quinta-feira, 31 de março de 2016

Para incentivar a prática desta evangélica devoção, disponibilizamos os textos e arquivos de áudio das orações do Angelus/Regina Coeli.
Dica: grave no seu aparelho para despertar!


Angelus
O Angelus (e o Regina Coeli, no Tempo Pascal) é uma oração muito antiga que faz memória da Anunciação do Anjo Gabriel à Nossa Senhora. É costume rezá-lo às 6h, 12h e 18h. Quem não puder guardar este horário, pode rezá-lo ao levantar, na hora do almoço e ao deitar.

Baixe o áudio:
Cantado em latim / Rezado em latim (Bento XVI) / Rezado em português


V/ Angelus Dómini nuntiávit Mariæ
R/ Et concépit de Spíritu Sancto.
Ave Maria grátia plena Dóminus tecum, benedícta tu in muliéribus et benedictus fructus ventris tui, Jesus. Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nostræ. Amém.
V/ Ecce ancílla Dómini
R/ Fiat mihi secúndum verbum tuum.
Ave Maria.
V/ Et Verbum caro factum est
R/ Et habitávit in nobis.
Ave Maria.
V/ Ora pro nobis, sancta Dei Génitrix
R/ Ut digni efficiámur promissiónibus Christi.
Oremus.  Gratiam tuam, quæsumus Dómine, méntibus nostris infúnde: ut qui Angelo nuntiánte, Christi Filii tui incarnatioónem cognóvimus; per passiónem ejus et crucem, ad resurrectiónis glóriam perducámur. Per eúmdem Christum Dóminum nostrum. Amém.

Se recita o Glória, inclinando-se:
GLORIA PATRI, et Filio, et Spiritui Sancto. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

Em português
V/ O Anjo do Senhor anunciou a Maria,
R/ E Ela concebeu do Espírito Santo.
Ave Maria.
V/ Eis a escrava do Senhor.
R/ Faça-se em mim segundo a Vossa palavra.
Ave Maria.
V/ E o Verbo se fez Carne,
R/ E habitou entre nós.
Ave Maria.
V/ Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R/ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos.  Infundi, Senhor, em nossas almas a Vossa graça, para que nós, que conhecemos, pela Anunciação do Anjo, a Encarnação de Jesus Cristo, Vosso Filho, cheguemos, por sua Paixão e morte na cruz, à glória da Ressurreição. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.



Regina Caeli
O Regina Caeli substitui o Angelus durante o Tempo Pascal e recita-se, em público, sempre de pé.
 R/ Regína Cæli, lætáre, alleluia;
V/ Quia quem meruísti portáre, alleluia;
R/ Resurréxit, sicut dixit, alleluia;
V/ Ora pro nóbis Deum, alleluia.
V/ Gaude et lætáre, Virgo Maria, alleluia.
R/ Quia surréxit Dóminus vere, alleluia.
Oremus.  Deus, qui per resurrectiónem Filii tui Dómini nostri Jesu Christi mundum lætificáre dignátus es: præsta, quæsumus; ut, per ejus Genitrícem Vírginem Mariam, perpétuæ capiámus gáudia vitæ. Per eumdem Christum, Dóminum nostrum. Amém.

Em português
R/ Rainha do Céu, alegrai-Vos, aleluia.
V/ Porque aquele que merecestes trazer no seio, aleluia,
R/ Ressuscitou como disse, aleluia.
V/ Rogai por nós a Deus, aleluia.
R/ Exultai e alegrai-Vos, ó Virgem Maria, aleluia.
V/ Pois o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia.
Oremos.  Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo pela Ressurreição do Vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, fazei, por intercessão da Virgem Maria, sua Mãe Santíssima, que sejamos admitidos nas alegrias da vida eterna. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.



Oração pelos fiéis defuntos e bênção:
V. Pro fidelibus defunctis réquiem aeterna dona eis Domine
R. et lux perpetua luceat eis. 
V. Requiéscant in pace. R. Amen.

V. Sit nomen Domini benedictum. / R. Ex hoc nunc et usque in saeculum
V. Adjutorium nostrum in nomine Domini. / R. Qui fecit caelum et terram.
V. Benedicat vos omnipotens Deus, + Pater, + et Filius, + et Spiritus Sanctus. / R. Amen

segunda-feira, 21 de março de 2016



07-12-2005
http://www.zenit.org/article-9674?l=portuguese
Entrevista com o professor Rafael Pascual, L.C.
ROMA, quarta-feira, 7 de dezembro de 2005 (ZENIT.org).- «Evolução e criação podem ser compatíveis», reconhece o filósofo e teólogo Rafael Pascual, L.C, até o ponto de que fala de «criação evolutiva», declarando que a «Bíblia não tem uma finalidade científica».
O debate sobre evolução e fé é candente no cenário mundial. Voltou a ser suscitado pelo arcebispo de Viena, o cardeal Cristoph Schonborn, com um artigo publicado pelo «New York Times», em 7 de julho de 2005, onde afirmava que é Deus, através de um «desígnio inteligente, o verdadeiro artífice da evolução».
«As teorias científicas que tentam justificar a aparição do desígnio como resultado do caos e da necessidade não são verdadeiramente científicas», acrescentava o purpurado austríaco.
Para compreender melhor esta apaixonante questão, Zenit entrevistou o professor Pascual, diretor do Mestrado em Ciência e Fé do Ateneu Pontifício «Regina Apostolorum» de Roma, que na Itália acaba de publicar o livro «Evolução: cruz de caminhos entre ciência, filosofia e teologia» («L’Evoluzione: crocevia di scienza, filosofia e teologia», Editora Studium).
http://loja.cursoscatolicos.com.br

--Evolução, sim; evolucionismo, não?

--Padre Pascual: A evolução, entendida como teoria científica, fundada em dados empíricos, parece muito bem afirmada, ainda que não é totalmente verdade que já não tenha nada a acrescentar ou completar, sobretudo com respeito aos mecanismos que a regulam. Ao contrário, não me parece admissível o evolucionismo como ideologia que nega o finalismo, e sustenta que tudo se deve à casualidade e à necessidade, como afirma Jacques Monod em seu livro «Casualidade e necessidade», propondo o materialismo ateu. Este evolucionismo não é sustentável, nem como verdade científica, nem como conseqüência necessária da teoria científica da evolução, como alguns sustentam.
--Criação sim; criacionismo, não?
--Padre Pascual: A criação é uma verdade compreensível para a razão, em especial para a filosofia, mas também é uma verdade revelada. Por outro lado, o chamado criacionismo é também, como o evolucionismo, uma ideologia fundada em muitas ocasiões em uma teologia errônea, ou seja, em uma interpretação literal de algumas passagens da Bíblia, a qual, segundo seus autores, com respeito à origem das espécies sustentaria a criação imediata de cada espécie por parte de Deus, e a imutabilidade de cada espécie com o passar do tempo.
--Evolução e criação são compatíveis?
--Padre Pascual: Evolução e criação em si podem ser compatíveis; pode-se falar, sem cair em uma contradição, de uma «criação evolutiva», enquanto que evolucionismo e criacionismo são necessariamente incompatíveis.
Por outra parte, seguramente houve um desígnio inteligente, mas, em minha opinião, não se trata de uma teoria científica alternativa à teoria da evolução. Ao mesmo tempo, há que assinalar que o evolucionismo, entendido como ideologia materialista e atéia, não é científico.
--O que diz o Magistério da Igreja a respeito?
--Padre Pascual: O Magistério da Igreja, em si, não se opõe à evolução como teoria científica. Por uma parte, deixa e pede aos cientistas que façam investigações no que constitui seu âmbito específico. Mas, por outra, ante as ideologias que estão detrás de algumas versões do evolucionismo, deixa claros alguns pontos fundamentais que devem ser respeitados:
- não se pode excluir, «a priori», a causalidade divina. A ciência não pode nem afirmá-la, nem negá-la.
- o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus. Deste fato deriva sua dignidade e seu destino eterno.
- há uma descontinuidade entre o ser humano e outros seres vivos, em virtude de sua alma espiritual, que não pode ser gerada por simples reprodução natural, mas que é criada imediatamente por Deus.
--Quais são as verdades fundamentais sobre a origem do mundo e o ser humano que a Igreja indica como pontos básicos?
--Padre Pascual: Está claro que o Magistério não entra em questões propriamente científicas, que deixa à pesquisa dos especialistas, mas sente o dever de intervir para explicar as conseqüências de tipo ético e religioso que tais questões comportam.
O primeiro princípio que se sublinha é que a verdade não pode contradizer a verdade, ou seja, não pode haver um verdadeiro contraste ou conflito entre uma verdade de fé (ou revelada), e uma verdade de razão (ou seja, natural), porque as duas têm como origem a Deus.
Em segundo lugar, sublinha-se que a Bíblia não tem uma finalidade científica, mas sim religiosa, pelo que não seria correto tirar conseqüências que possam implicar a ciência, nem a respeito da doutrina da origem do universo, nem enquanto a origem biológica do homem. Há que fazer, portanto, uma correta exegese dos textos bíblicos, como indica claramente a Pontifícia Comissão Bíblica em «A interpretação da Bíblia na Igreja» (1993).
Em terceiro lugar, para a Igreja não há, em princípio, incompatibilidade entre a verdade da criação e a teoria científica da evolução. Deus poderia ter criado um mundo em evolução, o que em si não tira a causalidade divina, ao contrário pode enfocá-la melhor quanto a sua riqueza e virtualidade.
Em quarto lugar, sobre a questão da origem do ser humano, poder-se-ia admitir um processo evolutivo com respeito a sua corporeidade, mas, no caso da alma, pelo fato de ser espiritual, requer-se uma ação criadora direta por parte de Deus, já que o que é espiritual não pode ser originado por algo que não é espiritual. Entre matéria e espírito, há descontinuidade. O espírito não pode fluir ou emergir da matéria, como afirmou algum pensador. Portanto, no homem, há descontinuidade com respeito aos outros seres vivos, um «salto ontológico».
Por último, e aqui nos encontramos ante o ponto central: o fato de ser criado e querido imediatamente por Deus é o único que pode justificar, em última instância, a dignidade do ser humano. Com efeito, o homem não é o resultado da simples casualidade ou de uma fatalidade cega, mas é o fruto de um desígnio divino. O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, mais ainda, está chamado a uma relação de comunhão com Deus. Seu destino é eterno, e por isso não está simplesmente sujeito às leis deste mundo que passa. O ser humano é a única criatura que Deus quis para si mesmo, é fim em si, e não pode ser tratado como meio para alcançar nenhum outro fim, ou muito nobre que possa ser ou parecer.
--É necessário, portanto, uma antropologia adequada que tenha em conta tudo isto e que dê razão do ser humano em sua integridade.
--Padre Pascual: Sobre o tipo de relação que a Igreja promove com o mundo da ciência, João Paulo II disse: «A colaboração entre religião e ciência converte-se em ganância uma para a outra, sem violar de nenhum modo as respectivas autonomias».
--Qual é o pensamento de Bento XVI sobre criação e evolução?
--Padre Pascual: É evidente que não nos encontramos ante uma alternativa tal como «criação ou evolução», mas ante uma articulação. Em uma série de homilias sobre os primeiros capítulos do Gênesis, o então arcebispo de Munique, o cardeal Joseph Ratzinger, escreveu em 1981: «A fórmula exata é criação e evolução, porque as duas coisas respondem a duas questões diversas. O relato do pó da terra e do alento de Deus não nos narra em efeito como se originou o homem. Diz-nos o que é o homem. Fala-nos de sua origem mais íntima, ilustra o projeto que está detrás dele. Vice-versa, a teoria da evolução tenta definir e descrever processos biológicos. Não consegue ao contrário explicar a origem do “projeto” homem, explicar sua proveniência interior e sua essência. Encontramo-nos portanto ante duas questões que se complementam, não se excluem».
Ratzinger fala do caráter racional da fé na criação, que continua sendo, ainda hoje, a melhor e mais plausível das hipóteses.
Com efeito, continua dizendo o texto e Ratzinger, «mediante a razão da criação, Deus mesmo nos olha. A física, a biologia, as ciências naturais em geral nos proporcionaram um relato novo da criação, inaudito, com imagens grandiosas e novas, que nos permite reconhecer o rosto do Criador e nos faze saber de novo: sim, no princípio e no fundo de todo o ser está o Espírito Criador. O mundo não é o produto da escuridão e do absurdo. Provém de uma inteligência, de uma liberdade, de uma beleza que é amor. Reconhecer isto nos infunde o valor que nos permite viver, que nos faz capazes de enfrentar confiantes a aventura da vida».
É significativo que, em sua homilia de início de seu ministério petrino, o papa Bento XVI tenha dito: «Não somos o produto casual e sem sentido da evolução. Cada um de nós é o fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um é amado, cada um é necessário» (24 de abril de 2005).

quinta-feira, 3 de março de 2016


Reflexão para o 4º Domingo da Quaresma, Ano C - O filho pródigo

Na Celebração Eucarística, é o próprio Cristo que se faz presente no meio de nós; aliás, mais ainda: Ele vem para nos iluminar com o seu ensinamento na Liturgia da Palavra e para nos alimentar com o seu Corpo e o seu Sangue na Liturgia Eucarística e na Comunhão. Assim, Ele vem para nos ensinar e amar, vem para nos tornar capazes de amar e, assim, capazes de viver. Mas, talvez digais, como é difícil amar seriamente, viver bem! Qual é o segredo do amor, o segredo da vida? Voltemos ao Evangelho.
Neste Evangelho aparecem três pessoas: o pai e os dois filhos. Mas por detrás das pessoas aparecem dois projetos de vida bastante diferentes. Ambos os filhos vivem em paz, são agricultores abastados e, portanto, têm do que viver, vendem bem os seus produtos e a vida parece ser boa.
Todavia, gradualmente o filho mais jovem julga esta vida tediosa, insatisfatória: pensa que não pode viver assim por toda a vida: levantar todos os dias, digamos, às 6 horas e depois, segundo as tradições de Israel, uma oração, uma leitura da Bíblia Sagrada, e depois ir trabalhar e no final novamente uma oração. Assim, dia após dia, ele pensa: mas não, a vida é mais do que isto, devo encontrar outra vida, em que eu seja verdadeiramente livre, possa fazer o que me agrada; uma vida livre desta disciplina e destas normas dos mandamentos de Deus, das ordens do pai; gostaria de estar a sós e ter a vida inteira totalmente para mim, com todas as suas belezas. Agora, contudo, é só trabalho...
E assim decide pretender todo o seu patrimônio e partir. O pai é muito atencioso e generoso, e respeita a liberdade do filho: é ele que deve encontrar o seu projeto de vida. E, como diz o Evangelho, ele parte para uma terra muito distante. É provável que fosse distante geograficamente, porque deseja uma mudança, mas também interiormente, porque quer uma vida totalmente diversa.
Agora a sua ideia é: liberdade, fazer tudo o que quero, ignorar estas normas de um Deus que está distante, não permanecer no cárcere desta disciplina da casa, fazer tudo o que é bonito, aquilo que me agrada, levar a vida com toda a sua beleza e a sua plenitude.
E num primeiro momento, poderíamos talvez pensar, por alguns meses, tudo corre bem: ele acha bom ter finalmente alcançado a vida, sente-se feliz. Mas depois, pouco a pouco, sente também aqui o tédio, também aqui é sempre o mesmo. E no final permanece um vazio cada vez mais inquietador; faz-se cada vez mais vivo o sentimento de que esta ainda não é a vida, ao contrário, continuando com todas estas coisas, a vida afasta-se cada vez mais. Tudo se torna vazio: também agora se repropõe a escravidão de fazer as mesmas atividades. E no final inclusive o dinheiro termina, e o jovem julga que o seu nível de vida é inferior ao dos porcos.
Reflexões para o Ano Litúrgico. Anos A, B e C - PAPA BENTO XVI

Então, começa a refletir e pergunta se era realmente aquele o caminho da vida: uma liberdade interpretada como fazer tudo o que quero, viver, levar a vida só para mim, ou se ao contrário não seria talvez mais vida, viver pelos outros, contribuir para a construção do mundo, para o crescimento da comunidade humana... Assim começa o novo caminho, um caminho interior. O jovem reflete e considera todos estes novos aspectos do problema e começa a ver que era muito mais livre em casa, sendo também ele proprietário, contribuindo para a construção da casa e da sociedade em comunhão com o Criador, conhecendo a finalidade da sua vida, adivinhando o projeto que Deus tinha para ele. Neste caminho interior, neste amadurecimento de um novo projeto de vida, vivendo depois também o caminho exterior, o filho mais jovem põe-se a caminho para regressar, para recomeçar a sua vida, porque já compreendeu que o caminho empreendido era errado. Devo partir de novo com outro conceito, diz ele, devo recomeçar.
E chega à casa do pai, que lhe tinha deixado a sua liberdade para lhe dar a possibilidade de compreender interiormente o que é viver, o que é não viver. O pai abraça-o com todo o seu amor, oferece-lhe uma festa e a vida pode começar de novo, a partir desta festa. O filho compreende que precisamente o trabalho, a humildade, a disciplina de cada dia cria a verdadeira festa e a verdadeira liberdade. Assim regressa a casa interiormente maduro e purificado: compreendeu o que é viver.
Sem dúvida, também no futuro a sua vida não será fácil, as tentações voltarão, mas eleja está plenamente consciente de que uma vida sem Deus não funciona: falta o essencial, falta a luz, falta o porquê, falta o grande sentido do ser homem. Ele entendeu que só podemos conhecer Deus com base na sua Palavra. (Nós, cristãos, podemos acrescentar que sabemos quem é Deus através de Jesus, no qual nos foi mostrado realmente o rosto de Deus). O jovem compreende que os Mandamentos de Deus não são obstáculos para a liberdade e para uma vida bela, mas são os indicadores da vereda pela qual caminhar para encontrar a vida. Entende que também o trabalho, a disciplina, o comprometer-se não por si mesmo mas pelos outros amplia a vida. E precisamente este esforço de se comprometer no trabalho dá profundidade à vida, porque se experimenta a satisfação de ter, no final, contribuído para fazer crescer este mundo, que se torna mais livre e mais bonito.
Agora não gostaria de falar do outro filho, que ficou em casa, mas na sua reação de inveja vemos que interiormente também ele sonhava que seria, talvez, muito melhor tomar todas as liberdades. Também ele, no seu íntimo deveria "voltar para casa" e compreender de novo o que é a vida, entender que só se vive verdadeiramente com Deus, com a sua Palavra, na comunhão da própria família, do trabalho; na comunhão da grande Família de Deus. Agora, não gostaria de discorrer sobre estes pormenores: deixemos que cada um de nós tenha o seu modo de aplicar este Evangelho a si mesmo. As nossas situações são diferentes e cada um tem o seu mundo. Isto não impede que todos nós sejamos tocados e todos possamos entrar com o nosso caminho interior na profundidade do Evangelho.
Só mais algumas breves observações. O Evangelho ajuda-nos a compreender quem é verdadeiramente Deus: Ele é o Pai misericordioso que, em Jesus, nos ama sem medidas. Os erros que cometemos, mesmo se grandes, não prejudicam a fidelidade do seu amor. No sacramento da confissão podemos sempre recomeçar de novo a vida: Ele acolhe-nos, restitui-nos a dignidade de seus filhos. Portanto, redescubramos este sacramento do perdão, que faz brotar a alegria num coração renascido para a vida verdadeira.
Além disso, esta parábola ajuda-nos a compreender quem é o homem: não é uma "mônada", uma entidade isolada que vive somente para si mesma e deve ter a vida unicamente para si própria. Pelo contrário, nós vivemos com os outros, fomos criados com os outros e somente permanecendo com os outros, entregando-nos aos outros, encontramos a vida. O homem é uma criatura na qual Deus imprimiu a sua imagem, uma criatura que é atraída no horizonte da sua Graça, mas é também uma criatura frágil, exposta ao mal; porém, capaz de bem. E finalmente o homem é uma pessoa livre.
Devemos compreender o que é a liberdade e o que é a aparência da liberdade. A liberdade, poderíamos dizer, é um trampolim de lançamento para mergulhar no mar infinito da bondade divina, mas pode tornar-se inclusive um plano inclinado sobre o qual escorregar rumo ao abismo do pecado e do mal e, assim, perder também a liberdade e a nossa dignidade.
Prezados amigos, estamos no tempo da Quaresma, dos quarenta dias antes da Páscoa. Neste tempo de Quaresma a Igreja ajuda-nos a percorrer este caminho interior e convida-nos à conversão que, antes de ser um esforço sempre importante para mudar os nossos comportamentos, é uma oportunidade para decidir levantar-nos e recomeçar, ou seja, abandonando o pecado e escolhendo voltar para Deus. Percorramos juntos este caminho de libertação interior: este é o imperativo da Quaresma. Cada vez que, como hoje, participamos na Eucaristia, fonte e escola do amor, tornamo-nos capazes de viver este amor, de anunciá-lo e de testemunhá-lo com a nossa vida. Porém, é preciso que decidamos caminhar rumo a Jesus, como fez o filho pródigo, voltando interior e exteriormente ao pai. Ao mesmo tempo, devemos abandonar a atitude egoísta do filho mais velho, seguro de si, que condena facilmente os outros, fecha o coração à compreensão, ao acolhimento e ao perdão dos irmãos, e esquece que também ele tem necessidade do perdão. Obtenham-nos este dom Maria Virgem e São José [...] que agora invoco de modo particular sobre cada um de vós e sobre as pessoas que vos são queridas.

(Papa Bento XVI. Homilia, 18 de Março de 2007).

2 livros: Reflexões para o Ano Litúrgico. Anos A, B e C - Bento XVI e João Paulo II
Ninguém sabe, ao certo, como se pronuncia YHVH, o tetragrama, designação das quatro consoantes que compõem o nome do Deus de Israel. É que em algum tempo antes da era cristã, para não sujarem com lábios humanos o nome do seu Deus, os israelitas deixaram de pronunciá-lo, e assim as vogais desse nome foram esquecidas. Por ocasião da leitura pública dos rolos nas sinagogas, ao chegar ao nome YHVH, uma nota marginal dizia: "Está escrito, mas não se lê." E ali mesmo era indicada a palavra que deveria ser lida: "Leia-se ADONAY".
http://loja.cursoscatolicos.com.br/  O texto pré-massorético do Antigo Testamento só tinha consoantes; as vogais eram transmitidas através dos séculos pela tradição. Só no sexto ou sétimo século dC. é que os massoretas colocaram vogais no texto hebraico. A palavra YHVH, então, era escrita com as vogais do título ADONAY, e a palavra ADONAY era falada quando ocorria YHVH.
 Acontece, também, que em algumas passagens do Antigo Testamento o título ADONAY (Senhor) vem seguido do tetragrama YHVH, que nesse caso é pontuado com as vogais de ELOHIM (Deus), resultando na forma JEHOVIH (JEOVI), como, por exemplo, em Sl 73.28 Is 50.4 Ez 3.11,27 Zc 9.14. Ou resultando na forma YEHVIH (JEVI), que ocorre, por exemplo, em Is 25.8 Jr 2.22 Am 1.8 Ob 1.1 Mq 1.1 Sf 1.7.
E em vinte e cinco passagens ocorre uma quarta forma de se expressar o nome do Deus de Israel, e isso por meio do monossílabo YAH (JÁ), que é a primeira sílaba de YAHVEH (JAVÉ). A Petrus Galatinus (mais ou menos 1520 dC.) atribui-se a fusão, pela primeira vez, das consoantes YHVH com as vogais de ADONAY. Koehler-Baumgartner fala de 1200 dC. Dessa fusão surgiu um nome híbrido: YeHoVaH (Jeová). Esse não é, portanto, o nome do Deus de Israel. O Jerome Biblical Commentary chama "Jeová" de um "não-nome" (77.11), e o Interpreter’s Dictionary of the Bible o chama de "nome artificial" (s. v. Jehovah). O Lexicon in Veteris Testamenti Libros, de Koehler-Baumgartner (s. v. YHVH), chama a grafia "Jeová" de "errada" e defende como "correta e original" a pronúncia "Yahveh".
Alguém poderia perguntar por que a primeira vogal de ADONAY, um "A," se tornou um "E." É que a palavra ADONAY começa com uma gutural, um álefe, e sob gutural uma vogal esvaída deve ser um shevá composto. Ao se colocar essa mesma vogal esvaída sob uma consoante não-gutural, ela passa a ser um shevá simples, que se representa na transliteração por um "e" suspenso. No caso, sob o iode (Y) coloca-se a vogal "e": "Ye".
No Antigo Testamento traduzido por João Ferreira de Almeida e publicado em dois volumes quase sessenta anos após sua morte (1748 e 1753), é empregada a forma JEHOVAH onde no texto hebraico aparece YHVH. Almeida fez isso baseado na tradução espanhola feita por Reina-Valera (1602). Na Almeida conhecida como Revista e Corrigida (RC), lançada em 1898 e que ainda hoje é usada, a comissão revisora substituiu JEHOVAH por "Senhor" nas passagens em que esse nome ocorre, menos naquelas em que está junto com ADONAY (Senhor), e em algumas poucas passagens esparsas. Nessas ocorrências a RC conservou JEHOVAH. Veja-se, por exemplo, Is 61.1: "O Espírito do Senhor (ADONAY) JEOVÁ está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu" (RC). Este último SENHOR também é, no texto hebraico, YHVH.
O costume de usar "SENHOR" para indicar YHVH começou com a Septuaginta, a primeira tradução do Antigo Testamento, a qual foi feita entre 285 e 150 aC. O texto hebraico foi traduzido em Alexandria para a língua grega. Nesse texto os tradutores da Septuaginta reduziram a escrito uma tradição oral das sinagogas, onde geralmente se lia "ADONAY" (Senhor) toda vez que ocorria o nome YHVH. Essa foi a Bíblia de Jesus, dos apóstolos e da Igreja Primitiva.
Seguindo o costume que começou com a Septuaginta, a grande maioria das Bíblias emprega o título "SENHOR" (com maiúsculas) como correspondente de JAVÉ (YHVH). O título "Senhor" (com minúsculas) é tradução da palavra ADON, que em hebraico quer dizer "senhor" ou "dono." No Novo Testamento "Senhor" traduz a palavra grega KURIOS, que quer dizer "senhor" ou "dono".
Jesus não usou o termo "Jeová." Por exemplo, citando o Antigo Testamento em Dt 6.13, em que aparece YHVH, ele disse: "Ao Senhor (Kurios) adorarás." {Mt 4.10} Tiago não fala de "Jeová." Discursando em Jerusalém {At 15.17} ele disse: "o Senhor, que faz todas estas coisas," e isso é citação de Am 9.12, que tem YHVH como sujeito da ação. Paulo também não usa "Jeová": em Rm 4.8, ele escreveu "Senhor," citando Sl 32.2, que tem YHVH.
São duas as razões que levaram os eruditos bíblicos a usarem a forma "Javé" como a mais provável para designar, em português, o nome do Deus de Israel (YHVH). A primeira é de ordem gramatical e a outra, de ordem documentária.
Primeiro, a de ordem gramatical. De acordo com Êx 3.14, Deus se apresentou a Israel como AQUELE QUE É, o Deus absoluto e imutável. A forma Javé (Yahveh, em hebraico), corresponde ao verbo ‘ehyeh, repetido em Ex 3.14: EU SOU QUEM SOU (BLHoje). O verbo está no imperfeito, que em hebraico, por ser um verbo lâmede-he, termina com a vogal e. O verbo "ser" aqui é hayah (com iode), que em sua forma arcaica era havah (com vave). A Bíblia de Jerusalém em português transliterou esse nome de Deus e o grafou assim: Iahweh. Em inglês, a BJ traz Yahweh, cujo h médio os americanos pronunciam com ligeira aspiração. Essa última forma é comum na literatura bíblico-teológica em inglês. Observe-se que em Êx 3.14 o verbo está grafado ‘ehyeh, sendo que a vírgula suspensa significa que em hebraico há ali uma letra álefe, que indica a primeira pessoa: EU SOU. Já o iode inicial indica terceira pessoa: AQUELE QUE É (Yahweh).
Um fato que indica ser a a vogal da primeira sílaba de YHVH é a forma abreviada desse nome, que é grafada Yah (Já). Essa abreviação de YHVH ocorre vinte e cinco vezes no Antigo Testamento. A American Standard Version (1901), matriz da Versão Brasileira, nessas passagens põe "Jehovah" no texto, mas na margem há nota, assim: "hebraico: Jah." Ver, por exemplo, Êx 15.2 e Sl 104.35. Nessa última passagem aparece a frase cúltica "Hallelu-Yah" (Aleluia). Ver também a nota da Bíblia de Estudo de Almeida nessas duas passagens.
Como é que Yahweh se tornou Javé em português? Primeiro, o iode (Y) inicial hebraico dá j em português (como em Yoseph - José). Segundo, o h inicial e final caem porque não soam em português. Terceiro, o w passa a ser v, que é como transliteramos em português a letra vave. E aí temos Javé.
Agora a razão de ordem documentária. Teodoreto, pai da Igreja, da escola de Antioquia, falecido em 457 dC., afirma que os samaritanos, que tinham o Pentateuco em comum com os judeus como Escritura 0,,,,,546 falecido antes de 216 dC., transliterava "a palavra de quatro letras" por Iaoué. Também os papiros mágicos egípcios, que são do final do terceiro século dC., dão como corrente a pronúncia acima referida, a de Teodoreto.
Finalmente, convém notar que em duas traduções modernas da Bíblia está correta a vocalização de YHVH. Uma delas é a Bíblia de Jerusalém, que traz Yahweh (inglês e português), Yahvé (francês), Yahvéh (espanhol) e Jahwe (alemão).
A Bíblia da LEB (Edições Loyola, 1989) usa o nome "Javé" como transliteração de YHVH. Em Gn 2.1 parte da nota explicativa diz: "Aqui aparece pela primeira vez o sacrossanto Nome de JAVÉ (YHWH), cujo sentido na tradição bíblica é "AQUELE-QUE-É." (...) Hoje o Tetragrama Sagrado, que se pronuncia em hebreu Yahweh, está devidamente implantado na língua portuguesa em sua forma correta, que é JAVÉ." E acrescentamos, forma dicionarizada: ver o Dicionário Aurélio e o Dicionário Michaelis, s. v. JAVÉ.

Comissão de Tradução, Revisão e Consulta da Sociedade Bíblica do Brasil
http://www.cafetorah.com/node/4533
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