  tomaram facilmente Antioquia. Durante um período de três anos, após  renhidas batalhas, no dia  15 de julho de 1099, numa Sexta-Feira Santa,  os cruzados  tomaram Jerusalém. Por causa de sua coragem e piedade, os chefes dos exércitos o elegeram rei de Jerusalém. Conduziram-no à igreja do Santo Sepulcro, onde o aclamaram solenemente. Quando, porém,  lhe ofereceram a  coroa real, o duque  recusou-se a aceitá-la e disse: "Não permita Deus que eu cinja um diadema de  ouro no mesmo local em que o Rei dos reis foi coroado de espinhos".  Com  a  finalidade  de  defesa  foram criadas  ordens  militares-religiosas, como a  dos Hospitalários ou Cavaleiros de São João, a dos  Templários  e  a  dos Cavaleiros  Teutônicos, tendo o novo reino subsistido por quase  cem anos.  

 2ª. Cruzada 

Saladino, um aventureiro curdo, tornou-se  sultão do Egito e reunindo os esforços do Egito aos de Bagdá, fez a pregação de uma guerra santa muçulmana  contra os cristãos. A contra-cruzada de Saladino atingiu seu objetivo precisamente em 1187, quando Jerusalém foi retomada. Esse fato suscitou a terceira cruzada, denominada "Cruzada dos Reis". 

 3ª. Cruzada ("Cruzada dos Reis") 

A Cruzada dos Reis foi chefiada por  Frederico I (Frederico Barba Ruiva), imperador do Sacro Império Romano Germânico, Felipe Augusto, rei da França e Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra,os quais  não obtiveram êxito.  Frederico I morreu afogado no rio Selef, na Cicília. Felipe Augusto regressou logo, tendo perdido quase  todas as suas tropas e Ricardo Coração de Leão ficou na Palestina tentando em vão tomar Jerusalém. 
Esta terceira cruzada, contudo, marcou uma  importante transformação nas relações entre cristãos e muçulmanos. Ricardo Coração de Leão firmou com Saladino um tratado, mediante o qual este reconhecia aos cristãos o domínio de uma  faixa costeira  na Síria e permitia o livre acesso dos peregrinos a Jerusalém. 

 4ª.  Cruzada ("Cruzada Veneziana") 

A quarta  cruzada foi preparada por Inocêncio III, o grande Papa da Idade Média. Os franceses, principalmente,  acudiram ao apelo do Pontífice. Mas os planos do Papa, de atacar o Egito e  depois a Palestina, foram completamente deturpados pela influência de Veneza. A rica cidade italiana  exigiu 85.000 marcos de  prata para transportar os cruzados. Como não se conseguiu a quantia pedida, foi proposto um acordo pelos venezianos, no qual os cruzados os ajudariam a tomar a  cidade de Zara (hoje Zadar - Iuguslávia), no Adriático, cuja prosperidade  preocupava seriamente Veneza.  Contra a  opinião do Papa, o acordo foi feito e Zara saqueada. Em seguida os venezianos  sugeriram um ataque a Constantinopla, pois não lhes interessava  uma guerra contra os muçulmanos com os quais  comerciavam intensamente. 

Aproveitando-se  das lutas  internas pelo trono bizantino, os cruzados, apesar da oposição de Inocêncio III, dirigiram-se  com uma frota de  480 navios para Constantinopla.  A quarta cruzada transformou-se, assim,  em intrigas e rivalidades entre os príncipes cristãos , fazendo com que os santos lugares  caíssem no poder dos infiéis. Além disto, Constantinopla foi saqueada  totalmente, parcialmente destruída e, em meio à pilhagem, preciosos manuscritos foram inutilizados ou perdidos e  milhares de obras-primas foram roubadas, mutiladas ou esfaceladas. 

 5ª.  e 6ª. Cruzadas 

A quinta cruzada dirigida por André II da Hungria, não teve grande importância histórica.  A sexta, no entanto, comandada por Frederico II, alcançou a Palestina. Frederico II, como havia sido excomungado, não recebeu cooperação cristã. Por ter  conhecimentos em ciência e filosofia árabes, acabou entendendo-se amistosamente com o sultão Al-Kamil,  ocasião em que assinaram um tratado mediante o qual o Islã cedia aos cristãos Acre, Jafa, Sidon, Nazaré, Belém e toda a Jerusalém. 

 7ª e 8ª Cruzadas  

A sétima e oitava  cruzadas foram empreendidas  por Luís IX (São Luís), rei da França. Na sétima cruzada  foi ocupada a  cidade de Damieta, mas logo em seguida  foi feito prisioneiro o bom rei francês, tendo sido  obrigado a pagar pesado resgate. Em 1270 empreendeu uma expedição a Túnis (8ª. Cruzada), onde faleceu, vítima de uma epidemia. 

<> Consequência sociais e  religiosas das Cruzadas <>

Os efeitos  das  cruzadas  sobre a vida econômica e social da Europa constituem pontos de divergência entre os modernos historiadores. Não se pode afirmar que as Cruzadas tenham ocasionado a ruína do feudalismo. A desintegração feudal era um processo já em evolução e para ele talvez tenha  contribuido mais  a  peste negra (que matou um terço da população européia) do que as Cruzadas.  Todavia, as Cruzadas  apressaram a emancipação do povo. Muitos camponeses aproveitaram-se da  ausência de seus  senhores para libertarem-se da escravidão. 

Ademais, os grandes  centros da civilização sarracena não eram Jerusalém e Antioquia, mas sim Bagdá , Damasco, Toledo e Córdoba, não visados pelas expedições cristãs.  Contudo, foi sensível o incremento do comércio oriental. A prosperidade de  cidades  comerciais  italianas que substituíram Constantinopla como mediadora entre o comércio do Oriente e do Ocidente, foi paralela ao impulso recebido pela economia monetária da Europa. 

É inegável que as Cruzadas estimularam o interesse pelas  explorações e descobrimentos. Marcaram sem dúvida, o começo da expansão da  fronteira  européia. 

Paralelamente, no campo religioso, as fronteiras excitaram em todo o  oriente nova vida  e expansão de ordens  religiosas.  Devido às  invasões  dos povos bárbaros, as ciências por longo tempo se haviam refugiado nos conventos; então, porém, recomeçavam a  espalhar-se  entre o povo.  Fundaram-se  universidades e escolas, como em Paris  e Colônia, cujas  cátedras eram ocupadas por homens  distintos e  de vasto saber:  Santo Anselmo, 1109;   Alexandre de Hales,  1245;  Santo Alberto Magno, 1280;  São Tomaz de Aquino, padroeiro das escolas Católicas, 1274;  São Boaventura, 1274;  Venerável Duns Escoto, o "Doutor Franciscano", 1308. 

Mais de dois milhões de homens aí sacrificaram  suas vidas.  Tantos sacrifícios não eram vãos, pois grandes benefícios decorreram dessas cruzadas, para toda a  sociedade. Também destaca-se  a fundação de ordens religiosas militares:  A Ordem dos Cavaleiros de São João e a dos Cavaleiros Teutônicos, como mencionamos no início, que tinham por fim aliviar os sofrimentos dos cristãos no oriente e  combater os sarracenos. 

As principais  ordens  monásticas fundadas  durante esta  época são:  a dos camaldulenses, por São Romualdo (1037); dos cartuchos, por São Bruno (1101); dos premonstratenses, por São Norberto (1134); dos cistercienses, por São Roberto e São Bernardo (1153); dos carmelitas, pelo b. Alberto (1214);  e  dos franciscanos, por São Francisco de Assis (1226). 

Em toda a parte floresceu a santa religião. Os fiéis construíram catedrais magníficas, que ainda hoje causam  admiração e a fundação dessas e outras ordens religiosas dava à Igreja um brilho especial. Grande é o número de santos que estas ordens contam em seu grêmio. A toda a parte do mundo mandaram seus missionários, para pregarem o Evangelho.    

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Na política, o católico, e quem acredite no Evangelho, deve estar bem ciente dos princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja, que devem servir de pauta à sociedade, baseados na lei natural e na busca do bem comum, e ver se os seus candidatos adotam esses princípios (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja do Pontifício Conselho “Justiça e Paz”). 
1º. Subordinação da ordem social à ordem moral estabelecida por Deus:
“A solução dos graves problemas nacionais e internacionais não é apenas uma questão de produção econômica ou de uma organização jurídica ou social, mas requer valores ético-religiosos específicos, bem como mudanças de mentalidade, de comportamento e de estruturas” (João Paulo II, Centesimus annus 60).
“Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século, erro destrutivo, como demonstram os resultados tanto dos sistemas marxistas como inclusive dos capitalistas. Falsificam o conceito de realidade com a amputação da realidade fundante, e por isso decisiva, que é Deus. Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito de ‘realidade’ e, em conseqüência, só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas” (Bento XVI, Discurso inicial em Aparecida, 3). 
À luz da doutrina cristã, todos são pessoas, porque igualmente criados à imagem e semelhança de Deus e remidos pelo sacrifício de Jesus Cristo: qualquer ser humano passou a ser pessoa através das idéias cristãs do amor fraterno e da igualdade perante Deus. O bem de cada pessoa e de todos em comum está acima dos interesses de grupos, de indivíduos, da economia, e de todos os outros seres. O homem é o ápice da criação de Deus e é administrador de todas as realidades do mundo.
Solidariedade aqui é sinônimo de “amizade” (Leão XIII), “caridade social” (Pio XI) e “civilização do amor” (Paulo VI).
“O homem deve contribuir, com seus semelhantes, para o bem comum da sociedade, em todos os seus níveis. Sob este ângulo, a doutrina da Igreja opõe-se a todas as formas de individualismo social ou político” (CDF, Nota Doutrinal acima citada) 
4º. A busca do bem comum 
Ou seja, “o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, 26).
5º. A opção preferencial pelos pobres:

“O Estado, na proteção dos direitos particulares, deve preocupar-se, de maneira especial, dos fracos e dos indigentes. A classe rica tem menos necessidade da tutela pública. A classe indigente, ao contrário, sem riquezas que a ponham a coberto das injustiças, conta principalmente com a proteção do Estado. Que o Estado se faça, pois, sob um particularíssimo título, a providência dos trabalhadores, que em geral pertencem à classe pobre” (Leão XIII, Rerum Novarum 20). 
6º. Não ao império do dinheiro, à tendência de “converter o lucro em valor supremo” (Bento XVI,Discurso inicial em Aparecida, 2), posto acima da moral. Não, portanto, ao “capitalismo selvagem”. Sim ao capitalismo sadio: sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, da propriedade privada, da responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade humana: economia de mercado
7º. Não ao socialismo
“Os cristãos, hoje em dia, sentem-se atraídos pelas correntes socialistas e pelas suas diversas evoluções… contudo, tal corrente foi e continua a ser, ... incompatível com a fé cristã” (Paulo VI, Octogesima Adveniens, 31).
“Podem resumir sua teoria nesta fórmula única: a abolição da propriedade privada” (Manifesto do Partido Comunista, pp 62 e 38 – Marx e Engels).
“O socialismo, como doutrina ou fato histórico ou ação, se é verdadeiro socialismo, não pode conciliar-se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã” (Pio XI, Quadragesimo Anno, 117). 
 Portanto, nenhum partido socialista ou comunista deve ser votado por um cristão. Saiba mais:
8º. Subsidiariedade ou ação subsidiária do Estado, que não absorva a iniciativa das famílias e dos indivíduos.
Baseado no princípio de que o homem é anterior ao Estado e que a sociedade doméstica tem sobre a sociedade civil uma prioridade lógica e uma prioridade real, Pio XI ensina: 
“Assim como é injusto subtrair aos indivíduos o que eles podem fazer com a própria iniciativa para confiá-lo à coletividade, do mesmo modo passar para uma sociedade maior e mais elevada o que sociedades menores e inferiores poderiam conseguir é uma injustiça, um grave dano e perturbação da boa ordem social”.
“Não é justo que o indivíduo ou a família sejam absorvidos pelo Estado” (Leão XIII, Rerum Novarum, 52). 
Que as famílias possam ter iniciativa privada, por exemplo, para construir creches e escolas, sem que o Estado possa interferir, mas sim, subsidiar. Que haja, pois, da parte do Estado, incentivo e subsídio à iniciativa privada na geração de empregos e na educação.   
Nem, portanto, o Estado gigante do socialismo, nem o Estado raquítico do libertarianismo. Nem o Estado onipresente, nem o Estado omisso. A expressão “Estado forte” pode muitas vezes clamufar o significado de um Estado gigante, que não adota o princípio da subsidiariedade. Governos, tanto federais, como estaduais e municipais, que detêm a maioria dos empregos na sociedade, onde a maioria vive em função do governo e dele dependente, são realmente Estados gigantes que não adotam o princípio da subsidiariedade. 
9º. Prioridade do trabalho sobre o capital

“Ambos têm necessidade um do outro: não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital” (Leão XIII, Rerum Novarum, 28).
“O trabalho é causa eficiente primária, o capital é um instrumento ou causa instrumental”.
“É preciso acentuar o primado do homem no processo de produção, o primado do homem em relação às coisas” (João Paulo II, Laborem exercens, 12). 
10º. Destinação universal dos bens, sem prejuízo do direito de propriedade privada.
“O direito à propriedade privada está subordinado ao direito ao uso comum, subordinado à destinação universal dos bens” (João Paulo II, Laborem exercens, 19).   
Destinação e uso universal não significam que tudo esteja à disposição de cada um ou de todos, e nem mesmo que a mesma coisa sirva ou pertença a cada um ou a todos, mas que todo o homem deve ter a possibilidade de usufruir do bem-estar necessário para o seu pleno desenvolvimento
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